sexta-feira, junho 30, 2006

Parabéns a mim, la-la-la-la la-la, etc-etc etc-e-tal

Bem, vou interromper um pouco a minha divagação, retornarei à mesma na segunda.

Fará amanhã um ano que comecei a escrever estes textos fabulosos. Sim, apesar de só me ter lançado na blogoesfera em Maio de 2006, já ando a acariciar o teclado desde Julho de 2005.

"Como é que foram esses tempos?", perguntam vocês... Hã?? Ah, não perguntam... bem, mas eu respondo na mesma :)

Comecei por fustigar os amigos com uns textos soltos de vez em quando... quando fui à FIA, ou ao concerto de Iron Maiden no Pavilhão Atlântico. Depois, numa sexta feira, dia 1 (que é quase a mesma coisa que uma sexta-feira, dia 13... só lhe falta o "3"), publiquei este texto.

Veio-me à carola com a ajuda da Inspiração e da Imaginação (sim, é o único threesome de que posso falar com conhecimento de causa). E foi aqui que realmente tudo começou. Entre 2005-01-07 e 2006-01-30 (com uma falha de um dia no início), a minha Newsletter Melga foi diária. A partir daí, passou a ser apenas às 2ºs, 4ºs e 6ºs, porque o tempo começou a escassear.

No início, houve um conjunto de pessoas que foram comentando. Alguns dos textos até me correram bem e geraram discussões bastante animadas - p.ex., em Julho de 2005, sobre o que as mulheres dizem que querem e o que realmente querem; outros, correram um pouco pior - p.ex., um mês depois, quando tentei fazer a mesma coisa, só que acerca dos homens.

O período dourado da Newsletter Melga durou até meados de Setembro. A partir daí, o pessoal começou a comentar menos. Em início de Novembro, já raramente recebia comentários.

Alguém me disse, ainda durante o período dourado, que eu deveria pensar melhor no que escrevo, escolher melhor os meus temas, para prender o pessoal, para não correr o risco de aliená-los. Mesmo que eu soubesse como isso se faz, não o faria. É gratificante quando as pessoas se interessam por aquilo que escrevo a ponto de lhe dedicarem um pouco do seu tempo, não só a ler como a comentar. Afinal, o tempo é o recurso mais precioso que temos.

No entanto, recuso-me a pautar as minhas acções com base nisso. Escrevo sobre aquilo que me apetecer. O pessoal lê, se lhe apetecer; e comenta, se lhe apetecer. Esta é a regra... sempre foi, e espero que sempre seja. No dia em que me esquecer dela, mais vale parar. Afinal, se não posso ser quem sou quando estou a escrever, então é preferível deixar que outra pessoa escreva... mas não através de mim.

Bem, é um ano... e fica aqui um "Muito Obrigado" a todos. A quem me acompanhou desde o início e ainda aqui está; a quem se juntou a mim no meio do percurso e também ainda aqui está; a quem me acompanhou desde o início e deixou-se ficar pelo caminho; a quem nunca me acompanhou mas guarda religiosamente os meus textos, para ler quando se reformar :) Enfim, a muita gente, muitos dos quais não lerão isto, uma vez que não acompanharam o salto para a blogoesfera.

Foi, e continua a ser... divertido... terapêutico... inspirador... libertador... e, acima de tudo, uma fonte de conhecimento, não só sobre os outros, mas também sobre mim próprio.

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

quarta-feira, junho 28, 2006

O silêncio e o ouro - Parte I

Data Original: 2005-08-24

Um dos pontos mais importantes para assegurar a estabilidade de uma relação é a gestão de conflitos. Afinal, quando tudo corre bem, nada parece correr mal, mas quando alguma coisa corre mal, é sinal que nem tudo corre bem. Sim, eu sei. Eu também fiquei espantado com as minhas geniais capacidades de dedução quando reli esta frase, depois de a escrever. Se eu conseguisse aplicar essas capacidades de dedução ao IRS, seria muito mais... muito mais... enfim, muito mais, que é o que interessa.

Bem, adiante... os conflitos são inevitáveis, mas, dependendo da forma como lidamos com eles, os seus resultados podem ser muito variados. Até agora, tomei contacto com três métodos para levar a cabo esta gestão de conflitos. Hoje apresentarei dois, e no próximo post apresentarei o terceiro.

1. Here & Now
Este método, apesar do nome, não implica que os diferendos sejam discutidos no exacto momento em que surgem. Pode não ser apropriado, p.ex., um casal discutir as suas opiniões divergentes sobre o melhor método de eliminar maus cheiros na casa de banho, durante um almoço de família onde se celebra o 95º aniversário da avó Prudência.

No entanto, este método obriga sempre a que um assunto seja discutido, no máximo, poucos dias depois de ter acontecido. Poderia dizer que é desejável que a discussão seja civilizada, mas o conceito de "civilizado" é tão lato que é melhor nem falar disso.

Direi apenas que este método funciona melhor quando, pelo menos, um dos elementos do casal consegue manter a sua participação na discussão de forma relativamente calma, mesmo que a outra pessoa esteja a começar a atingir tons alarmantes de púrpura, e a partir a colecção de cristais da Boémia apenas com a potência dos seus gritos.

Apesar de este me parecer ser o melhor método, é muito pouco utilizado, e não consigo perceber porquê. Até mesmo eu, que defendo a sua utilização com unhas e dentes, sou culpado de o utilizar de forma inconsistente. Gostava de ter uma resposta brilhante e inovadora para isto. Que raio, já me satisfazia com uma resposta parva e óbvia, desde que fizesse sentido. Se tiverem algo a dizer sobre o assunto, desde que não seja o habitual "as pessoas são assim", feel free to drop me a note.

1.1. Vantagens:
- Dá resultados mais cedo. As incompatibilidades emergem mais rapidamente, e isso permite que seja desenvolvido um esforço conjunto para lidar com elas, nem que esse esforço se resuma a irem cada um para seu lado, à procura de outra pessoa para lidar com as suas incompatibilidades.

- Pode permitir discussões mais calmas e racionais. Como o assunto não anda a fermentar durante semanas ou meses, não consegue atingir dimensões desmesuradas. Isso significa que existe uma maior possibilidade de ser discutido calmamente, i.e., cada pessoa tentará demonstrar à outra seu ponto de vista, e não a sua pontaria a arremessar objectos pesados e contundentes.

1.2. Desvantagens
- Não funciona se ambos os elementos do casal explodirem por tudo e por nada. Mas, nesse caso, nenhum método irá funcionar. Ou separam-se, ou aceitam que são assim, e vão passar o resto da vida a ser o casal mais "animado" do seu grupo de amigos.


2. Why can't we all get along?
Neste método, não se discutem os problemas para não criar mau ambiente, na esperança de que as coisas vão ao lugar por si próprias. Eventualmente, é o que acaba por acontecer, mesmo quando isso significa que vai cada um à sua vida, porque aquela relação já deu o que tinha a dar.

Este método pode exemplificar-se pela seguinte interacção:

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Ele (saindo da casa de banho, após um belo duche, a pingar a casa toda): Ah, soube mesmo bem este banho. Sinto-me outro.

(Ele dirige-se ao frigorífico, retira o frasco de compota de framboesa, no qual mergulha o dedo, sacando um bocado de compota que mete na boca; afasta-se e deixa o frasco em cima da bancada)

Ela (num tom muito terno, apesar de estar a mudar de cor 1,500 vezes por micro-segundo, com toda a cena que acabou de presenciar): Ainda bem, 'mor. Fico muito feliz por estares feliz.

(Ele passa por ela e apalpa-lhe o rabo com a mão molhada, deixando-lhe uma bela mancha húmida nas calças brancas, e uma pequena nódoa de compota de framboesa; ah, e continua a pingar o chão pela casa toda, a caminho do quarto; a frequência de mudança de cor passa para 17,423 vezes por nano-segundo).
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Mas o importante é que esteja tudo bem. Não vamos agora criar mau ambiente na relação só porque ambas as partes estão sempre a fazer qualquer coisa que o outro não gosta. Não, o importante é darmo-nos bem, e uma relação exige sempre uma certa parte de sacrifício, não é? Se esse sacrifício implica passar dias a fio a aturar atitudes de que não gostamos, então que seja. Afinal, todas estas provas pelas quais vamos passando até nos farão dar mais valor à relação, certo?

Vou abster-me de tecer grandes comentários sobre este método. Digo apenas que, infelizmente, é mais comum do que aquilo que possamos pensar. E acrescento que, quando finalmente uma das partes perder a paciência, em vez de 100 abalos individuais de 0.01 unidades de magnitude, a relação sofrerá um terramoto intenso de 100,000,000 de unidades de magnitude, onde todos os pormenores de todas as situações passadas vão ser atirados à cara de parte a parte, como se de objectos pesados e contundentes se tratassem.

2.1. Vantagens:
- Não sei... se conhecerem alguma, estão à vontade para deixar um comentário.

2.2. Desvantagens
- Tem apenas uma pequena desvantagem... na esmagadora maioria dos casos, não funciona.

- Bem, por acaso, tem uma outra pequena desvantagem... pode funcionar. Isso significa, geralmente, uma de duas situações: a) Um dos elementos do casal faz o que quer e lhe apetece, e o outro anula-se completamente; ou b) ambos fazem o que querem e lhes apetece, mas estão-se de tal forma nas tintas um para o outro que a relação nem sofre com isso, até porque nem sequer existe uma "relação" digna desse nome. Ao que parece, há para aí muita gente que considera qualquer uma destas situações como uma boa base para uma vida em comum.

Por hoje é tudo. Depois apresento-vos o terceiro método, que pensava que seria relativamente raro, mas começo a aperceber-me que, afinal, está mais difundido do que eu pensava.

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

segunda-feira, junho 26, 2006

Cowboyadas

Data Original: 2006-02-26 (sim, também eu fiz a minha análise ponderada e profunda acerca do efeito que tiveram na sociedade certos westerns modernos centrados no tema da solidão dos cowboys nas montanhas).

Olá, ricas!

Nem imaginam a fofoca que tenho para vocês. É certo que aconteceu p'ra aí há uns 200 ou 300 anos, mas está mais actual que nunca. Ainda por cima, agora com todo este interesse renovado pelo Wild West e pelos cowboys, não é?

É a história do que realmente esteve por detrás... ih ih ih, adoro esta expressão... por detrás da batalha de Little Bit Horny, entre o grande chefe índio Bicha Solitária e o Capitão de Cavalaria Ernest Hymacowboy.

