Quanto mais conheço os cães...
Data Original: 2005-08-09
Sempre gostei de gatos. Se Jake, the Snake estivesse aqui, perguntar-me-ia "Então porque é que estás a falar de cães, meu idiota?" :) Ainda não viram o Coupling? Fazem mal...
Sim, sempre gostei de gatos. Sempre admirei toda aquela graciosidade felina. Nunca achei grande coisa sobre os cães. Não é que não gostasse, mas não me diziam muito. Até que um dia...
Até que um dia o meu lar passou a ser um que já lá tinha um cão. Um caniche, que era raça que também nunca me tinha dito grande coisa. O seu nome era Tim. E surpreendeu-me de várias formas. Já era um cão idoso, e possuía uma dignidade a condizer. Destruiu completamente a minha ideia sobre os caniches, ideia essa baseada, antes de mais, na ignorância. Era um cão adorável, sossegado, brincalhão, tanto quanto a idade lhe permitia. Também tinha problemas de saúde, e isso acabou por lhe ser fatal. Foi nessa altura, que tive um contacto mais real com os problemas de ter um cão, e a verdadeira noção do carinho, dedicação, e sacrifício que isso exige.
Algum tempo depois, tomou-se uma decisão - fazia falta um cão lá em casa. E seria outro caniche. Assim, no início de 2001, fomos ver o Lupi. E é difícil descrever o que sentimos quando vimos aquele bichinho amoroso, desajeitado e eléctrico a entrar pela sala, uma pequena bola de pelo em correrias e brincadeiras :) Era bem mais pequeno que na fotografia abaixo. Ficámos todos rendidos ao Lupi (que, naquela altura, ainda não tinha nome), e nem houve dúvidas quanto à decisão.
Se não me falha a memória, foi em Fevereiro que o fomos buscar definitivamente. E se o Tim me tinha feito ter uma outra imagem dos cães, ver o Lupi crescer foi um eye-opener. Continuo a gostar de gatos, continuo fascinado pela sua graciosidade. Mas, se tivesse que escolher hoje qual o animal de estimação que gostaria de ter, digo - sem hesitar - que seria um cão.
Não é pera doce ter um cão. Tive a felicidade de estar numa casa onde me mostraram o que isso significa realmente. Tal como o Tim, também o Lupi foi tratado com carinho e dedicação a toda a prova; não havia decisão que não o tivesse em consideração - p.ex., se íamos sair, o local de almoço era escolhido a dedo, para não termos de o deixar sozinho no carro.
Fui extremamente afortunado, em muitos aspectos, durante o tempo que passei naquele lar, e este foi um deles - não só por conviver com este animal extraordinário, mas principalmente por poder aprender, pelo exemplo que me deram, o que significa ter um cão. O Lupi era um mais um elemento da família, e nunca foi tratado como "o cão". E concordo em absoluto com o que me disseram repetidas vezes - "Se não for assim, não vale a pena".
E o Lupi retribuiu esse tratamento, e continua a fazê-lo hoje em dia. Com aquela dedicação e fidelidade lendárias nos cães. É um pouco mimado, mas isso foi culpa nossa, e não dele :)
Bem, e a que se deve tudo isto? Duas coisas que me aconteceram no Domingo. Quando vou a casa da minha mãe, costumo deixar o carro ao pé do quartel dos bombeiros. Ia a passar em frente ao portão, e estava lá um cão deitado. Lindo. Parecia um lobo. Por impulso, parei, e ele levantou a cabeça a olhar para mim. De seguida, agachei-me, e ele levantou-se e veio ter comigo, certamente para cheirar "aquele bicho esquisito que estava ali a olhar para ele". E ali estivémos um bocado, em "amena cavaqueira". Parece insignificante, mas fez-me sentir bem :)
Entrei no carro e arranquei. Ia a descer a rua, quando vi um homem a passear um caniche. Até aqui, tudo normal. Só que o caniche tinha apenas três pernas. Abrandei, cheio de pena do pobre bicho, até que lhe vi a cara. Tinha um sorriso que reconheci imediatamente; já o vi inúmeras vezes na cara do Lupi - p.ex., quando percebe que vai passear com a família toda, dá-nos aquele sorriso de orelha a orelha, acompanhado de pulos quase até à nossa cintura, uma das demonstrações de alegria mais contagiantes que vi até hoje. E foi esse sorriso, foi essa alegria que vi naquele cão, que ia aos pulinhos a subir a rua, completamente alheio ao facto de ter apenas três pernas.
E só me ocorre dizer isto - quisera eu conseguir ter um sorriso daqueles, se alguma vez tiver que passar por uma desgraça a sério na vida.
Desejo-vos um excelente dia.
Sempre gostei de gatos. Se Jake, the Snake estivesse aqui, perguntar-me-ia "Então porque é que estás a falar de cães, meu idiota?" :) Ainda não viram o Coupling? Fazem mal...
Sim, sempre gostei de gatos. Sempre admirei toda aquela graciosidade felina. Nunca achei grande coisa sobre os cães. Não é que não gostasse, mas não me diziam muito. Até que um dia...
