quinta-feira, outubro 26, 2006

General Idades

Durante alguns meses, fui um fiel espectador do "Elas Sobre Eles". Até cheguei a escrever para lá, e o meu mail até foi mencionado, e parcialmente lido. Foi em meados de Janeiro (14 e 15) que fui um sucesso, na SIC Mulher :)

Entretanto, deixei de ver. Aquilo começou a ficar demasiado repetitivo. Excepção feita à Ana Marques, era basicamente um programa a desancar nos homens, e pouco mais. Aliás, nesse aspecto sempre achei o "Eles Sobre Elas" mais equilibrado.

Anyway...

Num dos últimos programas que vi, apercebi-me que elas, de cada vez que diziam "Os homens isto, os homens aquilo", apressavam-se a acrescentar "Mas há excepções, claro". Até que, eventualmente, alguém disse "Não podemos estar constantemente a dizer que há excepções. Não deveria estar implícito?".

Não sei... deveria?

O cérebro humano está construído para a generalização. É assim que aprendemos. Observamos, abstraímos, classificamos. Atentem bem no segundo passo... abstrair...

O Wikipedia diz:

"Abstraction is the process of reducing the information content of a concept, typically in order to retain only information which is relevant for a particular purpose"

Ou seja, de forma a melhor apreendermos algo, removemos um conjunto de informação que consideramos irrelevante; isso permite-nos concentrar a nossa atenção apenas nas características que consideramos essenciais para a nossa análise, e eventual posterior classificação/conclusão.

Mas isto tem um efeito secundário algo aborrecido, que é quando começamos a falar de pessoas. Aqui, a coisa fia mais fino. As pessoas tendem a ficar algo agastadas quando são abstraídas. É o tipo de atitude que faz com nos lancem olhares pouco amistosos, eventual prelúdio para que nos lancem palavras pitorescas e coloridas, eventual prelúdio para que nos lancem objectos contundentes e eventualmente coloridos (apesar de este último requisito ser algo flexível).

Bem, temos um problema... se queremos falar sobre um determinado comportamento que é prevalecente num determinado universo, i.e., numa determinada classe de pessoas, vamos ter que efectuar uma abstração sobre cada elemento dessa classe, i.e., reduzir cada elemento a um conjunto de características base. No entanto, ao fazer isso, estamos a retirar a essas pessoas aquilo que as torna únicas. Pior, podemos estar a incluir num determinado conjunto pessoas que nem sequer possuem todas as ceracterísticas para fazer parte do mesmo...

Então, o que fazer?

Bem, temos a alternativa referida acima, utilizada pelas nossas amigas. P.ex.,

"Enfim, mantenho o que disse na segunda parte do post anterior - as mulheres (há excepções, claro) andam um pouco à toa (excepto as excepções, claro), a tentar perceber como deverão evoluir para o papel de destaque (há excepções, claro) que reclamam para si próprias (há excepções, claro). Contrariamente aos comentários que recebi (há excepções, claro), não acho que isto seja algo de depreciativo (há excepções, claro); é apenas humano (há excepções, claro). Este papel é tradicionalmente masculino (há excepções, claro), e tem associado um determinado comportamento (há excepções, claro), o tal "comportamento masculino" (há excepções, claro) que a mulher (há excepções, claro) parece exibir cada vez mais (há excepções, claro)"

Não é por nada, mas parece-me um tudo-nada secante. i.e., corta completamente a linha do texto. Mas poderá haver excepções, claro.

Poderemos fazer outra coisa, que seria dar uma indicação inicial de que haveriam excepções à generalização que estávamos a fazer, deixando que o leitor aplicasse o seu bom-senso para as determinar... aplicando este bom-senso geral, arrisco a afirmação de que a leitura média seria algo do género:

"Enfim (há excepções, claro), mantenho (há excepções, claro) o que disse na segunda (há excepções, claro) parte do post anterior - as mulheres andam um pouco (há excepções, claro) à toa, a tentar (há excepções, claro) perceber como deverão evoluir para o papel (há excepções, claro) de destaque que reclamam (há excepções, claro) para si próprias (há excepções, claro). Contrariamente (há excepções, claro) aos comentários (há excepções, claro) que recebi, não acho que isto seja algo (há excepções, claro) de depreciativo (há excepções, claro); é apenas (há excepções, claro) humano. Este papel (há excepções, claro) é tradicionalmente (há excepções, claro) masculino (há excepções, claro), e tem associado um (há excepções, claro) determinado comportamento (há excepções, claro), o tal "comportamento masculino" (há excepções, claro) que a mulher parece (há excepções, claro) exibir cada vez mais (há excepções, claro)"

Não perceberam? Será que têm alguma falta de bom senso? :) Bem, OK, não me parece que tenha ficado assim muito mais claro, não acham?