A verdade, minhas lindas, é que o chefe Bicha Solitária estava perdidamente apaixonado pelo capitão Hymacowboy. Mas, tadinho do chefe, o capitão não lhe correspondia nesse nobre sentimento. Estava de olho... ih ih ih... esta também está gira... estava de olho no tenente Onas Teelhorseiride.

O chefe índio sofria horrores, pois adorava homens de uniforme. E, por fim, nem vos conto... todo esse sofrimento acabou por vir ao de cima na festa do Grande Espírito. Tudo corria muito bem, até que o DJ começou a passar slows.

O chefe Bicha Solitária não conseguiu conter os ciúmes ao ver o capitão a dançar muito agarradinho com o tenente, e estoirou ali mesmo o conflito!

Foi horrível-ível-ível, minhas queridas! Então não é que a doida do chefe começou a criticar a decoração da festa?? Então não querem lá ver?? Que as lanternas-irnas-ernas estavam um horror, que não combinavam nada com os traidores enforcados nos postes; que as fitas coloridas pareciam um trabalho de terceira, compradas aos chineses (sim, que naquela altura, já os havia, os danadinhos); que as toalhas que decoravam as mesas pareciam trabalho feito por mulheres...

Aí é que deu tudo para o torto-irto-orto. Nem queiram saber! Quando os soldadinhos - que tinham tido tanto trabalhinho a fazer aquelas toalhinhas cheias de rendinhas e bordadinhos queridos - ouviram aquilo, ficaram piores que estragadinhos! O capitão exigiu que o chefe pedisse desculpas imediatamente. Quando o chefe recusou, ficou logo cancelado o habitual jogo semanal de Polo Aquático em Pelo, e foi declarada a guerra.

Foi uma tragédia-édia-édia. Ficou tudo horrorizadérrimo, porque nunca tinham estado em guerra. O primeiro ataque pertenceu aos índios, que juntaram lixívia à água de lavar a roupa, e deram cabo das fardas dos soldados, que ficaram inconsoláveis. Nessa noite, houve muito choro no forte.

Mas, no dia seguinte, os soldados vingaram-se. Como sabiam que os índios utilizavam a pele de bisonte para confeccionar as suas roupas e muitos dos seus artigos de decoração, partiram para a pradaria, apanharam os bisontes todos, e pintaram-nos de cores que não iam mesmo nada bem umas com as outras, e depois voltaram a soltá-los. Os índios, que eram umas queridas na coordenação de cores, passaram duas semanas a vomitar perante tal espectáculo.

Mas não se ficaram, as doidas! Mais uma vez, atacaram o forte, tingindo os cintos pretos dos soldados de castanho. Quando os soldados viram aquilo, recusaram-se a usar cintos castanhos com botas pretas, e não podiam lutar a sério porque tinham que andar sempre a segurar as calças. Dizem as más línguas que isto tinha outro efeito, mas tendo em conta que não temos uma bolinha no canto do monitor, não me vou alongar por aí.

A guerra parecia estar a correr bem para os índios, e o chefe Bicha Solitária estava prontinho para cantar vitória. Mas o capitão acabou por o entalar bem... ih ih ih... entalar... ah, eu sou a máxima a contar estas historietas!

Certo dia, os índios acordam, saiem dos tipis, e encontram... gajas! Montes de gajonas índias, cheias de opiniões sobre tudo, cheias de "eu é que sei, e não gosto disto assim", cheias de "deixa lá os bordados e vai mas é caçar", cheias de "vê lá se me encontras o clitóris, que eu já não me lembro muito bem onde é que o deixei".

Foi um golpe demasiado baixo para os pobres índios, que tiveram que admitir a derrota, e fugir a sete pés, deixando as gajas a participar num estudo que iria demonstrar que estavam insatisfeitas.

E pronto, minhas queridas, aqui fica mais um episódio do Velho Oeste. Ah, nesse tempo é que elas se sabiam divertir, as malucas!

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quinta-feira, junho 22, 2006

Cinzentices

Recebo com alguma frequência mails de um sindicato. Não sou sindicalizado, mas o facto de ser possuidor de potencial sindicalizante proporciona-me ser igualmente possuidor da imensa alegria de receber comunicados, pontos de situação, denúncias, etc...

Felizmente, consigo controlar o entusiasmo que brota em mim, fruto da supra-citada alegria, e abster-me de ler a esmagadora maioria desses mails. E aqueles que cometo o erro de abrir, acabaram por servir uma causa nobre - relembrar-me porque não os leio (sim, como uma quantidade considerável de queijo, apesar de não ser um verdadeiro apreciador).

Por que é que raramente os leio? Não é que discorde do que afirmam. Não tenho provas contra, nem a favor, mas não duvido que muitas das suspeitas que eles avançam até apontem no sentido correcto.

Não, o meu problema é outro, e aproveito para levantar a questão: Será assim tão difícil escrever de forma objectiva?

Em vez de "Aqui está mais um ataque do Big Bad Patronato aos direitos dos trabalhadores, que nos vai deixar a todos na miséria se não formos já para as ruas fazer a Revolução", que tal algo do género:

1. Contexto
Uma descrição simples (tanto quanto possível) e objectiva do contexto em que se insere o tema do comunicado. Sem juízos de valor, pls!

2. Descrição
Agora, uma descrição do tema do comunicado. Ainda sem juízos de valor, OK?

3. Vantagens
Tudo tem vantagens. Não quer dizer que tenham que ser vantagens para os trabalhadores, mas há-de sempre haver vantagens. O tema do comunicado, se não for inconsequente, há-de afectar alguém positivamente. É isso que deve ser explicado neste ponto - quem sai a ganhar. Ah, e não! Ainda não é aqui que se emitem juízos de valor!

4. Desvantagens
Neste ponto convém reter dois aspectos: 1) Quando algo acarreta desvantagens para o patronato, convém mencioná-lo; e 2) as desvantagens para os trabalhadores devem ser apresentadas de forma objectiva, ou seja... sim, já adivinharam, sem juízos de valor! "500 pessoas no desemprego devido a deslocalização de fábrica, que não indemnizou a autarquia relativamente aos incentivos recebidos" é aceitável; "Vergonhosa política de desinvestimento no trabalhador nacional lança centenas de famílias na miséria. Empresários desonestos lesam o Estado" não é.

5. Opinião & Acções Previstas
OK, pessoal! This is it! Libertem o Che Guevara que há em vós, e encham esta secção com tudo aquilo que vos vai na cabeça!

Qual é a vantagem deste layout? Se for bem feito (yes, there's always a catch :) ) e equilibrado (good luck, Jim? :) ), os pontos 1-4 serão aquilo que deveriam ser - informativos. Porque este deveria ser o principal objectivo destes mails - informar as pessoas, para que elas possam chegar às suas conclusões e criar as suas opiniões, que poderão ou não coincidir com as do sindicato.

É que, na sua forma actual, estes comunicados são exactamente iguais às press releases dos partidos - inúteis, a não ser durante uma falta prolongada de papel higiénico.

Da forma como estão actualmente feitos, estes comunicados limitam-se a pregar para os convertidos, e nada mais. Não é uma característica exclusiva deste sindicato. Lembra-me as manifestações de activistas, em que muitas vezes até concordo com os princípios que defendem, mas depois irrita-me solenemente o facto de não serem capazes de construir uma frase coerente, para além de "Esses tipos são uns ladrões e uns gatunos, e nós estamos vigilantes, e não nos renderemos".

Ilustrando com um exemplo...

Muito se fala da violência nas escolas, e toda a gente tem alguma história de horror para contar, e toda a gente fica muito indignada, e de vez em quando circulam uns mails com essas histórias, nos tais tons indignados, que toda a gente ignora. Não é que "toda a gente" importe muito, mas é que neste "toda a gente" estão incluídos os responsáveis pela Educação nacional.

Até que um dia... um canal de TV decide fazer uma reportagem. Simples e fria - apresenta os factos, tal e qual como eles são, sem qualquer espécie de retórica. As provas daquilo que todos sabem estão finalmente ali, preto no branco, inegáveis, impossíveis de ignorar.

E é este último aspecto que faz toda a diferença. Foi por causa deste último aspecto que vimos um representante do governo cheio de consternação pelo excesso de revelações da reportagem, para depois na sua intervenção revelar mais do que a referida reportagem. É normal. Estas coisas inegáveis, preto no branco, tendem a deixar nervosos a maioria dos políticos, que se especializam na manipulação do que é dúbio; para além da sua cor partidária, têm uma cor em comum - o cinzento.

Perceberam a diferença? Os tipos do sindicato ainda não.

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quarta-feira, junho 21, 2006

E pronto, a Santíssima Ménage está completa

É só seguirem os links, à direita.

O que é cada um deles...?

C'est de Bon Coeur. É a main base. É onde irão encontrar longas ruminações, as mais diversas e desvairadas que eu conseguir desenvolver. A ideia é ir acutalizando duas a três vezes por semana. Digo muita coisa sobre tudo, mas não sei nada de nada :)

Serei Breve (go). Out on a limb. Basicamente, o mesmo que o C'est de Bon Coeur, mas para coisas mais breves, ou ainda por desenvolver. Em princípio, há-de ter coisas novas todos os dias.

Out on a limb
In a difficult, awkward, or vulnerable position, as in "I lodged a complaint about low salaries, but the people who had supported me left me out on a limb". This expression alludes to an animal climbing out on the limb of a tree and then being afraid or unable to retreat. [Late 1800s]

Source: The American Heritage® Dictionary of Idioms by Christine Ammer.
Copyright © 1997 by The Christine Ammer 1992 Trust. Published by Houghton Mifflin Company.

À Volta da Lareira (go). Love to Keep You Warm. Uma terra onde o Inverno é Eterno e onde, ao abrigo do frio, me proponho partilhar convosco algumas histórias. Estou a contar actualizá-lo uma vez por semana, mas existem questões logísticas que poderão interferir com este ritmo.

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terça-feira, junho 20, 2006

Globalização da Saúde & Comunismo, o Melhor Amigo do Capitalismo

Data Original: 2006-05-04

A semana passada vi, no programa "60 Minutos", uma componente da globalização que desconhecia - a globalização da Saúde. O programa focou dois casos, o tailandês e o indiano. Não sei se há mais.

Em ambos os casos, a história era idêntica - grandes hospitais privados, de luxo. que mais pareciam hotéis (tipicamente, com galerias comerciais no piso 0, quartos com jacuzzi, hidromassagem, etc). E para quê? Para apanhar clientes estrangeiros. Mais claramente, o objectivo é roubar clientes aos hospitais americanos e europeus. Um dos que falaram é o hospital Apollo, na India.

