quarta-feira, maio 31, 2006

Quem não arrisca...

Data original: 2005-08-08

Como introdução ao tema de hoje, apresento-vos um poema da minha amiga Adelina Palma (a quem agradeço ter-me permitido inclui-lo no meu post de hoje):

FAZER OU NÃO FAZER EIS A QUESTÃO

O que há que fazer tem que ser feito
no tempo que nos é dado fazer,
se durante esse tempo não for feito
bem feito poderá nunca mais ser!

S'uma causa provoca um efeito
cujo fim é urgente conhecer
a solução é seguir a direito
assumindo o que tem que se fazer!

É preferível sofrer pelo defeito
de algo que era mister cometer
não ter surtido o desejado efeito,

que viver a dor de se arrepender
de não ter tido coragem no peito
p'ra tentar o que havia que fazer!...

Podem visitar o seu site em http://adelinapalma.com.sapo.pt/, onde estão mais poemas e contos. É uma excelente escritora, e já conseguiu publicar um livro (que recomendo sem reservas), unicamente à custa do seu talento e do seu esforço.

Então, o tema de hoje. Quem não arrisca, não petisca. Nem sempre o risco é apetecido. O salto no desconhecido assusta qualquer um, principalmente quando nos acompanha a percepção de que temos muito a perder, se o voo não correr bem.

Mas, há uns dias atrás, estava eu a pensar nisto, quando me apercebi da ironia da situação. O salto no desconhecido é arriscado, é certo... então, podemos concluir que quem recolhe as asas e se afasta do precipício evitou o risco, certo? Bzzzzt! Resposta errada.

O risco - tal como o IRS - é uma constante humana, e não há como evitá-lo. Quando dizemos a nós próprios "Isto é arriscado, tenho que ponderar bem o assunto, afinal, não preciso de fazer isto agora, tenho muito tempo", o risco da inacção está ali à nossa frente, como um elefante vestido de bailarina a dar triplos mortais em cima da nossa colecção de cristais da Boémia :) Mas quantas vezes vemos esse risco, ou pensamos sequer nele?

Algum de vocês sabe quanto tempo lhe resta, ou que qualidade de vida terá durante esse tempo? Por cada dia em que optamos por não levantar voo, temos uma, e uma só, certeza: É mais um dia que passamos no chão.

E se, por acaso, estamos à espera que o dia de amanhã nos traga mais garantias que o de hoje, convém lembrarmo-nos de um facto incontornável: A única garantia da vida é a morte... nem mesmo o défice tem este grau de inevitabilidade :) A verdade é que, a qualquer instante, podemos descobrir que, afinal, passámos o nosso prazo de validade. E nessa altura, como será? Talvez encontremos dentro de nós um Lance Armstrong... ou não - da última vez que verifiquei, continuava a haver só um.

Se me permitem, vou aproveitar este momento para tirar o chapéu aos gestores. Desta vez, estão um passo à frente de todos nós, pelo menos na sua vida profissional. Nas suas análises de risco, existe um item denominado "risco de oportunidade perdida". Pelos vistos, alguém decidiu prestar atenção a algo que, a nós, nos costuma escapar. Porque, afinal, o risco está sempre ligado à acção, e nunca à inacção, certo...? Bem, pelo menos, vejo que já começam a concordar que não... temos progresso :)

Creio que ninguém discordará, então, que o risco é inevitável, quer sigamos uma determinada acção, quer nos deixemos ficar comodamente onde estamos. Mais ainda - ao ficarmo-nos pela inacção devido à incerteza do futuro, estamos a permitir que um determinado aspecto da nossa vida possa vir a ser decidido por acções de terceiros. E posso garantir-vos que existem poucas coisas mais frustrantes que isso.

Gostaria, agora, de juntar algumas citações, para introduzir a conclusão:

"The love you send out returns to you in time
The wheel gets turned around by those who try
For all their lives" (Triumph, "Time Goes By")

"Which is stronger, your hope or your fear?
Meet the challenge of your life" (Triumph, "Never Say Never")

"All the odds are against you, but somehow you make it through
You can rationalize it away, but it all comes down to you" (Triumph, "Somebody's Out There")

"Where there's will, there's a way" (ditado popular)

Defendo uma teoria sobre o tema de hoje. Não digo "tenho uma teoria", porque não é minha. Aliás, é tão simples que deve ser universal.

Acredito que, no que toca às decisões que estão ao nosso alcance, só não fazemos aquilo que não queremos fazer, aquilo que não temos qualquer vontade de fazer; eu não vos disse que a teoria era simples? :) Porque, se tivermos realmente vontade de fazer algo, não existem riscos que nos façam parar.

Existem poucas decisões mais arriscadas do que ter um filho. Aqueles de vocês que os têm, concerteza devem ter pensado nos riscos. No entanto, isso não vos impediu, pois não? Porquê? Porque vocês queriam ter filhos. Ponto final. Gravidez natural, fertilização, adopção, whatever. Quando há vontade, há solução para tudo.

Quando há vontade, não existe indecisão ao estilo da tragédia grega, "Oh, Deuses cruéis, que fazer, que fazer...? Almôndegas de pescada ou tomates recheados com souflé de salmão e leite condensado?" :) não existe "Eu faria, se..."; não existe "Eu quero fazer, mas..." - ou queremos ou não queremos.

Portanto, permitam-me terminar com uma sugestão - da próxima vez que estiverem a ponderar dar um passo arriscado, façam um favor a vocês mesmos: Não se escondam atrás do risco. Não digam "Epa, eu até gostava, mas é muito arriscado, tenho medo de...". É que, ao fazerem isso, estão apenas a mascarar a verdadeira razão pela qual preferem ficar onde estão. Uma razão que nada tem a ver com um eventual-hipotético-futuro-que-talvez-possa-um-dia-quem-sabe-vir-a-acontecer, mas sim com algo bem concreto e bem presente, aqui e agora. Descubram esse "algo" e, quem sabe, talvez aprendam mais qualquer coisa sobre vocês próprios.

Porque garanto-vos que quem diz "Eu até gostava, mas é muito arriscado", está apenas a enganar-se a si próprio... e, possivelmente, a mais ninguém.

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

domingo, maio 28, 2006

Conspirações

Entre os assuntos que me fascinam, encontra-se a guerra, em particular a WWII. Uma amiga minha ficou chocada quando eu lhe disse isto, mas é verdade.

O assunto fascina-me por três motivos
- Por ver que o facto de estarem em jogo vidas, centenas ou milhares de vidas, não muda em nada a atitude da maioria das pessoas, que continuam a cometer erros crassos, baseados apenas na teimosia ou na mesquinhez.

P.ex., na altura do desembarque na Normandia, Hitler tinha uma reserva de Panzers pronta para entrar em acção. Se isto tivesse acontecido, os alemães poderiam ter inviabilizado o avanço dos Aliados. Mas Hitler não o fez em tempo útil, por considerar que a invasão era uma manobra de diversão.

O oficial que comandava as tropas alemãs em França (deveria ser Rommel, mas este tinha ido passar uns dias com a família, na Alemanha) detestava Hitler, e recusou-se a pedir ao "cabozinho nojento" (não foi esta a expressão, mas era este o sentimento) que mandasse avançar esses Panzers.

- Por me aperceber da importância que o acaso (ou sorte, ou azar, ou whatever) tem em tudo. Afinal, se hoje não andamos todos a falar alemão, devemo-lo à coragem e ao sacrifício de muita gente, mas também a uma série de acasos.

