domingo, novembro 26, 2006

Dia 3 - I Am Sterdam (Parte II)

Após a saída do BK, metemo-nos outra vez no eléctrico, para ir ao mercado das flores, uma vez que ainda ninguém tinha visto grande coisa de tulipas. Lá fomos, com atenção à paragem onde deveríamos sair, mas - mais uma vez - as tais senhoras com vozes simpáticas deram-nos uma ajuda.

Era um mercado, idêntico ao da Ribeira, mas ao ar livre. A maioria dos stands eram perfeitamente normais, apenas um sobressaía, pela forma como estava disposto, mesmo para chamar o turista. E funcionava, porque haviam vários turistas a tirar fotografias nesse stand, apesar dos papelinhos que diziam "No photo, please". Não percebi porquê, mas tudo bem.

Foi nessa altura que vi algo que me supreendeu - uma loja chinesa. Mas uma loja genuinamente chinesa, e não uma loja dos 300 com um nome chinês, como temos cá. Ou seja, era uma loja onde se vendiam artigos tipicamente chineses, e não refugo produzido a preço da chuva. Infelizmente, acabei por não entrar, mas foi uma surpresa agradável.

Nessa altura, separámo-nos. Havia um grupo que queria ir ao Madame Tussaud. Nós (os do outro grupo) queríamos ir ao Museu da Tortura (or so we thought). Antes disso, fomos à Praça Rembrandt, onde têm um jardim com uma estátua de Rembrandt, sobranceiro a um conjunto de estátuas que representam o seu quadro "Night Watch". Recomendo. Aproveitei o caminho para espereitar mais uma ou outra sex-shop, que as havia em grande quantidade.

Para comprovar que o português está em toda a parte, fomos abordados por um turista brasileiro, e estivémos um pouco na conversa.

Seguimos daí para o Museu da Tortura. Chegados à porta... bem, queremos entrar, ou não queremos...? Quem é que quer ir ver...? Epa, é igual à exposição que houve em Lisboa. Bem, eu não vi a exposição, e a entrada até era barata, mas o tempo era pouco, e eu não estava com muita pachorra para o gastar a ver instrumentos de tortura. Já me bastam as especificações/procedimentos/documentos de projecto que tenho que ver no dia-a-dia.

Assim sendo, decidimos seguir em direcção à Igreja Nova, na esperança de a visitar. Subimos, mas a Igreja já tinha fechado. Entretanto, o nosso casal de Coimbra estava novamente reunido, e decidimos assumir os nossos papéis - nós, os homens, ficámos num cafézito super-acolhedor a beber uma imperial, e as gajas foram ver montras.

Passado algum tempo, o resto do grupo chegou ao café. Nessa altura, surgiu a questão - now what? A malta queria ir ver a casa de Anne Frank. Eu ainda tinha uma compra muito importante para fazer, para uma menina que adora cavalos... estava difícil, porque na Holanda é mais vacas.

Decidi deixar a casa de Anne Frank para outra ocasião... fui o único, e lá me lancei sozinho pelas ruas de Amsterdão. Já era noite, mas as ruas continuavam cheias. Algumas já tinham iluminações de Natal, pelo que fui andando e curtindo o espectáculo.

Fui entrando em várias lojas de souvenirs, na minha Missão Impossível. Numa delas, na avenida que vai da Igreja Nova para a Central Station, um dos empregados perguntou-me, em inglês, se precisava de alguma coisa.

Eu respondi "No, I'm just browsing", mas depois decidi aceitar a oferta, e disse "I'm sorry, you seem to have lots of stuff with cows... but I'm looking for something with horses", ao que ele respondeu que isso seria muito difícil, pois o recuerdo típico era com vacas, e depois pergunta-me "You're from Portugal, right?"... ao que eu respondi um "Yes" muito surpreendido, o que o levou a dizer "Pois... nós, os portugueses, falamos inglês todos com o mesmo sotaque".

Estivémos um pouco na conversa. Da sua ida para Amsterdão; da resistência inicial dos pais, que achavam que o seu filho ia viver para um antro de droga e prostituição; da sua mudança de opinião, quando o foram visitar pela primeira vez; de como as coisas funcionavam por lá (por oposição a não funcionarem por cá); da diferença de mentalidades.

A certa altura, falei-lhe na minha desilusão com o Red Light, e foi aí que ele me me fez ver o meu erro - eu só tinha visto uma pequena parte. Havia muito mais ruas cheias de montras para ver, e ele explicou-me por onde seguir. Além disso, disse-me também que a melhor hora para passear por lá sem grandes problemas era ao início da noite, saíndo de lá por volta das 21:30. Por essa altura, a malta começava a sair das coffee-shops, alguns já sem saber muito bem o que andavam a fazer, portanto havia potencial para mais confusão.

Bem, após a conversa, continuei a minha cruzada... basicamente, um cavalo, um cavalo, o meu reino por um cavalo... mas lá tive que me contentar com umas vaquinhas.

Depois disso, enquanto ia ter com o pessoal, ainda vi mais umas sex-shops, e uma loja de lingerie com peças muito giras. Entrei, mas deparei-me de imediato com o problema do tamanho, como devem compreender. Acabei por sair, um pouco triste por nunca conseguir encontrar lingerie que me servisse...

Sim, estava a brincar, claro! O problema do tamanho é porque a pessoa para quem a queria comprar estava em Portugal.

Entretanto, fiquei à espera do resto do grupo na Praça da Igreja Nova (não, não memorizei o nome das ruas). Quando eles chegaram, lá fomos numa nova excursão ao Red Light. Se bem me recordo, deviam ser para aí umas 19:30 - 20:00.