Obviamente, ninguém pretende atingir esse objectivo à custa de galerias comerciais e jacuzzis. A forma de "captar" o cliente estrangeiro vai ser a mesma de sempre - o preço.

Falaram, p.ex., na história de um americano que teve um enfarte. O médico disse-lhe que precisava de um bypass quíntuplo. A operação custava +/- 100,000 USD nos USA. Na Tailândia custou 12,000 USD. Yep. +/- 1/10. Tendo em conta que o homem não tinha seguro de saúde, não tinha como pagar a operação e tinha pela frente uma morte certa, não deixou de ser um óptimo negócio, não acham?

E, perguntam vocês, como é que os rapazes conseguem essa diferença de preços? Através de técnicas inovadoras de gestão, eliminação de desperdício, métodos de empowerment, soluções baseadas na performance, revolução de paradigmas, infra-estruturas centradas em aproveitamento de sinergias?

Nope. No programa, entrevistaram dois médicos indianos que tinham exercido nos USA e regressaram à India para trabalhar naquele hospital, e perguntaram-lhes "Quanto é que ganham aqui, comparado com o que ganhavam nos USA". Resposta: "Entre 1/10 a 2/10". Coincidência do caraças, não é?

Enfim, isto tem algumas ilações imediatas:
- Aumenta a lista de profissionais que deveriam começar a ajustar as suas expectativas relativamente ao nível de vida que podem esperar das suas carreiras. Se é verdade que estes hospitais não devem fazer muito negócio com consultas esporádicas ou com urgências, acredito que consigam roubar uma boa parte das cirurgias. Principalmente aquelas que são mais supérfluas, e que mais dinheiro devem render - as plásticas. Até porque existem acordos entre os hospitais e resorts locais para convalescência, portanto... é o turismo médico.

- Cria uma nova realidade para o final de vida. Pessoal, convenhamos - o grande problema que todos vamos enfrentar na nossa velhice vai ser a doença. Todos os problemas com reformas, a razão de existência dos PPRs é essa - as seguradoras vão ter tendência a chutar os clientes mais velhos/problemáticos, e a malta vai precisar de dinheiro para que nos tratem da saúde. Ora, se isto pega, temos a possibilidade de passar a precisar de muito menos dinheiro para isso. É claro que existe a questão de sobreviver às viagens, mas também se não conseguirmos, ficamos com os problemas de saúde resolvidos. É só vantagens :)

- Cria uma nova oportunidade de negócio para as seguradoras. No seguimento do ponto acima, quanto faltará para as seguradoras dos USA/Europa começarem a incluir pacotes low-cost onde determinadas cirurgias sejam realizadas nestes hospitais?

É claro que nem tudo é perfeito. Se algo correr mal, eventuais processos por negligência serão instaurados nos tribunais indianos. Good luck, Jim :)

Quanto ao segundo ponto do título...

Sem sair da área (refiro-me à Ásia, e não à Saúde), não sei se algum de vocês viu as manifestações do 1º de Maio lá pelo sítio. Pois é. Os nossos queridos escravos estão a começar a abrir os olhos. E começam a fazer manifs, onde exigem melhores salários, menos horas de trabalho, melhores condições sociais... enfim, exigem ser como nós.

É claro que, por esse mundo fora, deve haver inúmeros empresários indignados - Ingratos! Nós, que lhes damos tudo - trabalho, dinheiro, direito a uma vida... bem, é certo que a gastam a trabalhar, com poucas ou nenhumas regalias, mas mesmo assim! Não é?

E pensei eu que esses empresários começassem a ficar nervosos ao ver tudo isto, todas estas manifs, todo este ímpeto pseudo-revolucionário. Mas depois, numa conversa com o Miguel, ele disse algo que me deixou a pensar, algo como "Pelo menos, na China, anda sempre tudo na linha".

É verdade! Na China, não há problemas destes. Quem começar a fazer ondas, é atropelado por um qualquer tanque, e mai nada! E cheguei a uma conclusão verdadeiramente deliciosa :)

Meninos e meninas, apresento-vos o grande garante do Capitalismo na Ásia - O Comunismo Chinês. Yep. Vai ser a repressão Comunista que vai continuar a impulsionar o Capitalismo naquela zona. Senão, vejamos...

Imaginemos que estas manifs começavam a ter resultados práticos. De repente, as empresas passavam a ter obrigações sociais (Mau! Já estivémos a falar melhor!), os salários aumentavam (Está tudo doido ou quê?!), o horário de trabalho diminuia (Já chega! Isso é um ataque à eficiência produtiva!!).

Pois é, lá se iam todos os maravilhosos lucros conseguidos à custa da miséria, o que seria uma chatice. Mas... em toda a "Ásia com potencial produtivo", existe um país onde essa situação está controlada, pelo menos no futuro próximo. Yep, a China. A Chinazinha, vermelhinhazinha, comunistazinha :D

Afinal, se os países que estão em concorrência com os chineses para atrair o investimento estrangeiro dessem aos seus trabalhadores as tais condições que os aproximariam dos nossos, eles passariam a ter o mesmo problema que nós - seriam pouco competitivos. E a China passaria a ser o destino preferencial desse tal investimento.

Portanto, prevejo que poderá ser um regime comunista a manter felizes os capitalistas por esse mundo fora. O Capitalismo e o Comunismo com as mãos nos bolsos um do outr... er, quero dizer, de mãos dadas. Ah, o calor da amizade é tão bonito :)

Quase me leva a questionar se o Comunismo não teria sido inspirado no trabalho dos Marx, e não do Marx :D

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domingo, junho 18, 2006

Onanities

Estava ontem (bem, já foi hoje porque já passava da meia-noite) a ter uma conversa com uma amiga, relativamente a este tema.

Nota: Sissi, peço desculpa se pareço estar a copiar os temas. Garanto que não é meu objectivo tornar isto num "shadow blog", OK? :)

Não, não foram feitas grandes revelações, até porque não era esse o objectivo. Isso está reservado para a pessoa com quem eu dividir a minha vida de forma mais completa. Da parte dela, pelo que percebi, isso não estava sequer reservado para ninguém :)

Portanto, falámos sobre o assunto de uma forma mais abstracta. Mais uma vez, chegámos à conclusão que, apesar de todo o apregoar de libertação, estamos perante (mais) um tema em que os homens conseguem falar com maior à-vontade que as mulheres (pela minha parte, não digo isto por causa desta conversa específica; ela não corou até à raíz dos cabelos, o que já é uma evolução no universo feminino, e estava mais surpreendida que inibida :) ).

A minha experiência é que se eu estiver numa conversa com amigos, assumindo temos um relacionamento que nos permite falar do assunto, este é encarado com naturalidade. Ninguém começa a corar, ninguém fica a olhar em paralelo infinito a fingir que não está lá, ninguém diz "pois" ou "não sei", à espera que o assunto se toque, finja que vai cagar e desapareça... enfim, ninguém lhe dá demasiada importância, ninguém faz da masturbação mais do que aquilo que é - uma prática tão normal como... assobiar :D Quem não conhece o Coupling, é capaz de não perceber a piada aqui.

Agora, se eu estiver numa conversa com amigas... ou até mesmo só numa conversa one-on-one... enfim, querem saber o que acontece? É só lerem o parágrafo acima, e aplicarem a regra milenar que diz que "o contrário de estar vivo é não estar vivo" :)

E estamos, mais uma vez, perante um desperdício.

Para começar, porque qualquer gajo com as (duas) cabeças minimamente no lugar fica seguramente excitado se a sua companheira puxar o assunto, e passar à demonstração.

Além disso, e no seguimento directo das habituais queixas femininas sobre a performance masculina, é uma oportunidade de ouro para abrir os olhos ao homem, para a mulher mostrar o que gosta - o tipo de toque, onde, como, com que intensidade, etc, etc, etc.

Sim, caríssimas, já vos ouvi dizer por várias vezes "Epa, não tenho pachorra para isso". Dou a mesma resposta de sempre: "Então, não te queixes". Disserto um pouco mais sobre isto aqui.

Já sabia que uma mulher, quando perante um companheiro que lhe peça "Mostra-me como gostas que te toquem, quero aprender", tem tendência a apresentar uma resistência inicial. Também já sabia que isso, com o tempo, vai-se vencendo. O que me surpreendeu foi quando esta minha amiga se mostrou da opinião que uma mulher, ao ouvir isto, terá uma grande probabilidade de ficar a pensar "Mas este gajo está parvo ou quê? O que é que ele quer?" :)

Ou seja, por ser algo tão fora do comum, a mulher poderá ter tendência para ficar desconfiada, de pé atrás. Na minha santa ingenuidade, pergunto... desconfiada do quê? Que o homem, armado com esta informação de como melhor a satisfazer, a utilize... para o Mal? P.ex.,

---
Ela: Olha, deixa lá a TV e anda-me ajudar a arrumar a cozinha.
Ele: OK, querida.

(No entanto, ao levantar-se para supostamente ir ajudar a arrumar a cozinha, ele aplica-lhe traiçoeiramente o Toque de Prazer nº 34.5, que ela lhe havia ensinado duas semanas antes)

Ela (completamente derretida): OK, 'mor, não precisas de me vir ajudar.

(Com um sorriso triunfante, ele volta a deitar-se no sofá, a ver a bola)
---

Não sei porquê, não me parece um receio muito fundado, mas enfim... :)

Poderia esperar muito motivos para uma mulher se retrair perante um pedido destes... mas confesso que nunca desconfiei da desconfiança. Será caso para dizer que as surpresas vêm sempre de onde menos se espera :D

Termino com mais uma citação do Coupling. Sendo uma série fenomenal, parece que têm sempre algo que se adequa a este tipo de assuntos.

Steve: Does she now think I'm some kind of masturbating pervert?
Jeff: You are.
Patrick: We all are.
Steve: True.

:D

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quinta-feira, junho 15, 2006

Ser portuga

O post é simples... a notícia leva-nos para a incredulidade.

Para começar, uma sugestão para economizar alguns eurekos em Portugal - colocar todos os juízes no desemprego. "Será o caos!", dizem vocês "Quem tratará de julgar os processos, dar as sentenças?"

Pelo belo exemplo que aqui é dado (e por outros que vou ouvindo falar de vez em quando), creio que podemos contratar o pessoal que anda para aí a arrumar carros. Sai-nos mais barato, e o resultado não será muito diferente.