P.ex., a guerra só não acabou mais cedo porque alguém tinha os pés grandes :) Em 44/45 houve um atentado contra Hitler. A ideia era simples, e foi planeada por um conjunto de generais. Os seus motivos eram, também, simples. Eram militares, faziam o que lhes mandavam, mas tinham inteligência suficiente para ver que a guerra estava perdida, e que deveriam tentar negociar um armistício enquanto ainda estavam em condições de o fazer.

Quanto aos pés grandes... deixaram uma mala com explosivos encostada a uma coluna, numa sala onde Hitler ia ter uma reunião. Supostamente, um dos oficiais presentes, devido ao sítio onde estava, bateu com o pé algumas vezes nessa mala, e decidiu colocá-la do outro lado da coluna. Desta forma, a coluna ficou entre Hitler e a bomba. Quando este rebentou, a coluna protegeu o ditador do impacto, salvando-lhe a vida. São as coisas do Destino.

- Por ver que, com o passar dos anos, nem tudo o que parece, foi.

Relativamente a este último ponto, vi este Sábado, no Canal História, um documentário em duas partes sobre um conjunto de situações que continuam por esclarecer relativamente à morte de Mussolini. Nem tudo o que ali se dizia estava provado a 100%, mas havia indícios suficientes para o Canal História exibir o documentário.

Os personagens centrais do documentário eram um ex-agente secreto dos USA, um ex-membro da resistência italiana, que foi supostamente quem executou Mussolini, e uma italiana, suposta testemunha dos acontecimentos.

Apresentemos, então, os factos.

1. Churchill contactou Mussolini por carta, e ambos mantiveram correspondência entre 1940 e 1945. Não creio que seja um assunto consensual, mas existem historiadores que não duvidam da autenticidade das primeiras cartas. Nestas, Churchill pedia a Mussolini que mantivesse a neutralidade no conflito entre os Aliados e a Alemanha. Em troca, oferecia-lhe, em nome da Coroa Britânica, um conjunto de territórios na Europa e em África. O busílis da questão é que a maioria desses territórios não eram britânicos - a Córsega, a costa jugoslava, territórios franceses em África, etc.

2. A certa altura, Churchill pede a Mussolini que se junte à Alemenha, declarando guerra aos Aliados. Facto não comprovado. O objectivo declarado seria que Mussolini pudesse ter uma influência pró-britânica sobre Hitler. Hitler que, nesta altura, ainda via o ditador italiano como um ídolo.

3. Mussolini tinha interesse em manter este jogo, pois não tinha confiança numa vitória alemã. Tanto quanto sei, facto não comprovado.

4. Quando a sorte da guerra começou a virar, Churchill alterou as propostas, que ficaram muito menos generosas, e a sua preocupação principal passou a centrar-se na devolução da correspondência que Mussolini tinha em seu poder. Facto não comprovado.

5. Mussolini passou à máquina essa correspondência, fazendo várias cópias da mesma, e entregou-as a um conjunto de pessoas de confiança. Facto não comprovado. Vários elementos (italianos e americanos) declararam que viram essas pastas, e confirmaram a existência de correspondência entre Mussolini e Churchill.

6. Já na fase final da WWII, após o desembarque Aliado em Itália, Churchill propôs a Mussolini uma aliança para travar o avanço dos soviéticos na Europa. Supostamente, essa ideia caiu por terra porque os soviéticos ganharam terreno demasiado depressa para que isto pudesse ter algum efeito prático. Facto não comprovado. A sua credibilidade advém do facto de Churchill abominar, de corpo e alma, o Comunismo.

7. Mussolini e a sua amante não foram executados pela facção comunista da Resistência, na tarde de 28 de Abril de 1945. Foram mortos na manhã desse dia, por uma brigada não-comunista da Resistência, coordenada por um agente inglês. Facto não comprovado. No documentário, o homem que executou Mussolini conta como tudo aconteceu e a testemunha italiana que vivia ali perto confirma a hora dos disparos. O agente inglês executou a amante de Mussolini, por esta saber demasiado sobre a correspondência, e não escondeu o facto de que andava à procura de documentos importantíssimos. Segundo vários membros da Resistência, na altura da queda das forças alemãs no Norte da Itália, apareceram junto da Resistência italiana inúmeros agentes ingleses, todos muito preocupados com os documentos de Mussolini. Outro aspecto a considerar é o facto de, nos anos que se seguiram aparecerem, pelo menos, três relatos oficiais da execução de Mussolini com pormenores diferentes. Além disso, elementos da Resistência comunista comentaram que os cadáveres de Mussolini e da amante não tinham qualquer sangue, e estavam rígidos, ao contrário dos cadáveres dos Ministros do ditador, que haviam sido executados na "mesma altura".

8. O agente inglês tirou várias fotos do casal morto, bem como dos membros da Resistência que estavam presentes. Facto não comprovado. No documentário, o americano e o italiano acusam os ingleses de possuirem essas fotos. Segundo o italiano, o compromisso britânico era que as mesmas lhe seriam entregues em 1995 (50 anos após os acontecimentos), mas até hoje, nada. O americano afirma ter utilizado alguns contactos dentro dos serviços secretos britânicos, mas que estes, sem negarem a existência das fotos, disseram-lhe que "nada podiam fazer".

9. Nos meses que se seguiram à morte de Mussolini, diversos elementos da Resistência que tinham estado mais em contacto com esta questão foram morrendo. Facto comprovado.

10. Nos anos que se seguiram, Churchill foi diversas vezes passar férias à região italiana dos Grandes Lagos, na fronteira com a Suiça, onde Mussolini foi morto. Facto comprovado.

11. Durante essas visitas, havia uma actividade acrescida de agentes ingleses na região, à procura dos documentos. Facto não comprovado. No documentário, menciona-se, pelo menos, uma ocorrência em que um arquivo é assaltado, mas os assaltantes não tocam em nada do que seria mais normal - dinheiro, objectos de valor, etc. A sua atenção concentrou-se apenas nos documentos.

12. Até ao início da década de 50, continuaram a morrer pessoas que haviam estado ligadas a estes acontecimentos. Facto comprovado.

Já não me recordo da data exacta, mas ou foi em final dos 50s ou algures nos 60s que apareceram em público as primeiras cópias das cartas, que foram publicadas em várias revistas. Não deixa de ser curioso que, sendo um assunto relativavmente controverso, e publicado há mais de 30 anos, eu nunca tenha ouvido falar dele, mas pode ter sido falta de atenção da minha parte.

É por isto que estas histórias me fascinam. São teorias da conspiração, mas como todas as boas teorias, são credíveis. Não me espanta nada que houvesse realmente muita gente a morrer apenas para preservar a credibilidade política de Churchill.

Há mais histórias como esta. P. ex., quando os alemães invadiram a URSS, encontraram valas comuns nas partes da Polónia que tinham estado sob ocupação soviética. Anunciaram o facto com pompa e circunstância, atribuindo o massacre aos soviéticos (dava-lhes jeito, pois os polacos eram o elo de ligação nas negociações anglo-soviéticas), e até permitiram o acesso de repórteres neutros e de autoridades polacas ao local. Quando os soviéticos recuperaram esses territórios, mudaram a versão dos acontecimentos - afinal, aquelas valas comuns haviam sido resultado da acção alemã. Curiosamente, os soviéticos não permitiram a ninguém o acesso ao local, para examinar as "novas provas" que os haviam feito chegar a esta conclusão.

