terça-feira, janeiro 23, 2007

Chanson Luse

Bem, por algum motivo que me escapou, publiquei este post duas vezes. Já apaguei o outro.

Hoje irei debruçar-me sobre o contributo lusitano para a Chanson Française.

Antes de mais, uma pequena nota - o significado que hoje atribuimos a este termo, Chanson, é, no fundo, um neologismo. Originalmente, a Chanson era um certo tipo de canção da França Renascentista. Só mais tarde é que o termo ficaria associado com o trabalho de Jacques Brel ou Édith Piaf.

E o contributo lusitano? Bem, este é de importância reconhecida, pois surgiu numa altura em que a Chanson estava já, por assim dizer, na sua pré-reforma.

O primeiro contributo lusitano partiu de Alberto, o Ajudante de Torneiro Mecânico. Sua profissão, já a adivinharam, mas sua vocação sempre foram as Artes. Aos 15 anos, partira para terras de França, sob grande risco pessoal, em busca de uma vida melhor, como tantos outros.

Rapidamente aprendeu a Arte do Torneiro Mecânico, demonstrando uma impressionante facilidade de aprendizagem, tendo começado a trabalhar como Ajudante de Torneiro Mecânico com a bonita idade de 30 anos. Ao conseguir, num tão curto espaço de tempo, dominar esta Arte, Alberto, o Ajudante de Torneiro Mecânico, decide experimentar a sua sorte noutras artes.

Um dia, ao passar na rua, repara num grupo de jovens numa esplanada. Bem, mais propriamente, repara nas mamas de uma das mulheres do grupo, e fica hipnotizado. Senta-se numa mesa próxima, e tenta, de forma discreta, ouvir o que discute o grupo.

Apesar do seu fraco domínio do francês, consegue perceber que estão a falar de artistas. Um nome é repetido várias vezes - Brel. Alberto, o Ajudante de Torneiro Mecânico, conseguiu assim descobrir um ponto de interesse da sua musa inspiradora, e ainda bem, pois a sua discrição obteve um resultado retumbante - cinco minutos depois de Alberto, o Ajudante de Torneiro Mecânico se ter sentado na esplanada, o grupo de jovens foi-se embora, talvez um pouco incomodados com o facto de terem a cabeçorra do artista lusitano constantemente a aparecer no seu seio.

Bem, Alberto, o Ajudante de Torneiro Mecânico descobriu, então, o seu objectivo de vida - voltar a encontrar a mamalhuda que havia visto naquela esplanada. Sem olhar a despesas, gasta toda a sua poupança numas cassetes pirata da obra de Jacques Brel, e lança-se na sua carreira de cantor/compositor da Chanson Française.

Num rasgo de criatividade, escolhe o seu nome artístico - Albertô, L'Ajudant de Torniére Mecanique. É com este nome que grava o seu primeiro disco. E assim começa a fazer História.

É no Verão de 1982 que surge o seu primeiro grande sucesso, "Le Cauchechot". Uma música onde Albertô, L'Ajudant de Torniére Mecanique explora o tema da alegria e da camaradagem, sem perder de vista a responsabilidade social que, em tempos idos, lhes estiveram associados, mas que, no início dos anos 80, se começava a perder.

É disto emblemático o refrão deste tema, e um clássico da Chanson (ou, como afirmam alguns puristas, da Nouvelle Chanson):

Regardez vous le Cauchechot
Qu'il ne s'arrete pas d'apiter
Pi-pi-pi pi-ri-pi-pi
Et jamais il desafine
Allez, les mecs,
Mantenaint il faut jouer
Pi-pi-pi pi-ri-pi-pi
Dans le Cauchechot de la jeune fille

Foi um tema que capturou toda uma essência de uma época que se estava a desvanecer na memória de uma França perdida, de uma França que lutava para sacudir a frieza em que se encontrava envolvida, para "retrouver l'âme", reencontrar a sua alma.