Bem, ocorrem-me outras alternativas idiotas... que surpresa, não é? :) Mas não me ocorre nada que consiga substituir a generalização. É um mecanismo com o qual estamos habituados a funcionar. É algo que nos é natural. É algo que não me parece saudável - ou sequer útil - contrariar. Mesmo correndo o risco de ser fulminado :)

Enfim, toda a regra tem excepção. É um facto. Mas será que convém não generalizar?

Ou podemos cagar no assunto, dizer "que se lixe" e pegar nas palavras do Imortal Freddie: "I really do feel like being evil tonight".

Your call, my darlings :)

10 Comments:

Blogger Sea said...

Toda a regra tem uma excepção e esta, não foge à regra :D:D

12:10  
Blogger inBluesY said...

bem, tirando esta maldita dor de cabeça, que não é excepção nesta cabecinha louca, e lendo em diagonal acentuadíssimo diria que a primeira coisa que retirei deste post foi um fabuloso exercício aos meus H e a que nunca raio sei utilizar, sim shame on me, mas tb não é com esta idade avançada que vou lidar com promenores desses (esq e direitas e velocidades nas passadeiras)


:DDD

14:25  
Anonymous Anónimo said...

Neste caso não foi excepção: excelente post! :-)

19:08  
Blogger Alberto Oliveira said...

Exceptuando aquele pequeno toque que a minha colega Rita me deu no meu Punto de estimação, argumentando que a culpa foi das pressas em voar?! para casa no seu inestético Athos para ir fazer as sopas à famelga. Excepcionalmente dei-lhe razão e por um bom motivo; há imenso tempo que uma gaija não me dava um toque. Excepção feita à Rosa do secretariado; que me deu uma pantufada à má fila por eu lhe ter dito que "da sua nuca para baixo, lhe adivinhava o paraísos por desbravar... ".

abraço.

21:52  
Blogger Patrícia said...

Oh pá, que saudades de te ler, Llyrnion! :D Consegues sempre fazer-me rir! :D

Thanks :)

14:49  
Blogger SpiritMan aka BacardiMan said...

Deveria pois, mas como têm problemas nao o dizem! Lool!

Cumprimentos mixed by Jameson 12 anos!

16:17  
Blogger Kiii said...

ha sempre aquele excepção... mas tambem esperamos sempre q a haja.. concordo contigo... a questao da generalização impoe-se... mas quem é que tem todas as respostas?
enfim... gostei imenso do teu blog.. vou voltar
x

18:12  
Blogger A said...

Programas de suposta maledicência em canais que mais parecem um Apartheid de Gajas... dispenso.

Mas calculo...

Verifique-se que algumas mulheres gostam daquela trampa pseudo-feminista e alguns homens ainda dêm tempo de antena a esse Freak Show. Não há pachorra. E desde que inventaram os DVD's e os downloads a TV deixou de ser um motivo de "programa" autónomo passando a mero electrodoméstico de auxílio (do DVD).

Mas compreendo o que dizes e sim, haja a triagem lógica de pensamento (para quem o tenha, claro) que nos permite fazer a classificação de conceitos - até de pessoas e objectos. Claro que também há as pessoas-objecto :)

A temática é infinda mas esgota-se um pouco em si, pelo que não nos resta muito mais do que viver e ir absorvendo outros conceitos e experiências de vida.

Se há excepções, claro que as há, e ainda bem. A tudo o que conhecemos e de tudo o que gostamos. E até do que não gostamos.

A problemática homem-mulher continua empolada e continuará sempre; a problemática mulher-mulher também (como podes ter reparado no teu Blog) mas nada que um par de chapadas não resolva por vezes com uma boa gargalhada no fim.
Alguns seres denominados de mulheres deveriam aparecer na National Geographic, não duvides, pelos grandessíssimos animais que são.
Já agora, alguns homens também.

Mas há excepções, claro.
E ainda bem...

Beijos Llyrnion (fantástico post)

12:58  
Blogger inBluesY said...

sabes q acho ... perdemos tempo demais com tontarias contudo é demasiado simples, mas nós insistimos em complicar apenas pq o simples não enche, e sim tens razão a idade é um factor importantissimo para as excepções.

1 BJ*

14:36  
Blogger homempasmado said...

Oi L:

Apesar de ter gostado de todo o post (exceptuando algumas partes :-), não posso deixar de melgar o maralhal que escreveu, com o facto de que, a regra que diz que todas as regras têm excepção, tem ela própria uma excepção.

Ou seja, uma regra (ou mais) sem excepção!
;-)

E nesse caso, ao contrário do que disseste, não é um facto que todas as regras tenham excepção.

Mas se não é um facto, que será? Uma generalização?
Eheheheheheh!

08:40  

Enviar um comentário

<< Home