Um dos polacos que recebeu as provas apresentadas pelos alemães estava em Inglaterra, e era o líder do grupo de polacos que andava a ajudar nas negociações entre Estaline e Churchill. Este polaco ficou completamente convencido da veracidade das acusações alemãs, e anunciou a Churchill que não iria continuar a participar nestas negociações, e que iria aconselhar os restantes polacos a tomarem uma atitude semelhante. Este indivíduo morreu repentinamente, passados uns dias, e foi substituído na liderança por outro, menos dado a acreditar nas provas alemãs.

Há alguns anos, já com Putin na presidência, os russos realizaram uma investigação, a pedido dos governo polaco. Essa investigação produziu várias dezenas de dossiers. Apesar de esses dossiers se referirem a eventos passados há mais de 50 anos, foram considerados como confidenciais, não foram entregues ao governo polaco, e a versão oficial dos russos mantém-se - o massacre foi efectuado pelos alemães.

E o mais irónico é a forma como a credibilidade destas teorias é reforçada pela reacção dos visados.

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

quinta-feira, maio 25, 2006

13 Músicas - parte VI

Bem, pessoal, respirem de alívio, porque a lista acaba hoje :)

11. Dokken - "Walk Away"
Esta terá sido, provavelmente, a banda mais idiota de que tenho conhecimento (apenas ultrapassada pelos Guns 'n' Roses).

Andaram entre 83 e 87 à procura do famoso "multi-platinum sucess", i.e., vendas de vários milhões de álbuns nos USA. Quando o conseguem... separam-se! Burros!!!!!

E porquê, perguntam vocês... simples. Don Dokken, o vocalista, e George Lynch, o guitarrista, andavam constantemente às turras. E o problema era que as canções eram claramente ditadas por Dokken, mas o toque de génio que fazia com que esta banda fosse diferente de tantas outras da altura era o trabalho de Lynch - um dos poucos guitarristas que conheço que conseguiu aliar virtuosismo, feeling e melodia nas doses certas.

O "Walk Away" é uma balada, e não é propriamente representativa do estilo de Dokken. Escolhi-a por dois motivos; primeiro, porque representa o fim da época dourada da banda - foi a última música que gravaram antes de se separarem, em 1988; e segundo, porque tem o que é, IMHO, o melhor solo de George Lynch. Não o mais rápido, não o mais virtuoso, não o mais tecnicista. Mas a forma como ele faz a guitarra chorar e gritar, como ele exibe dor e tristeza através das notas é fabulosa, e é mais uma experiência de causar arrepios na espinha.

Na altura em que andava a aprender a tocar, era o meu guitarrista preferido; agora, que ainda continuo a aprender a tocar, ainda é :)


12. Iron Maiden - "Wasted Years"
What else can I say? Já todos os que me conhecem sabem a minha opinião sobre Maiden. São os deuses supremos do Heavy Metal, mantiveram-se fiéis a si próprios, e pronto. Continuam uma força imparável no estilo que escolheram, souberam adaptar-se às diferentes épocas em que actuaram, geriram as suas carrreiras com cabeça, e recuperaram dos erros que cometeram.

Escolhi esta música por dois motivos. Por ser um hino ao agora:

"So understand
Don't waste your time always
Searching for those wasted years
Face up... make your stand
And realise you're living in the golden years"

Apesar de o nostálgico que há em mim nem sempre conseguir compreender que o melhor momento da minha vida é o que estou a viver agora mesmo :)

E por conter algo que sinto ser cada vez mais verdade:

"Ain't it funny how it is,
You never miss it 'til it's gone away
And my heart is lying there
And will be 'til my dying day"

É uma música da autoria de Adrian Smith, que sempre foi o meu guitarrista preferido dos Maiden; apesar de ser o mais limitado tecnicamente, sempre achei que tinha um sentido melódico muito mais apurado. Tem um solo fabuloso, que impressiona de tão simples, e o riff de entrada é simplesmente genial, mais uma vez pela melodia que consegue criar com uma simplicidade a toda a prova. Ainda eu não sabia tocar quase nada na guitarra e já conseguia tocar este riff, e aposto que imenso pessoal por esse mundo fora passou pelo mesmo :)


13. Rita Coolidge - "We're All Alone"
Esta música está nesta lista por um motivo completamente diferente de todas as outras. Tornou-se importante para mim graças à importância que ganhou para outra pessoa, e ao momento das nossas vidas ao qual está - e estará sempre - associada.

Foi um momento particularmente difícil, mas que felizmente conseguimos superar, e - que me lembre - foi o momento em que senti mais medo em toda a minha vida.

Gosto da música e da letra, mas nunca foi uma daquelas músicas que me tocasse particularmente. Até um dia... é como tudo na vida. Excepto as cowboyadas, claro :)

Curiosamente, a ordem alfabética colocou-a no nº 13, o que também acaba por ser bastante adequado. Não acredito que o nº 13 seja sinónimo de azar, antes pelo contrário.

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quarta-feira, maio 24, 2006

Os anjos não têm sexo!

Data original: 2005-08-05

Como asssim, "e depois"??!! Os anjos não têm sexo! Continuam sem ver qual é o problema? OK, eu faço um desenho.

Geralmente, quando ouvimos a expressão "os anjos não têm sexo", imaginamos algo idêntico à Barbie e ao Ken. Pois é, meninos e meninas, mas a realidade é outra.

E qual é a realidade? É simples - IMHO, existem anjos e anjas, e ambos estão completamente equipados para o sexo. Mas estão proibidos de o fazer! É isto que significa "Os anjos não têm sexo"! Perceberam agora? Após a morte, vamos passar uma eternidade sem sexo. Bem, alguns de nós poderão dizer que, nesse caso, a vida no Céu não será muito diferente da vida aqui na Terra, mas isso ficará para outro dia :)

Mas há mais! Sim, it gets worse... quando virarmos anjos, vamos ter asas, certo? E isso significa que o corpo terá que se modificar para lidar com o peso adicional. Inicialmente não será um peso significativo, mas à medida que formos progredindo na hierarquia angelical, as asas vão aumentando de dimensão. Algumas ilustrações dos arcanjos deixam-me a pensar como é que eles aguentam aquilo tudo nas costas. É que, mesmo que não seja pesado, não dá realmente muito jeito.

Bom, mas por que digo eu que isto torna tudo pior? Analisemos a forma como o corpo se irá adaptar a estes novos membros.

O corpo masculino deverá adaptar-se de uma forma mais baseada na força. Deverá passar por um reforço muscular na zona dos ombros e das costas - deltóide, infra-espinhoso, grande dorsal, oblíquo externo. É claro que o resto do corpo também se tornará mais musculado, para acompanhar. Era só o que faltava termos anjos desproporcionados. Portanto, meninas, vocês, como anjas, vão ter os tipos com os músculos bem definidos de que tanto gostam, mas... sem poderem aproveitar.