"Ah", dirão vocês, "mas será necessário dar-lhes formação de Direito". Nah!!! Para quê? Basta que lhes demos uma moeda, e temos o problema resolvido.

Não, não é dar-lhes uma moeda para arrumar o carro. É dar-lhes uma moeda para que eles a atirem ao ar, e possam dar a sua sentença.

É que casos como este levam-me a concluir que deve ser assim que muitos destes nobres e iluminados juízes tomam as suas decisões. Se é para ser arbitrário, então mais vale admitir que é "cara ou coroa", and get on with it.


Eu sou dos primeiros a defender o controlo da imigração. Não no ponto de vista de "manter os bandidos lá fora", mas com a convicção que não serve de nada fingirmos que somos muito socialistas (na verdadeira ascenção da palavra, e não naquela coisa indescritível que é o partido do mesmo nome), deixando entrar toda a gente sem termos condições para isso. Talvez uma vida de miséria cá seja melhor que uma vida de miséria lá, mas não deixa de ser uma vida de miséria.

Quanto a esta notícia... por mim, estou pronto para entregar o BI. Sei o hino, é certo (e por acaso), mas estou-me nas tintas para tudo o resto.

As figuras importantes da área da política?

Deixo aqui um e-mail que troquei com uma figura pública (traduzido para português; a nossa correspondência foi em inglês)...

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From: Lysanthir_youmustremovethisakissisjustakiss@gmail.com
To: bin_laden@cavemail.org
Sent: 2005-04-15 10:43
Subject: Aproveite agora a oportunidade


Caro Bin Laden,

Venho desta forma trazer ao seu conhecimento uma oportunidade única nos dias que se avizinham. Talvez não saiba, mas aproxima-se o 25 de Abril, que, além de ser um feriado aqui em Portugal, é o único dia em que todas as figuras públicas do nosso mundo político se encontram no Parlamento, inclusivé aqueles que lá "trabalham".

Assim sendo, seria uma boa ocasião de fazer uma afirmação política explosiva, aplicando o carácter da mesma ao supra-citado Parlamento, e, consequentemente, às referidas figuras públicas.

Deixo a ideia à sua consideração, oferecendo, desde já, os meus préstimos na elaboração de eventuais PowerPoints que sejam necessários para convencer membros menos radicais da sua organização.

Ass: Llyrnion.
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From: bin_laden@cavemail.org
To: (undisclosed-recipients)
Sent: 2005-04-17 03:32
Subject: RE: Aproveite agora a oportunidade


Caro Llyrnion/Lysanthir,

Já tinha conhecimento do vosso feriado. Aliás, gosto muito do vosso país. Sou grande apreciador da vossa gastronomia, (daquilo que me é permitido consumir, claro), e também da vossa desorganização e das vossas falhas de segurança.

Quanto ao seu pedido, sim, já me ocorreu, e confesso que o ano passado, pensei nisso, fazer uma dobradinha em Madrid e Lisboa, sendo o ataque em Lisboa justamente como o descreve. Mas depois, mudei de ideias.

Por um lado, se fizesse um atentado em Lisboa, vocês podiam começar, finalmente, a tomar medidas efectivas para apertar a segurança. Apesar de isso ser pouco provável, decidi não arriscar.

Mas, mais importante que isso, eliminar os vossos políticos seria o equivalente a ajudar-vos a resolver os vossos problemas. Ora, meu caro Llyrnion/Lysanthir, o meu objectivo é diametralmente oposto - complicar-vos a vida, e não simplificá-la.

Assim sendo, agradeço a sugestão, mas declino graciosamente.

Ah, e não me parece que você seja um "Ass" (n.t.: "asno" em inglês). Até foi uma boa tentativa :)

Despeço-me com a benção do Profeta, e rumo à vitória final, Incha'Allah,
Bin Laden
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Portanto, fica aqui a minha opinião sobre as destacadas figuras políticas do nosso burgo. E podem crer que é uma das mais suaves que tenho emitido.

Quanto ao resto - cultura, desporto, História?

Se é esta a definição que as nossas instituições têm de "ser português", então assumo-me mais rapidamente com norte-americano, inglês, francês, alemão, austríaco... do que como português.

Quando vejo decisões de juízes como os nossos, medidas tomadas por políticos como os nossos, opiniões emitidas por pseudo-empresários como os nossos, pessoal que vai para a praia porque o aborto não tem nada a ver consigo... sinto-me orgulhoso de não o ser.

Mas depois...
...quando vejo o Prof. José Hermano Saraiva a falar de História;
...quando penso na visão que teve o Marquês de Pombal;
...quando penso num político cujo nome nunca consegui voltar a encontrar (vi-o num dos programas do Prof.), um político da altura da Monarquia, que teve a temeridade de querer formar governo com pessoas de vários quadrantes políticos, porque estava mais interessado nas suas capacidades que na sua cor política (é claro que, à boa maneira lusa, não teve o apoio de ninguém);
...quando penso nos atletas portugueses que se fartam de nos trazer alegrias (muitas vezes, à sua própria custa) mas para os quais ninguém pede bandeiras à janela (sim, estou a excluir a selecção de futebol);
...quando penso nos empresários (estes, sim, merecedores de tal nome) que conseguem ter sucesso sem andar à caça do país mais miserável do momento para mudarem para lá a sua produção;
...quando vejo pessoas que investem o seu tempo em dedicação aos outros, muitas vezes sabendo que é um esforço inglório;
...quando vejo pessoas capazes de raciocinar para além daquilo que o seu partido lhes impinge

Enfim, nestes momentos, sinto uma certa pena de não ser mais português.

Infelizmente, são mais os momentos em que sinto orgulho do que pena. E noticias destas só vêm contribuir para isso.

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

quarta-feira, junho 14, 2006

Quanto mais conheço os cães...

Data Original: 2005-08-09

Sempre gostei de gatos. Se Jake, the Snake estivesse aqui, perguntar-me-ia "Então porque é que estás a falar de cães, meu idiota?" :) Ainda não viram o Coupling? Fazem mal...

Sim, sempre gostei de gatos. Sempre admirei toda aquela graciosidade felina. Nunca achei grande coisa sobre os cães. Não é que não gostasse, mas não me diziam muito. Até que um dia...


Até que um dia o meu lar passou a ser um que já lá tinha um cão. Um caniche, que era raça que também nunca me tinha dito grande coisa. O seu nome era Tim. E surpreendeu-me de várias formas. Já era um cão idoso, e possuía uma dignidade a condizer. Destruiu completamente a minha ideia sobre os caniches, ideia essa baseada, antes de mais, na ignorância. Era um cão adorável, sossegado, brincalhão, tanto quanto a idade lhe permitia. Também tinha problemas de saúde, e isso acabou por lhe ser fatal. Foi nessa altura, que tive um contacto mais real com os problemas de ter um cão, e a verdadeira noção do carinho, dedicação, e sacrifício que isso exige.

Algum tempo depois, tomou-se uma decisão - fazia falta um cão lá em casa. E seria outro caniche. Assim, no início de 2001, fomos ver o Lupi. E é difícil descrever o que sentimos quando vimos aquele bichinho amoroso, desajeitado e eléctrico a entrar pela sala, uma pequena bola de pelo em correrias e brincadeiras :) Era bem mais pequeno que na fotografia abaixo. Ficámos todos rendidos ao Lupi (que, naquela altura, ainda não tinha nome), e nem houve dúvidas quanto à decisão.



Se não me falha a memória, foi em Fevereiro que o fomos buscar definitivamente. E se o Tim me tinha feito ter uma outra imagem dos cães, ver o Lupi crescer foi um eye-opener. Continuo a gostar de gatos, continuo fascinado pela sua graciosidade. Mas, se tivesse que escolher hoje qual o animal de estimação que gostaria de ter, digo - sem hesitar - que seria um cão.

Não é pera doce ter um cão. Tive a felicidade de estar numa casa onde me mostraram o que isso significa realmente. Tal como o Tim, também o Lupi foi tratado com carinho e dedicação a toda a prova; não havia decisão que não o tivesse em consideração - p.ex., se íamos sair, o local de almoço era escolhido a dedo, para não termos de o deixar sozinho no carro.

Fui extremamente afortunado, em muitos aspectos, durante o tempo que passei naquele lar, e este foi um deles - não só por conviver com este animal extraordinário, mas principalmente por poder aprender, pelo exemplo que me deram, o que significa ter um cão. O Lupi era um mais um elemento da família, e nunca foi tratado como "o cão". E concordo em absoluto com o que me disseram repetidas vezes - "Se não for assim, não vale a pena".

E o Lupi retribuiu esse tratamento, e continua a fazê-lo hoje em dia. Com aquela dedicação e fidelidade lendárias nos cães. É um pouco mimado, mas isso foi culpa nossa, e não dele :)



Bem, e a que se deve tudo isto? Duas coisas que me aconteceram no Domingo. Quando vou a casa da minha mãe, costumo deixar o carro ao pé do quartel dos bombeiros. Ia a passar em frente ao portão, e estava lá um cão deitado. Lindo. Parecia um lobo. Por impulso, parei, e ele levantou a cabeça a olhar para mim. De seguida, agachei-me, e ele levantou-se e veio ter comigo, certamente para cheirar "aquele bicho esquisito que estava ali a olhar para ele". E ali estivémos um bocado, em "amena cavaqueira". Parece insignificante, mas fez-me sentir bem :)

Entrei no carro e arranquei. Ia a descer a rua, quando vi um homem a passear um caniche. Até aqui, tudo normal. Só que o caniche tinha apenas três pernas. Abrandei, cheio de pena do pobre bicho, até que lhe vi a cara. Tinha um sorriso que reconheci imediatamente; já o vi inúmeras vezes na cara do Lupi - p.ex., quando percebe que vai passear com a família toda, dá-nos aquele sorriso de orelha a orelha, acompanhado de pulos quase até à nossa cintura, uma das demonstrações de alegria mais contagiantes que vi até hoje. E foi esse sorriso, foi essa alegria que vi naquele cão, que ia aos pulinhos a subir a rua, completamente alheio ao facto de ter apenas três pernas.

E só me ocorre dizer isto - quisera eu conseguir ter um sorriso daqueles, se alguma vez tiver que passar por uma desgraça a sério na vida.

Desejo-vos um excelente dia.

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segunda-feira, junho 12, 2006

Libertação ou As Gajas do Séc. XXI

Inicialmente, começou com este post. Que subscrevo, aliás.