Até que um dia o meu lar passou a ser um que já lá tinha um cão. Um caniche, que era raça que também nunca me tinha dito grande coisa. O seu nome era Tim. E surpreendeu-me de várias formas. Já era um cão idoso, e possuía uma dignidade a condizer. Destruiu completamente a minha ideia sobre os caniches, ideia essa baseada, antes de mais, na ignorância. Era um cão adorável, sossegado, brincalhão, tanto quanto a idade lhe permitia. Também tinha problemas de saúde, e isso acabou por lhe ser fatal. Foi nessa altura, que tive um contacto mais real com os problemas de ter um cão, e a verdadeira noção do carinho, dedicação, e sacrifício que isso exige.
Algum tempo depois, tomou-se uma decisão - fazia falta um cão lá em casa. E seria outro caniche. Assim, no início de 2001, fomos ver o Lupi. E é difícil descrever o que sentimos quando vimos aquele bichinho amoroso, desajeitado e eléctrico a entrar pela sala, uma pequena bola de pelo em correrias e brincadeiras :) Era bem mais pequeno que na fotografia abaixo. Ficámos todos rendidos ao Lupi (que, naquela altura, ainda não tinha nome), e nem houve dúvidas quanto à decisão.
Se não me falha a memória, foi em Fevereiro que o fomos buscar definitivamente. E se o Tim me tinha feito ter uma outra imagem dos cães, ver o Lupi crescer foi um eye-opener. Continuo a gostar de gatos, continuo fascinado pela sua graciosidade. Mas, se tivesse que escolher hoje qual o animal de estimação que gostaria de ter, digo - sem hesitar - que seria um cão.
Não é pera doce ter um cão. Tive a felicidade de estar numa casa onde me mostraram o que isso significa realmente. Tal como o Tim, também o Lupi foi tratado com carinho e dedicação a toda a prova; não havia decisão que não o tivesse em consideração - p.ex., se íamos sair, o local de almoço era escolhido a dedo, para não termos de o deixar sozinho no carro.
Fui extremamente afortunado, em muitos aspectos, durante o tempo que passei naquele lar, e este foi um deles - não só por conviver com este animal extraordinário, mas principalmente por poder aprender, pelo exemplo que me deram, o que significa ter um cão. O Lupi era um mais um elemento da família, e nunca foi tratado como "o cão". E concordo em absoluto com o que me disseram repetidas vezes - "Se não for assim, não vale a pena".
E o Lupi retribuiu esse tratamento, e continua a fazê-lo hoje em dia. Com aquela dedicação e fidelidade lendárias nos cães. É um pouco mimado, mas isso foi culpa nossa, e não dele :)
Bem, e a que se deve tudo isto? Duas coisas que me aconteceram no Domingo. Quando vou a casa da minha mãe, costumo deixar o carro ao pé do quartel dos bombeiros. Ia a passar em frente ao portão, e estava lá um cão deitado. Lindo. Parecia um lobo. Por impulso, parei, e ele levantou a cabeça a olhar para mim. De seguida, agachei-me, e ele levantou-se e veio ter comigo, certamente para cheirar "aquele bicho esquisito que estava ali a olhar para ele". E ali estivémos um bocado, em "amena cavaqueira". Parece insignificante, mas fez-me sentir bem :)
Entrei no carro e arranquei. Ia a descer a rua, quando vi um homem a passear um caniche. Até aqui, tudo normal. Só que o caniche tinha apenas três pernas. Abrandei, cheio de pena do pobre bicho, até que lhe vi a cara. Tinha um sorriso que reconheci imediatamente; já o vi inúmeras vezes na cara do Lupi - p.ex., quando percebe que vai passear com a família toda, dá-nos aquele sorriso de orelha a orelha, acompanhado de pulos quase até à nossa cintura, uma das demonstrações de alegria mais contagiantes que vi até hoje. E foi esse sorriso, foi essa alegria que vi naquele cão, que ia aos pulinhos a subir a rua, completamente alheio ao facto de ter apenas três pernas.
E só me ocorre dizer isto - quisera eu conseguir ter um sorriso daqueles, se alguma vez tiver que passar por uma desgraça a sério na vida.
Desejo-vos um excelente dia.
11 Comments:
Sempre tive uma grande admiração por gatos. Para além da sua grande beleza natural, admiro a sua independência, a sua auto-suficiência, mas sobretudo aquela insolência que por vezes revelam. Tanto podem passar por nós hoje e enrolarem-se na nossa perna como passado um momento desdenharem completamente a nossa presença de um ar altivo. O cão é diferente, é fiel, procura o dono. Mas confesso que não tenho lá grande admiração por esses bichinhos. Os únicos que me conseguem conquistar são aqueles que por vezes encontro na rua, marcados pela rudeza de quem não tem lar, sofridos, sujos. Sinto uma certa ternura por eles. É um defeito meu, qualidade, não sei, mas choca-me por vezes ver nas revistas e na televisão cães com todas as mordomias que é possível imaginar e outros que são abatidos simplesmente porque tiveram a infelicidade de nascer fora de um lar.