Ah, mas não se riam delas, meus caros, porque para nós vai ser ainda pior. O corpo feminino, sendo infinitamente mais belo que o nosso, adaptar-se-á com um misto de força e equilíbrio. Por outras palavras, haverá um pequeno reforço muscular nas mesmas zonas referidas para os homens, mas haverá uma compensação bem mais generosa numa outra parte da anatomia angelical feminina, para que a anja mantenha o seu equilíbrio de forma não só natural, mas também graciosa. Ora, se as asas estão nas costas, é óbvio que essa compensação terá que ocorrer... no peito. Vai ser aquilo a que poderemos chamar uma Eternidade Aria Giovanni :)

Portanto, para nós, enquanto anjos, a eternidade também não vai ser nada fácil! Mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, mesmo, mesmo nada fácil...

Já percebo, finalmente, essa história de "anjos caídos"... quem é que consegue manter a abstinência numa eternidade destas?

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domingo, maio 21, 2006

Com a mania...

"Lá estás tu com a mania que percebes de gajas".

Admito que fiquei surpreendido. Não estava à espera de uma destas, e não soube muito bem o que havia de dizer. Fiz o habitual - disse o primeiro disparate que me veio à cabeça, e segui em frente. Nesse dia (na sexta-feira), aquilo não me chateou muito (sem dúvida, em virtude da maravilhosa Grimbergen que regou a refeição), mas entretanto, no Sábado, começou a moer-me a cabeça, apesar da Salitos (cerveja ginger ale) que bebi enquanto via um DVD dos Within Temptation (excelente banda, by the way).

Antes de mais, qual seria a definição de "perceber de gajas"? Parece-me que "percebe de gajas" aquela pessoa para quem as suas atitudes fazem sentido, em vez de serem um emaranhado inexplicável de... algo igualmente inexplicável :)

Já agora, antes que perguntem - não, não sei onde vive "aquela pessoa"; não sei sequer se existe, mas é muito provável que não. Afinal, tendo em conta que nem as gajas percebem de si próprias, não seria plausível existir uma criatura que as entendesse.

Segundo o Lemmy (o vocalista dos Motorhead), cuja biografia comecei a ler (obrigado, Daniel :) ), o cavalo poderia ser essa criatura; ele tem uma teoria de que as mulheres adoram cavalos porque lhes sabe bem ver uma criatura assim tão forte entregar-se a elas sem resistir (e, imagino, sem dizer que a sua mamã lhe dava feno de melhor qualidade :) ). É uma teoria tão boa como qualquer outra. Portanto, se apenas o cavalo consegue perceber de gajas, a nós, meros humanos, o que nos resta?

- O Garanhão
O tipo que as come. Não me refiro ao tipo que elas consideram "tão bom" que lhe basta dizer "olá" para elas começarem a tirar a roupa. Esse não tem que perceber absolutamente nada, a não ser que não envelheça como o Sean Connery. Refiro-me ao tipo que, não sendo "tão bom", percebe de gajas o suficiente para lhes dizer o que elas querem ouvir, levando-as, assim, a tirar a roupa.

E, perguntam vocês, o que é que ele diz? Beats me! Tenho um amigo que diz que não custa nada, é só pedir, portanto talvez o gajo diga "Podes tirar a roupa, por favor?" ou "Olha lá, tira lá essa merda, tá bem?" (para os momentos mais românticos) :)

- O Confessor
O tipo que as ouve. Este é o tipo com quem elas falam quando se sentem "não-sei-muito-bem-como". Por vezes, é confundido com o Confidente, mas há uma diferença subtil (ou não estivéssemos a falar de gajas :) ) - o Confidente não tem que perceber nada, uma vez que o seu papel é apenas ouvir, sem dar um feedback por aí além (a não ser acenar com a cabeça de vez em quando, para demonstrar que ainda está acordado); já o Confessor tem que ouvir e, no fim, dar o seu parecer - p. ex., "Deves rezar 100 Avé-Marias e 200 Padre-Nossos". Além disso, o Confidente é utilizado com mais frequência que o Confessor, uma vez que é o destinatário de assuntos mais corriqueiros.

Portanto, é suposto o Confessor perceber de gajas, de forma a poder dizer-lhes o que elas querem ouvir.

- O Party-man
O tipo com quem se divertem. O gajo gosta de discotecas, gosta de jantar fora (Atenção! Apenas em restaurantes da moda ou num qualquer sítio "muito querido", ao qual a gaja atribui um grande valor sentimental), gosta de dançar, dança tudo, desde ritmos latinos a martelinhos, passando por danças de salão (mas não dá muita importância a isso, dança para se divertir, não para competir), adora praia, adora viajar (principalmente para paraísos tropicais), está sempre alegre... enfim, o nome diz tudo.

É suposto perceber de gajas porque acaba por ser praticamente uma :)

Não me ocorreu mais nenhum perfil de tipo que perceba de gajas. Se por acaso se lembrarem de mais algum, digam-me, pls.

Reparem que nenhum destes papéis é exclusivo. O Confessor não costuma combinar muito bem com o Garanhão, mas este tem imensas sinergias com o Party-man.

Ora bem, vejamos...

Serei Garanhão? (pausa... longa... um pouco mais longa... é capaz de começar a tornar-se demasiado longa... já parece um filme do Manoel...). Bem, agora que já parei de rir (e espero que vocês também já tenham parado), passemos à próxima hipótese.

Serei Confessor? Muito raramente. Sou mais frequentemente Confidente, portanto não tenho realmente que perceber de gajas.

Serei Party-man? Bom, não vamos começar a rir outra vez, pois não?

Não, também não sou Party-man. Fiquei exausto só de escrever tudo aquilo que o cromo faz, quanto mais fazê-lo. Quando muito, poderei ser a antítese do Party-man.

Bem, como nasceu então a lenda que eu tenho a mania que percebo de gajas? Foi, basicamente, a interpretação errada de um facto muito simples - eu tenho um monte de opiniões/teorias sobre o comportamento típico das gajas, e não tenho grandes problemas em falar sobre o assunto.

E, perguntam vocês mais uma vez, porque é que isto não é ter a mania que percebo de gajas? Porque, felizmente, tenho consciência que essas minhas opiniões/teorias podem estar erradas; ou seja, quando as lanço para o Mundo não estou a espalhar conhecimento, como um Sábio, mas sim a a atirar esparguete à parede para ver se já está cozido, como um... Atirador de Esparguete...? (Experimentem, que vão ver que não querem outra coisa; ah, evitem atirar para a parede por cima do fogão, a não ser que queiram uma aventura caseira a pescar o supra-citado de detrás do referido).

Ou seja, eu não considero que percebo de gajas; em certas alturas, o que tenho é mais frontalidade a falar dos assuntos relacionados com elas. Mais frontalidade que alguns dos gajos que conheço. E, seguramente, mais frontalidade que a maioria das gajas que conheço. É só.

Mudando de assunto (ou talvez não), há uns tempos falei de uns sites interessantes que havia encontrado, para pessoas com mentalidade de adolescente, mas com idade de adulto :) Um deles permitiu-me confirmar uma das coisas que sempre digo - o aspecto físico de uma mulher não é o mais importante para ela ser sexy. Há mulheres que não têm um aspecto físico por aí além, e que ficam, IMHO, terrivelmente sexys quando começam a falar. Sim, mesmo estando vestidas :D

É apenas mais uma das minhas opiniões.

Ah, só mais uma coisa - Paulo, tinhas razão. Uma gaja boa, que sabe que é boa, e que curte esse facto com a maior das desinibições é, realmente, um espectáculo. Mas olha que uma gaja menos boa, mas igualmente desinibida, não lhe fica nada atrás.