Gostei particularmente disto: "Tornamos o mundo mais bonito para os homens, com as nossas fatiotas sensuais e atitudes provocadoras, encaramos o sexo como um direito e não como um prazer, como alguma coisa que nos é devida e não como algo do qual fazemos parte."

Todas aquelas conversas sobre a incompetência masculina mais não são senão isto, o assumir de uma exigência da vossa parte. No entanto, raramente vos ouço falar sobre o oposto, i.e., a incompetência feminina.

Se querem que vos diga, eu até acho que, em vez de passarmos atestados de incompetência uns aos outros, deveríamos contribuir para um mundo mais competente (para ambos os sexos), assumindo o papel de formadores, sempre que necessário.

O que me lembra - vi, este Sábado, uma série na Fox sobre ETs que vinham à terra, e alteravam as pessoas. Como uma delas estava como que grávida, comecei logo a gozar com a situação, a dizer que era uma nova técnica de invasão, que os ETs vinham cá dar umas quecas às gajas.

O que não é de espantar. Imagino uma nave-espia do planeta Zorg, onde o Flight-Lieutenant Veesheraj Seegapabyngu estava a monitorizar essas tais conversas de que falo acima, a anos-luz de distância. Já consigo ver o relatório que ele enviaria para o QG Zorguiano, "Pobres mulheres terráqueas. Stop. Machos terráqueos fodem mal para cacete. Stop (sim, os Zorguianos não têm papas na língua). Sugiro invasão nº 69, Turismo Sexual. Over." :)

Enfim, a realidade que observo é, de facto, esta - uma "libertaçãozinha". Utilizando uma expressão anglófona - it walks like a duck, it quacks like a duck... alas, it is not a duck... but merely some... walking and quacking... thing :)


Depois, veio este post, e os respectivos comentários. E mais este... e os respectivos comentários.

Mas a verdade continua a ser uma e só uma - a fauna masculina mencionada nestes posts existe porque as mulheres criam mercado para ela... apesar de se queixarem deste tipo de homens com frequência, e afirmarem - jurando a pés juntos - preferir outro tipo de homens. Verdade! Bem, talvez não seja assim tão verdade. Pronto, tem algumas incorrecções factuais. OK, é mentira :)

São apelidados de predadores. Mas isso seria ilibar de responsabilidade as mulheres, que se limitariam a ser presas indefesas destas criaturas ferozes. Não me parece que seja bem esse o caso.

Por fim, descobri mais este.

Muitas das mulheres que conheço, sem serem "virgens" militantes, regem-se, a julgar pelo que ouço, pelas mesmas regras - nos primeiros encontros, não faço isto nem aquilo, nem me entrego muito; se ele não telefona, eu tb não; não digo palavrões; nunca peço nada no sexo, ponho-me a jeito, e "o macho inteligente saberá o q fazer" (parabéns, queridas, acabam de desperdiçar uma oportunidade de ouro para deixar um gajo verdadeiramente excitado; não é preciso implorar, claro, mas uma mulher a dizer (ou até mesmo a mandar) "faz-me isto & aquilo" é fabuloso :) )

A estas, chamo-lhes as "Mulheres Activa" (podem trocar por qualquer outra revista da vossa escolha), cuja vida é, em grande parte, pautada por regras e imagens que são transmitidas pela imprensa da especialidade, que se espalham por todo o lado, tipo cancro, e que esculpem uma mulher que ninguém sabe muito bem como é. Eventualmente, apercebem-se que as suas profetas, afinal, sabem tanto da vida como elas próprias, e lá acabam por abandonar estes "sábios conselhos"... ou não - digamos que os abandonam da mesma forma que abandonam os contos de fadas da infância, e as comédias românticas da adolescência.

Resumindo, acabam por ter um conjunto de role-models perfeitamente falidas, e acabam por não saber bem no que se rever. Mas os "princípios", esses já estão enraízados, e elas ficam a aguardar que um qualquer Príncipe Encantado os venha validar... ou mudar. Infelizmente para elas, os Príncipes estão cada vez mais a... juntarem-se uns com os outros, o que acaba por ser uma chatice, visto que eles já não são muito abundantes, to begin with :)

Muitas vezes afirmei a minha opinião de que as mulheres são mais inseguras que os homens. Ocorreu-me um possível porquê (apesar de achar que já o escrevi algures) - caríssimas, as vossas habituais subtilezas, duplos sentidos, e outras merdas afins não são sinais de requinte e sofisticação e bom gosto... são um desejo de camuflar o que realmente se quer e se sente. E este é, para mim, o maior problema, o que acaba por deixar muitos homens à toa - a diferença entre o que vocês dizem, e o que querem.

E porquê tudo isto? Porque a vossa insegurança enche-vos de dúvidas sobre se devem ou não "colocar a equipa em campo e ir a jogo", e nada melhor do que um esquema qualquer para se poderem retirar sem ter o "orgulho ferido".

Nota: Alguém me fez notar que o medo da rejeição não é a única causa de insegurança. Por vezes, mazelas de experiências passadas fazem com que uma pessoa (homem ou mulher) se retraia. É verdade, e ainda estou a digerir isto. Para já, mantenho a minha opinião, assumindo que não estou tão seguro dela como estava. Obrigado, sea :)

Uma coisa que achei um fartote foi quando me apercebi que muitas mulheres vêm um toque dissimulado numa parte do corpo de um homem (parece que a coxa é muito popular) como um sinal de demonstração de interesse :D Pfffff!!! Deixo-vos uma dica, minhas caras - um toque na língua do gajo, principalmente se for com a vossa língua, é capaz de ser melhor ideia.

Mas um gajo fica assustado ao ler estas trampas. Por vezes, quando estou a falar com amigas, toco-lhes. Bem, queridas, digo desde já que não quer dizer que esteja pronto para vos saltar em cima, OK? Bem, às vezes, se calhar estou, mas deixemos isso para outro dia :D

Sim, eu disse "quando estou a falar com amigas". Porque não quando estou a falar com amigos? O macho que há em mim ainda não se sente confortável com isso. Sabem, o mesmo macho que diz a um tipo "Tchau, meu! Um abraço!" :D

Enfim, eu acho que vocês até sabem aquilo que querem. Só é pena é esconderem-no por debaixo de camadas e camadas de inseg... er, perdão, subtileza.

E é realmente uma pena. Vocês têm tanto para dar (digo isto sem segundos sentidos; sim, podem deitar foguetes :) ), que não percebo de onde diabo vem esse desejo (este, sim, preverso) de se retrairem. Tal como disse numa conversa, a verdadeira entrega é aquela em ambos nos sentimos à vontade para nos esquecermos de tudo - vizinhos, pudores, consciência (aquela voz que temos na cabeça), dignidade até. Entrega é isto - termos confiança suficiente na outra pessoa para nos lançarmos, sem qualquer dúvida que ela nos irá apanhar; pode não nos apoiar, pode não aceitar o que propomos, mas não nos deixará cair.

Ah, e para quem acha que estas palavras são demasiado duras para com as mulheres... haviam de as ouvir a falar umas das outras :)

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sexta-feira, junho 09, 2006

Sim, confesso

Data Original: 2006-03-01

Há uma cena da 4ª série do Coupling que se passa numa sessão "pré-natal" (não sei o termo técnico em português). A Susan está grávida, e está a frequentar essas sessões para obter mais informação sobre o parto. Nesta cena, o grupo todo aparece lá (para grande exasperação dela). A certa altura, o pessoal divide-se em pequenos grupos de homens e mulheres, para discutirem as várias alternativas para lidar com as dores do parto.

Os três personagens masculinos da série ficam todos no mesmo grupo, e é claro que aquilo é um fartote. A certa altura, chegam à parte onde diz que as mulheres podem lidar com a dor através da respiração (aliás, o Steve até sugere uma experiência às mulheres que acreditam naquilo - quando chegarem a casa, descalcem-se e deem um pontapé com toda a força numa peça de mobiliário da vossa preferência; depois, quando a dor começar a ser insuportável, já sabem - é só respirar :) ).

Ao ler aquilo, eles comentam "Será possível que elas acreditem nisto? Será que existe algo que nós lhes digamos e que elas não acreditem?"; e começam a falar das grandes mentiras universais, entre as quais se encontra "a Internet como uma ferramenta de investigação"... por acaso, é uma grande mentira. Toda a gente sabe que a Internet foi criada para ver gajas nuas :)

Fartei-me de rir com isto, e desde então, por piada, às vezes chamo Netgajas à Netcabo.

Bem, no outro dia estava a falar com uma amiga, e comentei que já me tinham ido instalar a Netgajas. Ela respondeu que era melhor eu ter cuidado com o que dizia, senão as pessoas iam começar a pensar que eu andava com falta de qualquer coisa.

Epa, fiquei logo à rasca. Quero dizer, não é daquelas coisas que uma pessoa goste que toda a gente saiba, e quando os outros se começam a aperceber, é sinal que a coisa está mesmo mal. Disse logo uma laracha qualquer, e segui directamente para a casa de banho, onde fiz uma auto-análise detalhada, para ver se era preciso fazer algo para aliviar a situação.

Felizmente, a coisa não me pareceu assim tão desesperada como isso, e suspirei de alívio ao perceber que ela estava apenas a exagerar. Não é que não seja verdade, mas também, tenham dó, não é...? Além de tudo, com este frio, há dias em que um tipo não tem propriamente uma grande vontade de tirar a roupa. Sim, é verdade que depois um gajo aquece, mas até lá, é um frio de morrer. Eu falo por mim - uma pessoa perde mesmo a vontade.

E sim, eu sei que existem maneiras de preparar o ambiente de forma a tornar a coisa menos agreste nesta primeira parte, mas eu não me dou muito bem com isso. Sou mais um adepto de "chegar, fazer, e já está"! So, shoot me!

Mas prometo que quando a temperatura começar a subir, a história será diferente, e a situação voltará ao normal... espero eu, pelo menos. O pior é se me habituo a isto, e esta é que começa a ser situação normal. Bem, tem a vantagem que eu teria muito menos trabalho, e a coisa sempre acaba por ser mais rápida, e dar menos chatices, não é?

Sim, não é bem a mesma coisa, eu sei... mas também, desculpem lá... isto não vos parece um exagero? Em tempos idos não tínhamos esta obsessão com o assunto, como temos hoje em dia, e não me consta que as pessoas fossem muito infelizes por causa disso. Se calhar, é uma daquelas coisas em que é preciso um "regresso ao passado". Bem, não é preciso um completo regresso ao passado, porque a situação que temos hoje em dia até não me desagrada - podemos procurar um meio-termo, certo? Nem tanto ao 8, nem tanto ao 80.