O meu último post tb fala de cães, mas com um outro objectivo.
Um grande abraço para ti ;)
Caramba! Oh Ll.... ainda hoje deixei uma frase num dos posts do Vinte e Dois que dizia: quanto mais conheço as pessoas, mais gosto dos animais...
Ok, o assunto não é bem o mesmo mas... caramba...
Eu adoro cães. Não gosto muito de gatos. Se há animal mais fiel, que mais companhia faz, é um cão. Nunca tive nenhum, porque não pude mas, convivi durante 6 anos com um Fox Terrier. Lindo! Como tive de deixar de o ver :(
Senti uma falta tremenda do Whiskey (é esse o seu nome :D).
Não suporto ver o que as pessoas fazem aos animais. Essas sim, uns verdadeiros animais.
Bom, estou a ver que a temática dominante hoje são os animais. Já tive duas cadelas e dois gatos. Mas o meu coração continua para o lado dos felinos... c´est la vie!
Não combinei nada com o nosso amigo Llyrnion para falarmos de animais :)
Um grande sorriso para ti Llyrnion.
Percebo agora... e ainda bem que contaste a história.
Nunca fui grande fã de gatos, confesso, mas tivémos 3 gatos em casa e também cães.
Adoro cães. Tivémos um pastor alemão, um rafeiro (alentejano) e um leão da rodésia. Não quero ter mais cães, dói muito quando partem.
Eu diria que és uma pessoa afortunada...
Beijos mil
Hallo, 22.
Para além de td o mais, o Lupi conquistou um lugar no meu coração pelo papel q teve em combater o meu egoísmo.
Qd uma pessoa te pede algum do seu tempo, é mt fácil explicares-lhe pq não podes agora, q tens algo para fazer, e é igualmente fácil esqueceres-te q é essa tua atitude q indica o real valor q dás a essa pessoa.
Qd um cachorrinho chega ao pé de ti e te dá toques com a patita no braço, para te chamar à atenção, e fica ali a olhar para ti... mesmo q conseguisses explicar o q quer q seja... a atitude, só por si, já é tocante - é um criatura q precisa de ti, do teu tempo, e não tem qq problema em demonstrá-lo. Sem ambiguidades, pq, felizmente, os animais não são dessas coisas.
Como dizia uma amiga ontem, "não gosto q mandem em mim". Ninguém gosta. Mas todos gostamos de nos sentir desejados. É a diferença entre um "Chega aqui!" e um "Preciso de ti. Podes chegar aqui?"
O primeiro associo-o às pessoas e aos gatos. O segundo, associo-o aos cães.
Um abraço :)
Hallo, Sea :)
Não há nada a fazer - qd estamos em sintonia, estamos em sintonia. Just go with the flow and enjoy the ride :)
Eu tb tive q deixar o Lupi para trás, qd me separei. Felizmente, continuamos a dar-nos bem, pelo q vou lá a casa de vez em qd.
E não vou lá apenas pelo Lupi. Apesar de nos termos separado, considero q foi uma experiência positiva na minha vida, e continuo a gostar daquelas pessoas, que fizeram por me amar da melhor forma q sabiam. E eu sei q, muitas vezes, não lhes facilitei a tarefa.
Obrigado, A :)
Apesar de me queixar da vida de vez em qd, sei q falo de fome de barriga cheia.
Um gd :* para ti.
Caro Llyrnion,
tb gosto de gatos mas n confio neles. Acho sp q me vao saltar para a cara e vazar um olho ou qq coisa do genero...
Caes e outra historia...gosto...tenha a minha cadela, a mais tudo do mundo e nao se fala mais no assunto, q e da familia. Nutro por ela um sentimento verdadeiro e tenho um pavor enorme q ela se va, tal e qual os meus pais, irmao ou avos. Faz parte do nucleo duro. E sinto a falta dela aqui em Londres. De chegar a casa e ela ter roido uma merda qq, da praia com ela, dos jardins, de andar atras delas enq. ela anda atras dos gatos...enfim, paremos por aqui q ja comeco a ficar misty...
cumps.
Olá, Sissi, bem vinda :)
Compreendo perfeitamente o sentimento.
Qt a ficar misty, porque não? O meu objectivo é q o pessoal chegue aqui e se sinta em casa, portanto... cada um faz o q lhe der na telha.
Desde q não partas gd coisa, e limpes o q sujares, estás à vontade :)
Volta sempre.
"choca-me...cães com todas as mordomias que é possível imaginar"
Llyrnion,não estava a criticar a relação que tens com os teus cães, longe de mim essa ideia :)
"Llyrnion,não estava a criticar a relação que tens com os teus cães, longe de mim essa ideia :)"
Don't worry :)
Eu tenho consciência q o Lupi recebe um tratamento melhor q mt gente por esse mundo fora, e que é mais acarinhado que mt criança q para aí anda.
O q me choca não são as mordomias e o carinho que dispensamos ao Lupi (isto, para mim, é o comportamento correcto). O q me choca é o tipo de comportamente q faz com isto pareça chocante.
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