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quinta-feira, maio 18, 2006

13 Músicas - Parte V

Antes de continuarmos com a lista de músicas, apenas uma palavra de apreço para a nova campanha publicitária da Impetus, por terem tido a decência de não retirar os mamilos da rapariga por artes de Photoshop :)

Quanto à lista...

9. Queensryche - "Someone Else?"
Outra banda com presença obrigatória nesta lista. Esta música não é representativa do seu estilo, que passou por várias fases - a minha preferida hoje em dia (nem sempre foi assim) é a mais psicadélica.

Nesta música, temos apenas um piano e a voz fabulosa do Geoff Tate, numa prestação de dar arrepios na espinha. Mais uma vez, é a letra que completa este quadro de excelência:

"I know now who I am, if only for a while
I recognize the changes
I feel like I did before the magic wore thin
And the baptism of stains began

From where I stand at the crossroads edge,
There's a path leading out to sea.
And from somewhere deep in my mind,
Sirens sing out loud
Songs of doubt
As only they know how.
But one glance back reminds, and I see,
Someone else, not me"

Há alturas em que, de facto, conseguimos - por breves momentos - estar satisfeitos com aquilo que somos. É quase um regresso a uma altura em que éramos mais jovens, mais inocentes. Sentiamo-nos bem com aquilo que éramos porque ainda não havíamos passado por nenhuma experiência que nos demonstrasse as falhas patentes nessa nossa identidade.

Com o tempo, aprendemos a passar por este ponto várias vezes, o ponto de equilíbrio; e, ainda mais importante, aprendemos que nada dura para sempre, nem mesmo a nossa permanência neste ponto.

Outra coisa que aprendemos é que há decisões em que, seja qual for a escolha que fizermos, havemos sempre de perder algo, de deixar algo para trás. Quantas vezes dei por mim com uma decisão complicada para tomar, e a ouvir as malditas sereias a assegurarem-me que, qualquer que fosse o caminho que tomasse, haveria de me arrepender. Só o tempo dirá se aquilo que escolhemos compensa a perda daquilo que abandonámos.

E só o tempo pode atenuar a dor que teima em consumir-nos quando nos apercebemos que a decisão foi um erro.


10. Chris De Burgh - "Spanish Train"
Para quem só conhece este senhor do "Lady In Red", a única coisa que vos digo é que estão a perder o trabalho de um excelente contador de histórias.

A sua carreira discográfica teve início em 1975, e em 1976 saiu o álbum "Spanish Train And Other Stories", cuja música inicial é este "Spanish Train". A história (cada música deste álbum é uma história) relata o jogo de poker entre Deus e o Diabo, no qual as apostas são feitas em almas.

A orquestração é fabulosa, e dá uma dinâmica espectacular à música, servindo de base para a variação de tensão no relato. A única coisa que desilude um pouco é o refrão, principalmente o segundo, logo após a cartada vencedora de Satanás (que faz batota, claro) - um momento apoteótico com a orquestra em pleno esplendor, seguido de um refrão com guitarra/baixo/bateria que mais parece um anti-climax. Falta-lhe volume, falta-lhe pujança, falta-lhe garra. A voz está lá, mas o instrumental... não.

De qualquer forma, é uma excelente música, que ilustra bem a qualidade do trabalho que Chris de Burgh fez entre 75 e 86. O álbum de 88, "Flying Colors", tem duas músicas muito boas ("The Risen Lord" e "The Last Time I Cried"), mas ficou muito aquém do que ele já havia feito.

Mais uma vez - se só conhecem o "Lady In Red", experimentem ouvir outras coisas dele, principalmente dos álbuns até 86.

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

quarta-feira, maio 17, 2006

O Velho do Restelo, esse incompreendido

Data Original:. 2005-08-03

Tenho uma confissão a fazer: Sou um néscio - vá, corram lá para o dicionário, seus ignorantes, eu espero :)

(momento de pausa)
Always look on the bright side of life... assobio... assobio... assobio... assobio...
Always look on the br... ah, já voltaram? OK, vamos prosseguir.

Um dos aspectos da minha "nesciosidade" tem a ver com o assunto de hoje - o Velho do Restelo.

Antes de mais, uma palavra de agradecimento ao Miguel Duarte, pela pesquisa feita para o tema de hoje, e pela sugestão para o título.

Bem, sempre me falaram do Velho do Restelo como um símbolo da resistência ao Progresso, aquele personagem que se agarra aos velhos costumes, teimando em não acompanhar o seu tempo. Pois... não sei quem foi o primeiro idiota a espalhar esta imagem, mas deve ter lido os Lusíadas com tanta atenção como eu :)

Vejamos, então, algumas das expressões utilizadas por Camões para descrever este velhote "retrógado":
- É um velho "de aspecto venerando". Nada a comentar.
- É um velho com "um saber de experiência feito". Bom, aqui já começamos a ter algumas dúvidas... afinal, todos passamos a vida a acumular experiência, e damos-lhe um certo valor. Se o saber deste ancião vem da experiência, talvez a sua opinião, afinal, seja válida.
- É um velho "digno de ser ouvido". Bem, OK... em que é que ficamos? Se é apenas um velho que insiste em ficar agarrado ao passado, deveria ser "irrelevante", e não "digno de ser ouvido".

Após ler isto, comecei rapidamente a mudar a minha opinião sobre este indivíduo idoso, e a concordar com quem diz que "o Velho do Restelo representa a voz da razão num momento de euforia e deslumbramento, a voz da experiência perante a irreverência". Ou seja, afinal é a única pessoa que insiste em usar a cabeça no meio de um grupo de deslumbrados, que se defendem afirmando que - talvez pela idade avançada - lhe falta capacidade de visão. É pena que ande para aí muita gente que não saiba distinguir "visão" de "miragem" :)

Comecei a imaginá-lo, ao nosso respeitável idoso, hoje em dia, numa qualquer sala de reuniões, por esse mundo fora... portanto, com um enorme pedido de desculpas ao nosso bom e velho Luís Vaz, aqui vai:

Mas um velho, de aspecto venerando,
na mesa de reunião, entre a gente,
postos em nós os olhos, meneando
três vezes a cabeça, descontente,
a voz pesada um pouco alevantando,
que nós, gestores, ouvimos claramente,
Cum saber só de experiências feito,
tais palavras tirou do experto peito:

Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Mostrar que a nós ninguém nos trama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
lixar o próximo, deitá-lo p'rá lama!
E é tanto tempo perdido, chiça!
Nem dá vontade de sair da cama!
Que trocas de e-mails, quais tormentas,
Com tantas obstruções que te lamentas

Dura inquietação da alma e da vida
São assim os projectos mais sérios
consomem com uma fome desmedida
Os recursos de grandes impérios!
Acenam com a miragem da subida
dos proveitos, mas oh, sonhos etéreos;
Ao final de cada semana,
O ponto de situação não engana!

A que novos desastres determinas
de levar esta Empresa e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
com uma tecnologia preminente?
Que promessas de lucros e de minas
d' ouro em mercados emergentes?
Com tantos consultores cheios de histórias
da carochinha, plenas de vitórias

Não te presta serviço a empresa perita
com quem sempre terás guerras sobejas?
Nunca cumpre os prazos, a maldita,
E diz que a culpa é tua, se a deixas
Tarefas com duração infinita,
E sem um resultado que se veja
E é um milagre celebrado
Dar-se o projecto por terminado

Abres as portas ao inimigo,
com quem até esperas chegar longe,
Devias conhecer o conto antigo,
O hábito nunca fez o monge;
aceitas o incerto e incógnito perigo
não te apetece chateares-te hoje
Subscreves a visão utópica
que sabes ser totalmente miópica

Oh, maldito o primeiro que, no mundo,
se lembrou de disparate tamanho
Projecto p'ra renovação de fundo
Coisa mais parva que isso não tenho!
Nunca a juízo algum, alto e profundo,
lhe ocorreu jamais algo tão estranho
Talvez por isso não haja memória,
De projecto tal que tenha acabado em glória!