Servimos de guias ao resto do pessoal, e fomos até à Igreja Velha, a igreja mais antiga de Amsterdão. As montras estavam mais ou menos na mesma. Depois, seguimos na direcção que o nosso amigo português havia indicado. A primeira montra que vimos... epa, foi passar do 8 para o 80.

Foi, sem sombra de dúvida, a mulher mais fabulosa que vimos ali, naquela noite. Parecia saída de um filme da Private (para quem não sabe o que é - lamento... a sério). Fisicamente, a mulher era deslumbrante, e ofuscava toda a gente que passava por ali... até as mulheres do nosso grupo concordaram.

And yet...

Voltamos à velha história de, para mim, o físico não ser suficiente. Na condição de comprometido em que me encontro actualmente, assumi claramente que a minha visita às montras seria puramente visual. No entanto, mesmo que assim não fosse, não seria esta mulher a conquistar-me. Porquê? Nariz demasiado empinado. "Ah, e tal, mas tu és cliente, portanto ela tinha que se aguentar", disseram-me algumas pessoas com quem comentei isto, mais tarde.

Não interessa. A verdade é esta, e pude confirmá-lo, "live" - uma tipa daquelas, apesar de deslumbrante, não me desperta o desejo. Tal como escrevi uma vez, atrai-me o olhar, mas não o prende por muito tempo. Quanto a dar-me vontade de entrar, para ir ter com ela... epa, esqueçam lá isso. Como se dizia nos meus tempos de juventude, "preferia uma hora bem passada com a irmã da canhota"... não, não estou a brincar, meninos e meninas.

Bem, filosofias à parte, eram umas 5 ou 6 ruas apenas com montras. Duas delas eram tão estreitas que duas pessoas passavam com alguma dificuldade. Nalgumas das montras, viam-se mulheres cuja idade já lhes deveria recomendar outra profissão. Achei giro que numa das montras estavam 3 mulheres... ficámos a pensar se seria apenas para grupos.

Houve uma outra mulher que encheu os olhos a toda a gente... mas essa já não a vi, porque tinha acabado de arranjar negócio e sair da montra.

E a mim? Bem, há sempre uma eleita, claro, e aqui não foi excepção. E o que é que me fez decidir? A simpatia... o sorriso, o brilho nos olhos... fisicamente, não era tão deslumbrante como a primeira mulher de que falei acima, mas também era bastante atraente... também ficaria muito bem num filme da Private. Mas tinha um sorriso que originava nos lábios e reflectia no olhar... fascinante!

"Ah, aquilo é só para atrair os gajos"... sim, sem dúvida. E - surprise, surprise - funcionou. De todas as mulheres que vimos ali, seria a única que me levaria a entrar, a única que conseguiu atrair-me o olhar, convencê-lo a descansar mais um pouco nos seus olhos, para depois o algemar com tanta simpatia... e depois, para o meu olhar sair dos olhos dela? Acho que tenho um olhar com espírito de Houdini... podem não acreditar, mas só depois disto tudo é que lhe consegui olhar para o corpo.

Enfim, fabulosa! Sem desprimor para as outras, mas a vida é assim.

Bem, de resto... dado o adiantado da hora, o ambiente estava mais animado que no dia anterior, sem dúvida. Até se viam miúdos a correr de um lado para o outro, a ver as montras... das sex-shops, que são um pouco mais explícitas que as de cá. Aqui e ali, polícias de bicicleta... não havia ali sinal de insegurança, pelo menos à hora a que lá andámos.

Ainda entrámos numa sex-shop, que foi a melhor que vi lá. Espaço amplo, bem iluminado, com as coisas bem organizadas... quase parecia um pequeno super-mercado.

Foi lá que vi, pela primeira vez, uma ovelha insuflável, que estava em exposição. Tinham também um preservativo de corpo inteiro. Aliás, o bom gosto desta loja estava patente no facto de terem uma secção só com filmes da Private.

Em termos de compras, os tipos tiveram algum azar. Eu fiz uma compra, mas uma amiga minha que queria levar um fatinho, não teve a mesma sorte. Novamente o tamanho. Pelos vistos, ela é demasiado... compactazinha...

Bem, estava a chegar a hora recomendada para sair, já tínhamos - finalmente - visto um pouco do que tornava o Red Light famoso (e, sim, vale a pena visitar), e estávamos a ficar com alguma fome. Estava na altura de nos pormos a caminho.

E este post já vai comprido como tudo... mas se eu deixasse o Red Light para a parte III, acho que alguém me enforcava.

O resto fica para depois, incluíndo a visita ao Sex Museum.

3 Comments:

Blogger inBluesY said...

só ocorre dizer, existem olhares e olhares, enfim, alguns de muita profundidade sim.

11:02  
Blogger A said...

... são os chamados olhares de GRANDES ANGULARES (pois pois pois)

daí o teu ar de feliz e contente quando chegaste das Holandas e agora temos de gramar com estes posts dos olhares das gajas e coiso e tal e coiso... pois pois...

Havias de ser mê marido que havias era de comer cenas queimadas todos os dias... lol

(uma gaja tem de ser muito openminded nos dias que correm... ao menos as gajas eram boas??)

Beijos ;)

15:33  
Blogger A said...

... vires para aqui falar dos olhos das gajas... eh pá... ainda se falasses doutras coisas...


e gajos?

Não???.........

e droga? havia?

:D

Mil beijos amiguinho

(tenho de ver se animo este teu Blog que anda muito holandês)

15:36  

Enviar um comentário

<< Home