E foi no Verão de 82 que Albertô, L'Ajudant de Torniére Mecanique, este artista do Mundo nascido em terras lusas, lança toda a Gália numa viagem em busca da sua alma. E desta vez, posso dizê-lo, foi mesmo toda, pois não houve nenhuma aldeia que se mostrasse resistente.

Animado com o sucesso do seu primeiro single, Albertô, L'Ajudant de Torniére Mecanique lança quase de imediato o segundo, "Je Suis Doublement Énamouré".

Quando estas palavras explodiram na rádio Francesa, a emoção foi indescritível:

Je suis doublement énamouré
Et elles sont trés différentes
Et je n'ai pas la certitude
De ce que j'aime plus
Et je n'ai pas la certitude
De ce que j'aime plus
Je suis doublement énamouré
Et elles sont trés différentes

Esta canção teve o condão de dar início à enxurrada de emoção que dominaria esse memorável Verão de 82. Mas seria apenas o anunciar daquilo que se seguiria.

Três semanas depois, Albertô, L'Ajudant de Torniére Mecanique lançaria aquela que seria a sua obra prima:

Je veux sentir ton bacalhaut, Marie
Je veux sentir ton bacalhaut
Petit Marie, laisse moi aller à cuisine
Laisse moi aller à cuisine
Pour sentir ton bacalhaut

Foi um sucesso retumbante! Por toda a França, nada mais se ouvia senão esta alegoria à viagem que era a Vida, com "V" maiúsculo, onde todos andávamos à deriva, com a esperança de conseguirmos cheirar os bacalhauts que navegavam junto de nós.

De tal forma ficaram os franceses contagiados por este espírito, que 9 meses depois desta época estival, registou-se um record de nascimentos.

Albertô, L'Ajudant de Torniére Mecanique tinha a carreira lançada, e já nada o pararia. A não ser, claro, o autocarro desgovernado que o colheu numa Avenida de Paris, nesse mesmo Verão. A investigação revelaria que toda a gente estava a festejar dentro do autocarro, ouvindo a música de Albertô, L'Ajudant de Torniére Mecanique, incluindo o condutor.

Teve, assim, um fim abrupto a carreira deste brilhante artista de nacionalidade lusa, cujo nome é, para os verdadeiros conhecedores, tão importante no mundo da Chanson Française.

Da próxima vez, irei pegar num outro nome lusitano que se agigantou neste mundo, o de Joachim Barrières.

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

terça-feira, janeiro 16, 2007

O algodão não engana

A história do algodão doce teve início há muito, muito tempo, durante a Batalha de Granico.

Já na fase final da batalha, no confronto entre as cavalarias Persa e Macedónia, Clitor, O Um Tudo-Nada Menos Negro Que Clito O Negro estava na retaguarda das forças Macedónias, a vigiar contra um eventual ataque traiçoeiro, vil e cobarde por parte dos Persas.

Ora, como devem compreender, era uma tarefa algo aborrecida, principalmente quando comparada com a glória que estavam a recolher os seus compatriotas, do outro lado do rio. Bem, pelo menos, aqueles que se iam conseguindo manter vivos, claro.

Compreensivelmente cansado de estar ali sem fazer nada, Clitor, O Um Tudo-Nada Menos Negro Que Clito O Negro decidiu repousar numa cadeira estranha que estava ali ao pé. A estrutura da cadeira era grande, possuindo depois um bizarro - mas decididamente confortável - assento que mais parecia um pequeno penico.

Bem, Clitor, O Um Tudo-Nada Menos Negro Que Clito O Negro sentou-se nessa espécie de penico, e recostou-se. Era realmente confortável, pois o penico estava no extremo de um longo tronco, preso à estrutura por uma grossa corda.

