Tapar o Sol com a peneira
Ah, o glorioso relatório do F.E.M. ...
Não posso dizer que tenha ficado surpreendido com o resultado. Fiquei surpreendido, isso sim, por alguém - finalmente - concordar comigo, no que respeita ao tradicional embate Público-Privado. Ao contrário de algumas opiniões que ouvi, não vejo este resultado como a confirmação que o sector Público é superior ao Privado. Apenas como um balde de água fria para os papagaios que durante anos andaram a repetir o mantra "O Privado é que é bom e o Público não vale nada".
Para mim, a grande virtude deste relatório é, efectivamente, ser um nivelador, demonstrar a falácia daqueles que apontam as privatizações como panaceias para todos os males, cuja aplicação irá, por si só, resolver todos os nossos problemas. Não, meus caros, a privatização significa apenas que passarão a ser outros os bolsos que se enchem, nada mais. A gestão incompetente, essa faz parte de nós, por um motivo muito simples - é o caminho mais fácil, e não tem consequências (é este segundo ponto que nos lixa e nos impede de alguma vez nos conseguirmos tornar num país a sério).
A realidade é simples, e só não vê quem não quer - Público e Privado são igualmente maus, e merecem-se um ao outro. O Público precisa do Privado para o financiar, através dos Impostos. E o Privado precisa do Público, para garantir o seu lucro. Lucro este que não é conseguido tanto à custa de trabalho, mas sim à custa de negócios espertalhões, onde "toda a gente sai a ganhar". É claro que existe um senão nesta equação - os tipos que financiam não são os mesmos que são beneficiados nestes negócios; antes pelo contrário.
Nota: Sim, eu sei, caríssimos leitores. Cada um de vós é uma excepção a esta regra. Sois todos pessoas extremamente honestas, incapazes de vos aproveitardes de qualquer vantagem indevida. Congratulo-me por esse grau de civismo e cidadania, e agora peço as vossas mais sinceras desculpas, mas tenho que me subtrair à vossa companhia, para levar a cabo a aquisição de alguns terrenos em Marte.
Enfim, isto não vai mudar nada. Iremos continuar as nossas vidinhas todos contentes, a ouvir (e a ignorar, claro) as opiniões de um conjunto de pseudo-gestores iluminados que apontam soluções para o país, quando nem sequer conseguem gerir de forma eficiente as suas empresas e institutos.
As suas soluções são sempre as mesmas - contenção/corte salarial e redução/eliminação de benefícios (selectivas, claro, o que é óptimo porque, convém não esquecer, o exemplo vem de cima). Enfim, se isto é o melhor que eles conseguem fazer, então sugiro que os substituam por arrumadores de carros. Não se perderá nada na performance, que continuará muito má e falha de imaginação, mas poderemos poupar uns valentes trocos em salários...
Bem, depois de ter passado uns diazitos em Espanha (recomendo vivamente a Galiza, sem reservas; faço tenções de lá voltar, para ver as coisas com mais calma), e ter visto como é bom estar num país onde as coisas são relativamente bem feitas e funcionam, nada melhor do que um banho de realidade, para regressar ao Planeta Terra... ou, neste caso, ao Planeta Nossa-Terra.
Sim, posts curtinhos... o tempo não abunda, infelizmente
Não posso dizer que tenha ficado surpreendido com o resultado. Fiquei surpreendido, isso sim, por alguém - finalmente - concordar comigo, no que respeita ao tradicional embate Público-Privado. Ao contrário de algumas opiniões que ouvi, não vejo este resultado como a confirmação que o sector Público é superior ao Privado. Apenas como um balde de água fria para os papagaios que durante anos andaram a repetir o mantra "O Privado é que é bom e o Público não vale nada".
Para mim, a grande virtude deste relatório é, efectivamente, ser um nivelador, demonstrar a falácia daqueles que apontam as privatizações como panaceias para todos os males, cuja aplicação irá, por si só, resolver todos os nossos problemas. Não, meus caros, a privatização significa apenas que passarão a ser outros os bolsos que se enchem, nada mais. A gestão incompetente, essa faz parte de nós, por um motivo muito simples - é o caminho mais fácil, e não tem consequências (é este segundo ponto que nos lixa e nos impede de alguma vez nos conseguirmos tornar num país a sério).
A realidade é simples, e só não vê quem não quer - Público e Privado são igualmente maus, e merecem-se um ao outro. O Público precisa do Privado para o financiar, através dos Impostos. E o Privado precisa do Público, para garantir o seu lucro. Lucro este que não é conseguido tanto à custa de trabalho, mas sim à custa de negócios espertalhões, onde "toda a gente sai a ganhar". É claro que existe um senão nesta equação - os tipos que financiam não são os mesmos que são beneficiados nestes negócios; antes pelo contrário.
Nota: Sim, eu sei, caríssimos leitores. Cada um de vós é uma excepção a esta regra. Sois todos pessoas extremamente honestas, incapazes de vos aproveitardes de qualquer vantagem indevida. Congratulo-me por esse grau de civismo e cidadania, e agora peço as vossas mais sinceras desculpas, mas tenho que me subtrair à vossa companhia, para levar a cabo a aquisição de alguns terrenos em Marte.
Enfim, isto não vai mudar nada. Iremos continuar as nossas vidinhas todos contentes, a ouvir (e a ignorar, claro) as opiniões de um conjunto de pseudo-gestores iluminados que apontam soluções para o país, quando nem sequer conseguem gerir de forma eficiente as suas empresas e institutos.
As suas soluções são sempre as mesmas - contenção/corte salarial e redução/eliminação de benefícios (selectivas, claro, o que é óptimo porque, convém não esquecer, o exemplo vem de cima). Enfim, se isto é o melhor que eles conseguem fazer, então sugiro que os substituam por arrumadores de carros. Não se perderá nada na performance, que continuará muito má e falha de imaginação, mas poderemos poupar uns valentes trocos em salários...
Bem, depois de ter passado uns diazitos em Espanha (recomendo vivamente a Galiza, sem reservas; faço tenções de lá voltar, para ver as coisas com mais calma), e ter visto como é bom estar num país onde as coisas são relativamente bem feitas e funcionam, nada melhor do que um banho de realidade, para regressar ao Planeta Terra... ou, neste caso, ao Planeta Nossa-Terra.
Sim, posts curtinhos... o tempo não abunda, infelizmente
2 Comments:
humm :D quem disse que eu sou honesta ...?
faz o que eu digo não faças o que eu faço, tenho sempre a teoria do meu comportamento nas passadeiras :) é verdade muito pouco bonito eu sei, para mim anda tudo adormecido, demasiadamente adormecido.
[depois volto com mais tempo, noutra hora de café:)]
A má gestão e incompetência vem das pessoas, e não de servirem no público ou no privado. Infelizmente. Fossem todas as soluções e distinções tão simples!
Mas público ou privado, a verdade é que todos os sectores empresariais deveriam servir o interesse público.
Não sou economista, nem percebo nada de gestão, mas há uma coisa que me aflige imenso em Portugal: o facto de não se valorizar e investir no capital humano. Se a maior parte das empresas são da área de serviços, é o pessoal que lá trabalha o maior valor que têm, ou não?
(a Galiza é uma pérola. experimenta as praias e as ostras, mas em meses sem "R", que não te desejo uma intoxicação)
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