Enfim, vou parar por aqui, porque está a começar um programa do Herman na RTP Memória. Se não se importarem, agradeço que o assunto fique por aqui... confesso a minha falta de banho, e não voltamos a falar disto, pode ser? Obrigado.

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quarta-feira, junho 07, 2006

Beleza

Data Original: 2006-01-27

Normalmente, costumo dizer que aquilo que escrevo representa unicamente a minha opinião, e que não estou a tentar evangelizar ninguém. Hoje gostaria de enfatizar especialmente esse facto, porque - a julgar por discussões passadas - sei que estarei relativamente solitário naquilo que defendo.

O meu objectivo de hoje é tentar esclarecer mais um pouco algo que ainda não consegui explicar muito bem, até porque eu próprio tenho alguma dificuldade em entender, e vou descobrindo novas facetas de vez em quando. Apesar de ainda não ter conseguido compreender muito bem aquilo que sinto, isso não me impede de o ir partilhando, à medida que vou pensando no assunto.

Portanto, bute lá.

O que é a beleza? Decidi procurar no dicionário.

Beleza, s.f. (de belo). Qualidade do que é belo ou agradável.

Bem, não me pareceu muito útil. Vejamos "belo"

Belo, adj. m. (do Lat. bellu). Que possui ou mostra beleza.

Boa! Lembrou-me uma anedota informática:

Ciclo Infinito: Ver Infinito, Ciclo.
Infinito, Ciclo: Ver Ciclo Inifinito.

Bem, fiquei na mesma. Uma coisa é certa - a beleza, seja lá o que for, é algo a que se dá muito valor, pois todos a procuramos. Aliás, já os Counting Crows cantavam:

"Well, we all want something beautiful
Man, I wish I was beautiful" (Counting Crows, "Mr. Jones")

"All you want is a beauty queen
Not a superstar, but everybody's dream machine" (Counting Crows, "All My Friends")

Sendo que a beleza é uma questão de gosto (até se diz que está nos olhos de quem vê), é normal que não seja fácil de definir. No entanto, certamente deverão existir alguns parâmetros universais, senão não teríamos sex-symbols.

E este é um clube restrito. Nem toda a gente gosta de todos os seus membros, mas estes são considerados por uma boa parte da população humana como sendo possuidores de grande beleza. A estes deuses e deusas basta-lhes passearem-se por aqui e por ali para que todos se rendam ao seu aspecto.

Pois bem, depois de pensar um pouco sobre o assunto, apresento-vos um outro conceito de beleza, e vou utilizar novamente os Counting Crows para o ilustrar:

"You know, she dances while his father plays guitar
She's suddenly beautiful" (Counting Crows, "Mr. Jones")

"And all at once you look across a crowded room
To see the way that light attaches to a girl" (Counting Crows, "A Long December")

É aquilo a que chamarei a beleza de um momento. Vejamos um exemplo...

Toda a gente conhece a minha obsess... er, fixação. Aliás, agora até alguns espectadores da TV Cabo (foi mencionada no programa "Elas Sobre Eles") já ouviram falar dela, se bem que um pouco por alto :)

Existem por aí muitas sex-symbols com belas mamas, e existem diversas formas de as apreciarmos - seja devido aos vestidos descapotáveis que por vezes vestem, seja por uma ou outra cena num filme, seja porque decidem posar nuas na Playboy, etc.

No entanto, vou fazer-vos uma confissão. Por muita beleza que estas sex-symbols possam ter, para mim não se comparam à beleza de um momento - quando me cruzo na rua com uma mulher perfeitamente "normal" (sim, detesto esta palavra, mas ainda não encontrei outra; quem quiser, substitua por "uma não-sex-symbol"), e esta se curva para ajeitar a bota, revelando-me por segundos um pouco do interior da sua blusa (era verão e a blusa era relativamente larga).

Não, não me considero um voyeur - não ando propositadamente à procura deste tipo de incidentes, e os poucos sites que vi na net dedicados a este tipo de coisas não me prenderam o interesse. Mas cada um de vocês é livre de fazer o seu juízo, claro :)

Foi ao pensar nisto que fiquei com uma ideia mais clara do que é, para mim, o significado de beleza - não se limita, definitavemente, a dizer "este corpo aqui possui mais beleza que aquele ali". É, antes, a junção de um conjunto de factores, e o físico é apenas um deles (e, como já disse antes, para mim nem é o mais importante).

Bem, e se em vez da tal "não-sex-symbol" fosse uma "sex-symbol"? Não seria muito melhor? Não seria o momento muito mais belo? Não. Pelo menos, para mim. Não me faria qualquer diferença que este momento se verificasse com a Jessica Biel ou com a Jessica Vanessa, que serve empadas no "Cozinho Rápido".

Também já me fizeram a sugestão de que poderia ser porque uma está aqui, e é real, e a outra - no que me diz respeito - está num outro mundo. Não é por aí, e vou explicar porquê com um outro exemplo.

Estava eu à espera do pequeno almoço, e o espelho do snack permitia-me ver os lavabos (não, pessoal, não é isso que estão a pensar... "lavabos" é diferente de "WC", OK? :) ). Enquanto esperava, reparei numa mulher que se dirigia para lá. Não me despertou a atenção, nem a achei particularmente bonita.

Ao olhar novamente, reparo que ela está a apanhar o cabelo. E fá-lo num ritual lento e cuidado, passando a mão esquerda pelo cabelo inúmeras vezes para o apanhar, apesar de ele me parecer já completamente apanhado. Cada uma dessas passagens mais parecia uma carícia... uma longa carícia que formou um rabo de cavalo, que ela, desenvolta, prendeu com um elástico, e ajudou a fixar com dois ganchos.

Não me perguntem porquê, mas fascinou-me. Pegando nas palavras dos Counting Crows, subitamente, aquela mulher tornou-se bela para mim... devido à sua atitude. Aliás, desconfio que até me devia estar a babar ligeiramente, porque ao chegar finalmente o meu pão de deus, quando o trinquei ficou um fio de saliva preso ao mesmo (espero que já tenham tomado o pequeno-almoço, senão terão dificuldade em livrar-se desta imagem mental :) ).

Daí eu dizer que não tem a ver com o facto de estar aqui e ser real. Antes de passar por aquele momento, esta mulher estava ali, era real, e atraiu o meu olhar; simplesmente, não o prendeu. Isso só conseguiu fazê-lo um momento depois, quando, por algum motivo que não consigo explicar, "she's suddenly beautiful".

Outros aspectos que me fazem reparar na beleza de uma mulher - um brilho no olhar; um tom de voz; uma expressão facial; uma posição do corpo; às vezes, até uma roupa - não, minhas caras, a regra nem sempre é "less is more". Um exemplo - já não se vê muito (ou então, eu ando a precisar de óculos), mas lembro-me perfeitamente de uns vestidinhos que se usavam em finais dos anos 80, que geralmente ficavam um pouco acima do joelho, super-fininhos; havia muitos com padrões floridos, mas devia haver outros padrões. Proporcionavam um espectáculo muito mais apreciável que uma mini-saia, IMHO; sempre adorei o facto de que, quando vistos com uma luz por trás (p.ex., a luz do sol fazia um efeito fabuloso), desenhavam claramente a silhueta da mulher (eu disse que eram super-fininhos :) ).

Anyway...

É este o conceito de beleza ao qual dou valor. Não é aquilo com que a mulher nasce, a forma como a Natureza a fez, mas sim aquilo que ela é. Talvez seja por isto que, às vezes, estou com um grupo de pessoal e consigo ver beleza em mulheres que a eles não lhes dizem grande coisa. Talvez seja por isto que me estou um pouco nas tintas para o tal "corpo escultural" que muitas mulheres perseguem com tanto afinco.

Talvez seja por isto que afirmo, com a total certeza do que digo, que qualquer uma das mulheres com quem tive a sorte de partilhar a minha vida - por muito breve que esse período possa ter sido - tem para mim mais beleza que uma qualquer sex-symbol.

E não, antes que perguntem, não tenho nada contra as sex-symbols. Simplesmente, digo que só com o corpo não me convencem. Não que isso as preocupe muito, claro :)

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

segunda-feira, junho 05, 2006

O meu comentário :)

Epa, parece que estou a criar posts com mais frequência que o que esperava. Não vos quero deixar mal habituados, porque não sei se vou conseguir manter este ritmo. Enfim, enquanto der,...

Bem, isto é uma resposta ao seguinte post, e aos comentários que se seguiram. Então, porque é que está aqui e não lá, perguntam vocês? Porque, como comentário, é enorme. Portanto decidi - de forma perfeitamente arbitrária - colocá-lo aqui.

Patrícia, cara mia (nota para algum pessoal da VR - não é essa Patrícia),

Não sei muito bem o que dizer da tua conjugação de "medo de decepcionar" e "desempenho".

Se te referes ao facto de uma mulher aguentar em silêncio uma vida sexual insatisfatória, então não me parece lá muito boa ideia. Já somos todos suficientemente crescidinhos para aguentarmos umas verdades :)

Se, por outro lado, te referes à insegurança da mulher no seu desempenho, e o medo de poder estar a decepcionar o seu companheiro, então nem vale a pena perderes tempo a pensar nisso. Antes pelo contrário, deves puxar o assunto ASAP. Porquê? Porque a reacção dele será logo uma boa indicação para saberes se tens ali uma relação com potencial ou apenas uma quantas quecas, boas ou não. Sim, poderá fazer com que a relação termine mais rapidamente. Já falamos sobre isto daqui a uns parágrafos.

Quanto ao facto de as mulheres terem menos fantasias sexuais que os homens, talvez seja verdade, não sei. Supostamente, nós pensamos mais em sexo, e fantasiamos mais sobre o assunto. Aliás, basta ver que a maioria do público-alvo da pornografia continua a ser masculino. No outro dia perguntavam-me o que é que os homens vêm na pornografia. Falando por mim, é uma forma relativamente simples de ficar a conhecer coisas que nunca pensaria em experimentar (algumas das quais me despertaram a curiosidade, claro :) ); além disso, foi ao ver alguns desempenhos femininos que pude validar (através de uma amostra estatitica infinitamente superior à que conseguiria pelos meus próprios meios :) ) a minha opinião de que o corpo da mulher não é, nem de perto nem de longe, o mais importante para me encher as medidas.