O que se passou de seguida é algo que está perdido nas brumas da História. Já muito se escreveu sobre o assunto, sendo que o único relato que reúne consenso é o do historiador Trom-Pete, O Palhaço Musical. Segundo este respeitado historiador, um esquilo terá pretendido armazenar bolotas na estrutura da cadeira, accionando uma alavanca, que soltou a corda que prendia o penico, o qual, por sua vez, lançou pelos ares Clitor, O Um Tudo-Nada Menos Negro Que Clito O Negro.

Ora bem... quando eu disse que o relato de Trom-Pete, O Palhaço Musical reúne consenso, significa que todos o consideram um grande disparate. O facto é que ninguém sabe o que se passou, mas Clitor, O Um Tudo-Nada Menos Negro Que Clito O Negro lançou-se em voo, direito às nuvens.

E foi aí que a Humanidade teve, pela primeira vez, contacto com o algodão doce. Na sua queda, imediatamente antes de se despedaçar no chão, Clitor, O Um Tudo-Nada Menos Negro Que Clito O Negro terá balbuciado algo como (segundo Trom-Pete, O Palhaço Musical ) "Esta coisa do algodão doce é muito boa, mas as doses têm que ser maiores, porque a maior parte daquilo é ar. Se assim não for, poderá ser catastrófico para uma eventual futura indústria do algodão doce que possa surgir no futuro, talvez em 1904".

Pois o facto é que se passaram vários séculos sem que ninguém conseguisse decifrar o mistério por detrás das enigmáticas palavras de Clitor, O Um Tudo-Nada Menos Negro Que Clito O Negro. Até que...

Até que, em 1903, os irmãos Wright conseguem voar. Orville havia roubado a Wilbur um conjunto de fotografias que este muito prezava, e seguiu-se uma perseguição animada. Cada um dos irmãos tinha construído um protótipo de "Máquina Voadeira", como eles lhe chamavam na altura, e ambos se lançaram em grandes voos, com loops, parafusos, pregos, chaves inglesas e outras difíceis manobras de cariz acrobático.

Ora, no meio de toda esta excitação, Wilbur abriu a boca para exigir ao seu irmão que devolvesse as fotografias, quando um pedaço de nuvem lhe entra na boca. Foi um momento de revelação. Wilbur esqueceu de imediato o seu conjunto de fotografias da série "Coxinhas Atrevidas", para se maravilhar com esta sua nova descoberta.

Faço um parêntesis, apenas para traçar um paralelo, para aqueles de vós que não conseguem compreender o significado deste momento histórico. Foi a mesma coisa que quando se descobriu que a Lua era feita de queijo. Excepto no que respeita ao crash que houve no mercado mundial do queijo, claro.

Bem, Wilbur e Orville lá sararam as suas divergências, e fundaram o primeiro negócio do algodão doce. Após atrairem investimento, construiram uma pequena esquadrilha de "Máquinas Voadeiras", que lhes permitiam colher imensas quantidade de algodão doce nas nuvens. Este era depois armazenado, limpo e cortado em doses, para venda ao público.

Após o sucesso na Carolina do Norte, os irmãos Wright decidiram ir à Feira Mundial de St. Louis, em 1904, para apresentarem o seu produto ao Mundo. Infelizmente, este acabou por não comparecer, pelo que os irmãos Wright acabaram por vender ao público que visitou a Feira as mais de 65,000 doses que haviam produzido.

Foi um sucesso. Chamaram-lhe o "Fio Dental das Fadas", e toda a gente concordou que era um nome muito bem escolhido, apesar de dar algum desconforto nas partes baixas. A moda do fio dental só perderia adeptos com a austeridade da WWII, sendo necessário aguardar pelos anos 70 para que conseguisse conquistar, novamente, um lugar ao Sol.

Voltando ao algodão-doce... com o sucesso do Fio Dental, os irmãos Wright lançaram-se noutros negócios de roupa doce, surgindo, eventualmente, a ideia da roupa comestível. Aliás, este é um pormenor que nos revela o quão avançados para a sua época eram estes dois empresários, uma vez que este é um nicho que ainda hoje permanece por explorar.