Haveria muito mais para dizer, mas já sinto o fantasma do Luís Vaz a rogar-me pragas, e não quero por em perigo a onda de optimismo e felicidade que me tem acompanhado nestes últimos tempos. Fico-me por aqui :)

Para quem se quiser documentar mais sobre o assunto, Google is your friend. Para vos dar um empurrãozito, aqui vão os dois links que utilizei:
http://www.citi.pt/cultura/historia/personalidades/d_sebastiao/velho.html e http://www.tabacaria.org/lusiadas/restelo.htm.

Ah, antes que me esqueça - quando tiverem oportunidade, provem um vinho alentejano chamado "Eugénio de Almeida". A colheita de 2003 é particularmente impressionante. 14º e nem se dá por ele a escorregar pela garganta. Notável!

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segunda-feira, maio 15, 2006

13 Músicas - parte IV

Bem, siga a lista...

7. Yannick Noah - "Ose"
Já há alguns anos tinha ouvido dizer que este tenista dos 80s se tinha dedicado à música, mais especificamente ao reggae. Nunca tive curiosidade em ouvir o que fazia, até que um dia, por acaso, vi o video desta música no MCM.

Aproveito para fazer um pequeno excurso - a melhor coisa que a TV Cabo alguma vez fez foi ter os canais europeus de música - o canal alemão Viva (sinto muito a falta deste canal, que me deu a conhecer algumas bandas das quais, de outra forma, nunca teria ouvido falar, como, p.ex., Xavier Naidoo ou Die Totten Hosen), e o MCM, que - felizmente - ainda se mantém.

Esta música tocou-me por dois motivos - simplicidade e optimismo:

"Presque rien
Juste un pas
Et venir plus prés
D'autres liens
D'autres voies
Au moins essayer

L'étincelle
Qu'on reçoit
D'un premier regard
L'étincelle
Vient de toi
S'envole au hasard
Et peut tout changer"

O título da música, "Ose", significa "Atreve-te", ou, como diz acima, "Pelo menos, tentar". Acaba por ser a velha máxima de Alfred Lord Tennyson - "'Tis better to have loved and lost than never to have loved at all." E, para mim, esta música representa na perfeição não só a atitude de "tentar, sempre, sem nunca desistir" (e todo o optimismo que é necessário para manter essa atitude), como também de não dramatizar os reveses da vida, e aceitar que é o acaso que controla as nossas vidas; ou, voltando mais uma vez à referência incontornável da primeira música desta lista:

"Whatever happens, I'll leave it all to chance
Another heartache, another falied romance" (Queen - "The Show Must Go On")

Parece senso comum, não é? Pois, mas o problema é a facilidade com que nos deixamos dominar por questões que, na maioria das vezes, só têm a importância que nós próprios lhes damos. E todos nós nascemos equipados com um sistema hídrico verdadeiramente assombroso, capaz de gerar tempestades em copos de água. Aliás, é este mesmo sistema que é responsável por algo que fazemos com igual frequência - meter água :)


8. Tori Amos - "Playboy Mommy"
A primeira vez que vi a Tori Amos não foi num contexto musical. Foi em 97, num programa da MTV chamado Loveline. Era um programa que respondia a chamadas e cartas com questões sobre amor e sexo. Tinha o cromo residente (que dizia uns disparates), o psicólogo residente (que dava as respostas com nexo), e o artista convidado (que era assim a modos que o joker do baralho).

A atitude dela a ajudar a responder às perguntas e a desinibição com que falava deixaram-me positivamente curioso. No dia seguinte, fui à procura de álbuns dela. Encontrei um, "Boys For Pele"; talvez o mais esquisito dela, mas adorei.

"Esquisito" não só musicalmente, mas também no que respeita às letras. Salvo algumas excepções, as letras da Tori Amos são relativamente crípticas. Mas têm uma carasterística que já me surpreendeu diversas vezes - à medida que a minha experiência de vida se vai acumulando, há significados que se vão revelando, e outros que se vão alterando. Enfim, tal como a beleza está nos olhos de quem vê, também o significado está na mente de quem interpreta.

Depois, saiu o álbum "from the choirgirl's hotel", que tem esta faixa "Playboy Mommy". É uma música fabulosa. Desde a escolha do instrumento que faz o solo de introdução, até ao ritmo da bateria, passando por uma fabulosa linha de baixo, tudo a construir um padrão onde ela tece na perfeição o seu feeling - melancolia e uma tristeza profunda. Afinal, segundo a opinião dos entendidos (e eu admito que não sou um deles), o tema desta música foi um aborto espontâneo que lhe aconteceu em 97/98.

A letra, por si só, não me desperta uma reação por aí além. Mas juntamente com a música, e com aquela voz, aquele feeling... enfim, gets me every time.

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quinta-feira, maio 11, 2006

13 Músicas - parte III

Continuando onde ficámos da última vez... Não, pessoal, não foi no orgasmo. Esqueçam lá isso :)


5. Def Leppard - "Love Bites"
Esta lista seria impensável sem os Def Leppard. Em grande parte, pelo mesmo motivo dos Queen - pelo exemplo que deram. Por terem tido a coragem de não abandonar um amigo à sua sorte, e por o terem ajudado de todas as formas possíveis. Por terem permitido que a amizade falasse mais alto que o dinheiro.

Só por isso, já teriam um lugar garantido nesta lista. Mas, para além disso, ainda fizeram música de que eu gosto.

Quanto a esta que escolhi, é por ser, de facto, uma canção extraordinária. E, para além de tudo isso, por ter na sua letra o seguinte:

"When you make love, do you look in the mirror?
Who do you think of?
Does he look like me?

When you're alone, do you let go?
Are you wild 'n' willin' or is it just for show?"

Talvez um dia alguma mulher tenha a honestidade de responder.


6. Triumph - "Ordinary Man"
Mais uma vez, um dos exemplos positivos que a música me apresentou. Neste caso, não é toda a banda, mas sim o guitarrista/vocalista Rik Emmett.

Tudo aquilo que li sobre ele sempre evidenciou uma atitude positiva e uma humildade a toda a prova, apesar da sua capacidade enquanto músico - não é qualquer um que consegue ser um guitarrista proficiente em rock/metal, jazz/blues, e guitarra clássica. E isso não o impedia de ter uma coluna na "Guitar Player" (a revista da elite dos guitarristas, que conseguia ver para além dos cromos do momento) dedicada aos aspectos mais básicos de como tocar guitarra.

Mais uma vez, a letra é simplesmente fenomenal:

"Look in the mirror and tell me what do you see
Or can you lie to yourself like you're lyin' to me?
Do you fall asleep real easy, feelin' justified and right
Or do you wake up feelin' empty in the middle of the night?
You want to think you're different, but you know you never can
You're just another ordinary man"

É o conflito entre aquilo que mostramos ser, e aquilo que realmente somos. Parafraseando a Mafalda (grande Quino), é a velha história de "sermos mais um da carneirada dos que não querem ser mais um da carneirada".