Nota: No parágrafo acima, "pornografia" engloba todo e qualquer fenómeno que me agrade e que tenha um cariz minimamente sexual, desde o acto propriamente dito, até uma mulher completamente vestida a falar daquilo que a excita. Sim, eu sei que é uma definição demasiado abrangente, mas é o meu lado feminino a falar; afinal, para uma mulher, "pornografia" é todo e qualquer fenómeno que não lhe agrade e que tenha um cariz minimamente sexual, portanto... :)

De qualquer forma, uma boa maneira para uma mulher começar o processo de abertura é justamente a melhor forma de tentar resolver o tal problema da vida sexual insatisfatória - mostrar ao homem o que a faz vibrar (sim, com recurso a acessórios vibratórios, se for o caso :) ). Eu aprendi - e continuo a aprender - aquilo de que gosto (e que não se centra exclusivamente no nosso mui óbvio "Ponto G" ;D) e não fujo a fazer a minha apresentaçãozita (sem PowerPoints, pls :) ), conduzindo a mulher pelo meu corpo, e tentando explicar o que sinto. Não é fácil, até porque às vezes não há palavras, mas é divertido.

Tens alguma razão quando dizes que se tivéssemos a frontalidade para dizer o que sentimos, as relações acabariam mais rapidamente. O que não seria um drama por aí além, IMHO. Em primeiro lugar, porque nada dura para sempre. Em segundo, porque quanto mais tempo passas numa relação em que não te sentes satisfeita, menos tempo procuras a relação que te possa satisfazer. E essa parece-me ser o grande drama da condição feminina - o "receio" (à falta de palavra melhor) da procura.

Não percebi ainda se o problema é o medo da rejeição, ou se são os "rótulos" que ainda se colocam à mulher que vai experimentando até encontrar o homem que procurava (ironicamente, os rótulos mais preversos têm origem nas outras mulheres, mas enfim, isso é mais uma questão que vocês têm para resolver).

Quanto à primeira hipótese, (medo de rejeição), minhas caras, não faz sentido. Acho que já disse isto, mas repito-o quantas vezes forem precisas - a rejeição não é o bicho-papão que anunciam por ai. Sim, sei do que falo porque eu também pensava o mesmo.

Quanto à segunda (os rótulos)... bem, por muito que digamos o contrário, importamo-nos sempre um pouco com a ideia que os outros fazem de nós. Deixo apenas um pergunta - esses "outros", que contribuição dão para a nossa felicidade? Quero dizer, para além de nos poderem impedir de a perseguir?

Bem, está na hora de ir para a ginástica. Até logo.

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domingo, junho 04, 2006

Bandeiradas

Imagino que já muita gente tenha recebido os mails sobre a história da bandeira - todos os problemas que houve com a Bandeira Mais Boa... er, quero dizer, Mais Bonita :)

Deixo-vos o link para um dos relatos, o mais cómico que recebi.

Sem querer menosprezar, de forma alguma, o suplício pelo qual devem ter passado muitas das pessoas que lá estiveram, gostaria de deixar um ou outro comentário...

O que me supreendeu neste caso foi a surpresa das participantes. Vejamos os ingredientes de um bom evento lusitano:
- Organização caótica. Presente.
- Falta de civismo. Presente.
- Concentração marcada para horas antes da abertura dos portões, para garantir um bom amontoado de massa humana. Presente.
- Falta de condições. Presente.
- Falta de planos de contingência. Presente.
- Estimativas demasiado optimistas. Presente.

Bem, só me ocorre perguntar isto - esperavam o quê? Por acaso pensavam, por ser um evento só com mulheres, que iria ser menos lusitano? Desenganem-se, minhas caras, que vocês têm tanto de alma portuguesa como nós :)

Outro aspecto que, aparentemente, causou surpresa, terá sido a quantidade de gajos que se juntaram à volta do recinto. Mais uma vez, surpresa para quem não quis pensar. Caríssimas, porque é que vocês acham que os gajos vão à discoteca? Para dançar? Se acreditam realmente nisso, deixem-me o vosso contacto, que eu tenho uns terrenos em Marte que são uma pechincha :)

Anyway, o motivo pelo qual se terá juntado uma colecção de cromos à volta do estádio é exactamente o mesmo - "ver o gado" (perdoem-me a utilização do termo técnico). E, nalguns casos, acredito que tenham ido verificar a consistência do que viam, através de um exame manual. Não sou particularmente brilhante, mas esta até eu antevi.

Enfim, comprendo a revolta, mas não a surpresa. Nada do que foi referido acima me surpreendeu.

Também não percebi a frase que figurava num dos mails que recebi: "A mulher portuguesa não merece ser tratada assim".

Por mim, ocorre-me dizer que "O povo português talvez não mereça ser tratado assim". Utilizo a expressão "o povo" (e não "a mulher") porque, aparentemente, consigo olhar para lá do meu umbigo (o que não é muito difícil, uma vez que não deve nada à beleza :) ); digo "talvez", porque se é verdade que acho que somos bastante maltratados, também é verdade que não mexemos uma palha para mudar a situação, antes pelo contrário.

Tal como costumo dizer, temos o que queremos. A mudança depende de nós e não acontece, portanto devemos ter o que queremos.

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sábado, junho 03, 2006

Levar o Asseio a Peito

A pedido da Patrícia, que queria rir :)

Data Original: 2005-10-21

Ontem chamaram-me à atenção que eu estou sempre a falar de mamas - "As mamas isto, as mamas aquilo, as mamas aqueloutro".

É um facto. Tenho uma fixação por mamas. Atenção, é uma fixação, e não uma obsessão. Qual a diferença? Simples, uma fixação é uma ideia fixa, que me invade a cabeça e ocupa toda a minha atenção, a todas as horas do dia, de tal forma que não me consigo concentrar em mais nada nem consigo sequer pensar em mais nada e tudo aquilo que vejo lembra-me imediatamente o objecto da minha fixação mesmo que seja preciso fazer as associações de ideias mais rebuscadas do Universo conhecido e desconhecido e depois a certa altura a pressão começa a ser demasiada ecomeçoaterquefazerumeesforçoenorme
paramecontrolarenãocomeçaradizerbemaltofrases
ondeutilizeapalavra"mamas"sóparapoderouviressa
palavrajáqueopessoalqueestáàminhavoltaparece
incapazdemefazerofavordeutilizaressapalavranuma
fraseacadacincominutososbandidosevem-melogoà
ideiao"GreastestTits"perdão"GreatestHits"daDollyPartone... e... e...

(Respirar fundo, e contar até 10)

...nove vírgula novecentos e noventa e oito centésimos, nove vírgula novecentos e noventa e nove centésimos, dez.

OK, já estou mais calmo.

Pronto, isto é a fixação. Quanto à obsessão, não sei porquê, mas faltam-me as palavras para a descrever. Há-de ser, certamente, muito pior que isto. Tenho pena das pessoas que vivem assim, obcecadas com algo. Deve ser muito triste, não acham?

Porém, eu admito-o - tenho uma pequenita fixação por mamas. Mas mesmo, mesmo pequenita. Quase nem se nota, quase nem se dá por ela. Aliás, se eu não estivesse a falar do assunto hoje, de certa forma a trazer-vos para o seio da questão, a maioria de vocês nem se teria apercebido, não é?

É certo e sobejamente sabido que já anteriormente abordei o assunto sobre seios nestes meus mails matinais, mas foram realmente referências raras, sempre super-subtis que passaram pelo pessoal, decerto, devidamente despercebidas. Sim, que quando quero, também eu sei ser subtil.

Assim sendo, decidi levar a questão a peito, e abordá-la no texto de hoje, com toda a frontalidade, e completamente a descoberto.

Portanto, para que fique claro de uma vez por todas, e desta vez sem subtilezas, para que todos vocês possam captar a mensagem: Gosto de mamas. Sejam grandes e gloriosos globos; sejam pequenos petit-petits apetitosos; sejam a míticas mamas médias; é-me indiferente, desde que sejam verdadeiras. As falsas (ou "silly-boobs", i.e., com estrutura reforçada a silly-cone), quando exageradas, parecem-me sempre esquisitas. Enfim, gosto da vida como ela é.

É claro que quando digo "as falsas parecem-me esquisitas", tenho o dever de evitar extremismos potenciadores de eventuais situações trágicas. Se a vida colocar no meu caminho umas mamas falsas - isto não soa lá muito bem, pois não? :) - não serei a escusar-me a experimentá-las - não, não soa mesmo nada bem :) a minha sorte é que vocês percebem o que eu quero dizer, apesar de vos dar imenso gozo fazerem interpretações distorcidas ;)

E pronto. Sim, é só isto. Quero dizer, não é propriamente um assunto em que haja muito para divagar. Parece-me ser mais uma disciplina multi-facetada, com uma primeira fase contemplativa, orientada para a meditação apreciativa, seguida de uma experiência mais prática, mais "hands-on"; de qualquer forma, é algo que exclui a filosofia, e os longos discursos vazios e sofomaníacos. Sim, poderia traçar imensos paralelos com apoteóticas viagens pelos Alpes, ou atrevidas comparações com os frutos mais diversos, ou contar picantes histórias do "Clube do Peitos Mornos" (para quem estiver interessado, é a versão soft do famoso "Clube do Peitos Pornos", uma das melhores obras cinematográficas desde a trilogia das "Freiras Endiabradas"; e pensar que nesse ano deram o Óscar ao "Gandhi")... enfim, haveria muito para dizer, mas ("felizmente" dirão vocês :) ) não há tempo.

Portanto, mudando de assunto, uma pequena nota sobre o cavalheirismo. É opinião geral que é algo que vai desaparecendo. E isto trouxe-me à ideia as tradições, que também se vão perdendo. Será que alguém já fez um estudo sobre a relação entre a importância que cada país dá às suas tradições, o esforço que realiza para as manter, e o seu índice de cavalheirismo?

Não me parece que seja uma questão nacional, mas não deixaria de ser engraçado se assim fosse. Por cá, até somos um país tradicional, mas nem por isso o nosso índice de cavalheirismo é particularmente alto. O que é uma pena, porque o cavalheirismo tem algumas vantagens. P.ex., o acto de dar passagem a uma mulher ("primeiro as senhoras", lembram-se?); como cavalheiros lusitanos, temos o dever de o fazer, de forma a melhor podermos contemplar o nabo racional... bem, e o internacional também; não sejamos xenófobos :)

E pronto, mudei do habitual tema asseado para um assunto mais abundante.