Bem, por hoje é tudo, no que diz respeito à História do algodão doce. Deixo os meus agradecimentos a Trom-Pete, O Palhaço Musical e a Snekkles, o Cão Pastor E Possuidor De Outros Talentos Muito Apreciados Pelas Ovelhas, pelo contributo que as suas obras deram para uma maior compreensão dos Mistérios da História.

Da próxima vez, irei falar da importância social do algodão doce, principalmente no que respeita aos Contratos Sociais dos anos 50, nomeadamente na Europa do Pós-Guerra.

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terça-feira, janeiro 02, 2007

Relevantes

Bem, após uma +/- longa ausência, eis-me de volta.

Antes de mais, um bom ano para todos... e todas, antes que me comecem a partir a cabeça :)

Daqui a umas semanas, vamos ter um referendo. Ao ver toda a atenção dedicada ao tema, não deixo de lamentar o facto de outros assuntos serem deixados para trás. É sobre isso que irei falar hoje.

Comecemos pelos transplantes...

Sim, os transplantes! Enquanto a Igreja condena o aborto, enquanto atentado à vida, fecha os olhos aos milhares de transplantes que ocorrem por esse país fora... que digo? Por esse país??? Por esse mundo!!!

Inocentes que recebem orgãos de outras pessoas, também elas vítimas de um sistema demoníaco, ou não fosse o mesmo potenciado pela tecnologia, esse conceito impuro, que tem por único objectivo a clivagem entre o Homem e Deus, a desespiritualização terrena, a desertificação da outroura fértil espiritualidade humana.

Entre os maiores atentados a essa espiritualidade está o transplante de coração! O coração, esse orgão máximo da vida humana, cuja promiscuidade se tornou desgraçadamente corriqueira.

Pois que a medicina moderna não tem como evitar a tragédia que é uma pessoa bondosa receber o coração de um mau elemento! E que dizer do marido fiel e apaixonado (mas tudo no maior respeito, claro) que se vê forçado a receber o coração de um libertino?

Se estas injustiças morais não fossem o suficiente para empalidadecer o mais resoluto defensor da moralidade e espiritualidade terrenas, temos ainda a ignomínia da injustiça legal.

Pois que agora com estes transplantes do orgão sexual masculino, imaginem se um pobre homem recebe o orgão de um exibicionista, p.ex. Se esse inocente alguma vez se vir numa linha de identificação, e lhe reconhecerem o orgão? Quem lhe limpará, então, a honra, manchada por toda esta balbúrdia tecnológica?

Não, senhoras e senhores, nisto não pensam aqueles indíviduos que se dedicam a conspurcar a alma dos fiéis, daqueles que, mantendo a sua alma forte, acabam por ser traídos por ideias ímpias que lhes são impostas, dissimuladas como actos para lhes salvarem a vida.

Mas, meus amigos, existem outras ameaças à espiritualidade, outras incarnações de Judas que se escondem sob um manto de pretensa cura e - frase maldita do nosso século - "melhoria de qualidade de vida".

Todos já ouvimos falar de casos em que são colocadas no corpo entidades que lhe são estranhas - máquinas, ferros, e outras coisas que não lembrariam nem ao demo.

E a pergunta que coloco, com toda a pertinência, é a seguinte: São essas entidades abençoadas? Alguém se lembra desse acto sagrado, de pedir a benção ao Senhor, antes de serem colocados no corpo a que Deus deu vida esses instrumentos estranhos? Como pode o Homem manter a sua espiritualidade, já de si tão ameaçada pelas tentações da vida moderna, quando a sua alma é destruída desta forma tão vil?

Enfim, falemos do aborto, sim.. mas não esqueçamos estes outros problemas importantes, para os quais a Igreja apresenta tantos argumentos, tão relevantes como estes que aqui enumerei.

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