E toca também no facto de que, muitas vezes, nem a nós próprios conseguimos mostrar-nos como realmente somos.

E, é claro, o brinde final, que faria agora a todos vocês, mas estou a beber leite, e isso supostamente dá azar :)

"Here's to health, here's to wealth
May you never doubt yourself"

De qualquer forma, sintam-se brindados.

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13 Músicas - parte II

Data original: 2006-05-08

Vamos, então, dar continuidade à lista...

3. Thunder - "Castles In The Sand"
Esta foi a mais difícil de escolher. Esteve vai/não vai com o "Wasted Time" dos Eagles, e ainda não vos sei dizer qual das duas me toca mais.

As razões foram, mais uma vez, alguns versos (hão-de reparar que este padrão se vai repetir mais algumas vezes):

"'Cause it terrifies me, ending up alone
And it walks beside me, the ghost of chances gone
Did I have it, did I let it go, or close the door too fast?
Is there an answer locked up in my past?
In my past

I'm sick of building castles in the sand
Seems like everybody else I know can hold it in their hands
So will it ever happen or am I doomed to walk this land
Just building castles in the sand ?

I've been crying, I've been living alone so long
I've been over and over the reasons
But I can't find the thing that's wrong
In my mind all the evidence seems to say
I wouldn't even know it if she walked right in today"

Por um lado, é um dos aspectos da eterna dúvida, quando nos vemos confrontados com uma decisão em que teremos que perder algo que é - ou que se tornou - parte de nós. É algo de que volto a falar numa outra música desta lista, uma vez que é uma daquelas coisas que me é particularmente difícil de fazer.

Depois de tomada a decisão, surge uma primeira fase de satisfação, por termos agido, por termos feito aquilo que tínhamos que fazer. Porém, invariavelmente, a dúvida lá arranja forma de se insinuar junto de nós, e de nos levar a questionar as lições que pensávamos ter aprendido.

E, para piorar, as nossas falhas no Presente levam-nos muitas vezes a tentar observar o Passado com uma minúcia exagerada, na esperança de encontrarmos algo que nos permita explicar a causa dessas mesmas falhas. Sem que nos apercebamos que, ao concentrarmo-nos no Passado (por muito relevante que este possa ser para a actual experiência), não estamos a prestar a devida atenção ao Presente. E, se a Sorte estiver distraída, isso pode ser fatal.

Por outro lado, quando olho à minha volta, vejo que existem, de facto, diversas pessoas que "can hold it in their hands" ("everybody else I know" é, por enquanto, um exagero :) ). Nos momentos de maior carência, é muito difícil fugir à pergunta "OK, afinal o que é que eu tenho de tão errado?".

Lembra-me uma cena do "Coupling", que é uma série que me conquistou por dizer, de forma brilhante, um grande conjunto de verdades a brincar - a Sally entra em pânico quando pensa que o Steve irá pedir a sua amiga Susan em casamento, porque a Susan era a sua "excuse person" - como ela disse "I'm not married, but that's OK because Susan isn't married either" :) Creio que todos nós temos as nossas "excuse persons" - pessoas que, de uma forma ou de outra, aparentam ser mais equilibradas que nós, mas que também não conseguem enfrentar os seus problemas reais (vs. enfrentarem os seus pretextos) e vencer a insatisfação que as persegue.

Por fim... por muito que eu ache que compreendo as experiências por que passei, por muito que eu ache que aprendi com essas experiências, não me consigo livrar da desconfiança que possivelmente os verdadeiros problemas estão bem à frente dos meus olhos e eu nem me consigo aperceber deles.

Uma coisa, pelo menos, aprendi - aceitar as falhas que consegui identificar como minhas (não são assim tão poucas como isso, infelizmente), e admiti-las perante a pessoa com quem falhei.


4. Dougie MacLean - "Feel So Near"
Também esta foi renhida, com o "Home Again" dos Blackmore's Night. Ambas as músicas me transmitem o mesmo feeling - paz, e a sensação de estar em casa. Qualquer uma destas músicas é a celebração perfeita do nostálgico que há em mim, e que gostaria de passar uns anos a viver numa qualquer "Casa na Pradaria". Bem, talvez mais numa "Casa Numa Aldeia Situada Numa Encosta Escarpada Daquelas Que Vemos Sempre Nos Anúncios Turísticos Da irlanda E Da Escócia" :)

Não sou grande fã de whisky, que ele afirma tornar tudo muito mais nítido. Mas posso garantir-vos que uma outra qualquer bebida igualmente desinibidora (na dose certa, claro) contribui para essa nitidez, para essa clareza de ideias, de uma forma muito simples - faz-nos esquecer um conjunto de questões que, por muito importantes que possam ser, não têm qualquer relevância para o momento que estamos a viver, o que nos permite perseguir raciocínios e tomar atitudes que, de outra forma, não nos atreveríamos a fazer.

É um pau de dois bicos, eu sei, mas não é por causa do álcool; é porque a vida é assim. Nós é que nos habituámos a culpar o álcool, porque é mais fácil do que procurar as verdadeiras causas dos problemas.

É claro que, felizmente, o álcool não é condição sine qua non para atingirmos essa clareza. Por experiência própria, posso garantir-vos que não há elação idêntica à causada pela junção de um boost de auto-confiança e optimismo.

Sim, já sei... "Então, e um orgasmo?" perguntam vocês. Hoje, vou ignorar o assunto, OK? :)

E tenho que admitir que, felizmente, por vezes também eu me sinto muito próximo do uivo do vento e do rebentamento das ondas. Principalmente, quando eles me enchem completamente os sentidos. Infelizmente, o Inverno já passou, e eu acabei por não ir muitas vezes ao Guincho. Fica para o Outono, se entretanto não tivermos todos que começar a andar de bicicleta por causa do preço da gasolina :)

Ah, um conselho. Se quiserem ver a letra, vejam aqui, pls: http://www.dougiemaclean.com/albums/lyrics.htm. A quantidade de letras erradas que eu apanhei por essa net fora é espantosa :)

Seria impossível falar de toda esta sensação de paz e estar em casa, e de álcool em moderação (pelo menos, nos últimos tempos, excepção feita ao o almoço regado com as garrafas de Cartuxa), sem deixar aqui um brinde àqueles que formam comigo o Quarteto Fantástico - o Davide (com Pepsi, claro :) ), o Jorge Santos e o Eric. A nossa, ppl! É pouco, mas c'est de bon coeur :D

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13 Músicas - Parte I

Data original: 2006-03-05

Há uns tempos, participei na formação mais ou menos espontânea de um pequeno grupo de pessoal que fala de dois assuntos - futebol e música. Aqueles que me conhecem, sabem que a minha participação no primeiro assunto é bastante limitada. A não ser que o tema se adeque ao futebol do início dos anos 80, altura em que eu era um teenager bastante interessado em bola, como, aliás, éramos quase todos :) No que diz respeito à música, aí já participo um pouco mais.

Aliás, no que respeita à música, um dos aspectos interessantes deste grupo é a sua heterogeneidade. A intersecção dos nossos gostos musicais dá um conjunto extremamente limitado; nalguns casos, se pegarmos em elementos deste grupo dois a dois, essa intersecção dará um conjunto vazio :)

E essa acaba por ser uma das mais-valia deste grupo - o permitir-me ouvir opiniões e conhecimentos de pessoal que tem gostos musicais tão diferentes do meu. Graças a isto, já descobri mais algumas bandas que vale a pena ouvir com mais atenção.