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quinta-feira, junho 01, 2006

Insatisfações

Data original: 2006-02-10

Antes de mais, um obrigado ao Dinis por me ter enviado o artigo :)

A notícia vem no Correio da Manhã, mas creio que talvez venha no seguimento de um estudo da Sábado - "Metade das portuguesas estão insatisfeitas com o número de investidas dos parceiros, afirmando sofrer com a falta de libido deles, segundo dados de um estudo nacional" (ver artigo).

Achei piada à frase "Há 8% das mulheres a fingir o orgasmo e... 0% dos parceiros a perceber a simulação". Epa, fabuloso! Vejam lá que surpresa. Meu Deus, como é tal possível? Logo o orgasmo feminino, que é cheio de indícios reveladores, e nada fáceis de simular. Homem que é homem vê logo a diferença, claro. Jejúje! Seria de pensar que, por esta altura, já toda a gente teria visto o filme "Um Amor Inevitável". Sim, elas fingem; sim, nós não percebemos. E...? :)

Antes de continuar, permitam-me fazer um pequeno excurso...

Numa atitude *verdadeiramente sensata*, o Conselho Directivo de uma escola primária nos USA (onde mais podia ser?) decidiu suspender um miúdo da primeira classe, por... por... por... assédio sexual! A uma sua colega! Estamos a falar de duas crianças de 6 anos, OK? Ao que parece, o depravado meteu a mão por dentro das calças da rapariga, e tocou-lhe... na pele por debaixo do cinto! Insolência!!!! Suspensão é pouco! Cortem-lhe as mãos! E, se calhar, a castração também seria uma boa ideia, para servir de exemplo para todos esses depravados da sua idade.

Gostei do comentário da porta-voz da Associação de Escolas lá do sítio - "É uma pena que esta situação tenha atraído toda esta publicidade". Que é como quem diz, "É uma pena que agora tanta gente por esse mundo fora vá saber como somos idiotas". Alguém deveria dizer à senhora que ela não precisa ficar preocupada - nós já sabemos.

Podem ver a notícia aqui.

E, perguntam vocês, o que é que tem uma coisa a ver com a outra? É o que veremos de seguida.

1. Repitam comigo: "O Sexo Não É Nada De Extraordinário"
Já o disse e repito - no dia em que as pessoas aprenderem que o sexo é apenas mais um aspecto das suas vidas, e não "O Aspecto Mais Importante" das suas vidas, serão muito mais felizes.

Nesse dia, poderemos aceitar com naturalidade que duas crianças se toquem, ou até que se beijem, emulando o que vêm nos adultos (conceito fabuloso e inovador, não é, esse de as crianças imitarem o comportamento dos adultos?).

Poderemos aceitar que não há - nem deve haver - diferença entre o homem que gosta de sexo e procura uma parceira diferente todos os dias (actualmente designado como "garanhão") e a mulher que faz o mesmo (actualmente designada de "vaca" para baixo); desde que não estejam a iludir ninguém, são livres de fazer o que lhes der na real gana.

Poderemos aceitar que, numa relação, vão haver "dias sim" e "dias não". E que às vezes ambos vão estar no mesmo comprimento de onda, e às vezes não. E que isso não se aplica apenas ao sexo. Simplesmente, como o sexo é aquela
Coisa-Fabulosamente-Fantástica-À-Qual-Devemos-Dedicar-Toda-A-Nossa-Energia (TM), isto transforma-se numa tragédia. O que é facto é que um elemento do casal querer sexo e o outro não é tão trágico como um querer peixe ao jantar e o outro querer ovos mexidos. Porém, por algum motivo que me escapa as discrepâncias gastronómicas na relação não são alvo de muitos estudos. Já o sexo é examinado até à exaustão (sim, o tricadilho - trocadilho tri-partido - foi propositado :) ).

Poderemos dar o real valor a frases como "ao fim de quatro anos de vida a dois o desejo diminui"; ou seja, 0. Qual é o problema com estas frases? São profecias que se realizam a si próprias. Se eu não souber que tenho que me preocupar com o 4º aniversário da relação, não me preocuparei (sim, fico um pouco aquém de La Palisse :) ). Ou seja, uma semana, durante o primeiro ano, em que eu e a minha companheira não temos sexo será exactamente igual a uma semana, durante o quarto ano, em que sucede o mesmo.

Ah, mas imaginemos agora que eu estou armado com esta valiosíssima pepita de conhecimento. Ao chegar à segunda situação (uma semana sem sexo no nosso quarto ano juntos), direi "Oh, meu Deus! Chegámos ao declínio!"; e pronto! Uma situação perfeitamente inócua corre o risco de se transformar num drama.

Mas, acima de tudo, poderemos esquecer de uma vez por todas o "sexo como desporto de competição", para roubar uma expressão do Coupling. Não interessa se eu hoje não atingi o orgasmo, ou se ontem foi ela que não chegou lá. Não é um objectivo. Não é suposto haver a preocupação de "cortarem a meta" juntos; não é suposto haver sequer a preocupação de "cortarem a meta". É uma experiência, uma viagem. E o destino dessa viagem é aquele que ambos quiserem, e não é obrigatório que seja sempre o mesmo destino.

Se, de facto, o que ambos desejam é o orgasmo simultâneo, força! Não há nada de errado nisso. Mas não existe motivo nenhum para isso se transformar num Santo Graal, procurado por toda a espécie humana.

Enfim, damos demasiada importância a este aspecto das nossas vidas. E isso significa que temos dificuldade em tratá-lo com o desprendimento que ele exige.

Acham que estou a exagerar? Então vejam a quantidade de artigos que aparecem semanalmente sobre o assunto nas "revistas de gaijas" e nas "revistas de gaijos armadas em revistas de gaijas"). Curiosamente, tudo artigos onde grandes "peritos" e "peritas" nos explicam o que temos que fazer para sermos felizes. Tenho alguma curiosidade em conhecer a vida desse pessoal, que deve ser plena de felicidade, mas isso será tema para outra altura :)


2. Let's talk about what??!!
Vivemos rodeados por referências sexuais. Basta ver a publicidade à nossa volta. Mas isso não serve para nos libertarmos dos tabús que nos perseguem.

E isso significa que somos capazes de dizer à nossa cara-metade que não gostamos de bróculos, detestamos sumo de tomate, não suportamos as novelas da TVI, e que a roupa das lojas chinesas é uma porcaria. Mas não somos capazes de lhe dizer que hoje gostaríamos que ela nos desse umas palmadas no rabo, ou perguntar-lhe se lhe podemos puxar o cabelo durante o "doggie style". Ao que parece, anda para aí muita gente que não é capaz sequer de dizer que hoje lhe apetecia o "doggie style".

É que há uma coisa que eles dizem no artigo, e têm toda a razão - "As fantasias sexuais são fundamentais". Só acho que a frase peca por não ser suficientemente explícita. Se me permitem, vou refazê-la: "É fundamental que cada um dos elementos do casal divulgue ao outro as suas fantasias sexuais"; tal como faz com as suas outras fantasias - p.ex., os locais que gostaria de visitar.

E aproveito para, depois de ter pensado um pouco mais no assunto, explicar o motivo pelo qual dou tanta importância à conversa sem ambiguidades - obriga-nos a assumir as coisas. Conversa pode ser apenas conversa, mas desde que seja clara não deixa lugar para o mal-entendido, tão comum na subtileza.

No mail que me enviou, o Dinis referia um ponto com o qual concordo completamente, e que defendo - a telepatia, por sistema, não funciona. Sim, todos nós temos momentos especiais, em que um olhar diz tudo, em que um único toque nos dá uma sensação indescritível, nos provoca arrepios por todo o corpo. Nem uma palavra precisa de ser dita. Mas são apenas isso... momentos. Não faz qualquer sentido esperar que toda a vida decorra assim. E, para usar a expressão do Dinis, passamos da "telepatia" para a "tele-apatia", porque a outra pessoa não nos compreende. Como raios esperamos nós que a outra pessoa nos compreenda, se não temos sequer coragem para nos explicarmos?! :)

Sim, "coragem". A pessoa que não consegue falar do assunto não é uma pessoa "sensível que apanha todas as indirectas e as subtilezas, e que é cheia de grandes momentos de revelação". É simplesmente alguém que não tem coragem para dizer claramente à sua cara-metade aquilo de que gosta.

Não me vou prolongar muito mais neste ponto, porque já disse tudo isto milhentas vezes. Mas termino com uma frase que acabou de me ocorrer - nunca subestimem o papel da língua no sexo >:>


3. Egos vs. Eros
A certa altura, o artigo diz "Não tenho dúvidas que há um certo egoísmo masculino".

Se houve uma coisa que eu me fartei de ouvir foi "O homem é mais egoísta que a mulher". Tradicionalmente, até acredito que fosse verdade. Mas isso era porque a mulher tinha um papel demasiado submisso e dependente para poder ser egoísta. Agora, hoje em dia??!! Não, pessoal, hoje em dia é ela por ela... e ele por ele :D

Qual é a fronteira entre individualismo e egoísmo? Entre altruísmo e submissão? Como é que se mantém esta conta-corrente? Esta gestão existe - de forma mais ou menos consciente - em todas as relações. Quid Pro Quo - hoje, eu faço-te isto; amanhã, tu fazes-me aquilo.

A coisa começa a descambar quando o saldo se desequilibra. Quando, de uma forma consistente, começa a ser sempre o mesmo a ceder. Parece simples de evitar, claro. Mas depois, entra em campo uma nova variável - para além da quantidade de cedências, existe igualmente a qualidade das mesmas. E, como tudo o que involve qualidade, os conceitos são extremamente subjectivos e muito dados a interpretações distintas.

Ou seja, eu até posso achar que fiz imensos sacrifícios, mas a minha companheira pode achar que eu cedo apenas em coisas sem importância e que ela é que está sempre a ceder nos assuntos realmente importantes.

Aqui, não tenho muito para dizer. Não faço ideia de como gerir isto de forma a evitar conflitos. Até porque esta questão abrange toda a relação, ou seja, não se esgota no aspecto sexual.

Mas não tenho dúvidas que quanto mais cedo nos livrarmos do mito do egoísmo masculino vs. o altruísmo feminino, melhor. Da mesma forma, talvez fosse boa ideia não apresentar um problema de ambos como "as mulheres sofrem por causa dos homens". Mas para quê mudar o mundo? Como costumo dizer, temos o que queremos; se a mudança depende unicamente de nós, e tudo continua na mesma, é porque estamos contentes com o que temos, ou seja temos - claramente - o que queremos.

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