A semana passada, decidimos aceitar um desafio - cada um de nós teria que apresentar uma lista com as 10 músicas de que mais gostasse, e tentar explicar porquê. O objectivo não era converter ninguém, mas apenas dizer "Estas são as músicas, e gosto delas porque...". É claro que ficou desde logo mencionado que 10 não era um limite obrigatório (e ainda bem, porque eu apresentei 13; tendo em conta que a lista inicial tinha +/- 150, acho que não me saí muito mal :) ).

Portanto, without further ado, aqui vão elas. A primeira tinha que aparecer em primeiro lugar. Todas as outras estão por ordem alfabética, uma vez que não existe nenhuma que goste mais que outra.

1. Queen - "The Show Must Go On"
2. Counting Crows - "All My Friends"
3. Thunder - "Castles In The Sand"
4. Dougie Maclean - "Feel So Near"
5. Def Leppard - "Love Bites"
6. Triumph - "Ordinary Man"
7. Yannick Noah - "Ose"
8. Tori Amos - "Playboy Mommy"
9. Queensryche - "Someone Else?"
10. Chris de Burgh - "Spanish Train"
11. Dokken - "Walk Away"
12. Iron Maiden - "Wasted Years"
13. Rita Coolidge - "We're All Alone"


1. Queen - "The Show Must Go On"
Rezam as lendas que foi escrita pelo Brian May (apesar de nos últimos álbuns todas as músicas aparecerem como sendo da autoria dos Queen), dedicada à forma como o Freddie Mercury estava a enfrentar a doença. De todas as músicas que conheço, é a que mais me toca. Pela música. Ainda mais pela letra. Muito mais pelo feeling com que é cantada (ainda por cima por aquele que foi, IMHO, o maior showman da música moderna). E, claro, pelo atrevimento de fazer algo tão autobiográfico, que acabam por ser as características mais tocantes dos álbuns "The Miracle", "Innuendo" e "Made In Heaven"

Acima de tudo, por retratar na perfeição um exemplo de como um ser humano deveria cair - nos seus próprios termos (já não me lembro onde li que muito do material do "Made In Heaven" foi supostamente gravado já nos últimos dias de vida do Freddie Mercury; no entanto, a sua voz não perdeu aquele toque de exuberância e desafio que lhe era característico). É verdade que ele tinha meios que o comum dos mortais não tem. Mas quantos é que vemos, com tantos meios ou mais, a fazerem tristes figuras por problemas muito mais mesquinhos? Ainda por cima, sendo supostos role-models, i.e., tendo inúmeros seguidores por esse mundo fora?

É daquelas atitudes que nos apresentam repetidamente no cinema, e eu até compreendo porquê - porque raramente as vemos na vida real. Um dos exemplos que sempre me toca é o seguinte diálogo, no Lord of the Rings:

Gamling: Too few have come. We cannot defeat the armies of Mordor.
Theoden: No we cannot. But we will meet them in battle nonetheless.

Num mundo que diariamente nos apresenta exemplos lastimáveis por parte de supostos role-models, para mim é importante haver alguém para quem possamos olhar e dizer "Fez aquilo que tinha a fazer, e fê-lo com coragem e dignidade, e lutou até ao fim", e esta música ilustra tudo isso na perfeição.


2. Counting Crows - "All My Friends"
Descobri os Counting Crows em meados dos anos 90, na altura em que já tinham lançado o seu segundo álbum.

Foi muito difícil escolher uma música deles para esta lista, uma vez que existem muitas dessas músicas com as quais me identifico, até certo ponto. No entanto, não tinha a mínima dúvida que eles tinham que estar aqui presentes.

Acabaram por ser os seguintes versos que me levaram a escolher esta música:

"But everyone needs a better day
And I'm trying to find me a better way
To get from the things I do to the things I should

All you want is a beauty queen
Not a superstar, but everybody's dream machine
All you want is a place to lay your head
You go to sleep dreaming how you would
Be a different kind if you thought you could
But you come awake the way you are instead"

Quando vemos alguém que consegue descrever na perfeição a forma como nos sentimos, apercebemo-nos que, afinal, não somos os únicos inadaptados, em busca não apenas de uma identidade que nos elude constantemente e que - enquanto alvo - está em constante mutação, mas também de um ideal de companheira, que, muitas vezes, sofre de igual metamorfose.

Já diversas vezes me interroguei de onde vem esta insatisfação constante (mas, felizmente, contornável), e se é algo intrínseco, ou apenas a forma que o espírito tem de se revoltar contra as grilhetas que que lhe são colocadas pelo estilo de vida que escolhemos.

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quarta-feira, maio 10, 2006

Dicas espirituais para festas de fim de ano

Data Original: 2006-01-03

Ontem recebi um mail inspirador, com diversos "rituais" que uma pessoa pode realizar na passagem de ano, de forma a concretizar os seus desejos.

Digo "inspirador", porque me inspirou a revelar alguns dos rituais que me foram transmitidos por peritos orientais. Já não vou a tempo da passagem de 2005 para 2006, mas aconselho-vos que guardem este post religiosamente, e o desenterrem no dia 2006-12-31.

A propósito, os referidos peritos pediram-me para desfazer de vez um equívoco que parece ter dominado uma boa parte da população Ocidental. A expressão "doze passas" não se refere aos frutos feitos a partir da uva. Em vez disso, devem acender um cigarro de substâncias desinibidoras e dar doze passas no mesmo, uma por badalada.

Bem, esclarecida a confusão, vamos aos rituais.


1. Dinheiro
Como todos sabem, pisar uma bela bosta é sinal de dinheiro. É, igualmente, sinal que ainda existe por aí muita gente que anda pela rua sem olhar para onde põe os pés.

Seja como for, dizem os entendidos que esta é uma forma garantida de enriquecer. E apresentam como prova as expressões milenares, que vêm desde os tempos dos antigos, como o famoso "a porcaria do dinheiro", ou o ainda mais famoso "a merda do dinheiro".

É claro que vocês poderão dizer que tudo isto são patranhas, que já pisaram a promessa de riqueza vezes sem conta e que continuam a precisar de ir trabalhar todos os dias, para que a vossa vida não se transforme numa... promessa de riqueza.

No entanto, os peritos dizem que o erro que todos costumam cometer reside no facto de limparem de imediato o sapato. Afirmam que a riqueza é directamente proporcional ao tempo que o sapato ficar no seu estado promissor, e que, para um resultado verdadeiramente assombroso, tipo EuroMilhões, não se pode limpar o sapato durante um ano.

Fica, portanto, a dica a quem for obcecado pela riqueza e pelos bens materiais. Eu devo admitir que não experimentei, pois não ligo muito a isso.

2. Amor
Dizem igualmente os peritos que quem procura o amor deve usar roupa íntima nova na noite do Reveillon. E que cumprimentar uma pessoa do sexo oposto na hora do brinde também ajuda, principalmente se não estiverem a usar mais nada para além da vossa roupa íntima nova. É claro que se o vosso interesse pender para pessoas do mesmo sexo, talvez não seja boa ideia cumprimentarem pessoas do sexo oposto quando estão vestidos com um traje tão... informal.

Se por acaso já souberem quem é o objecto do vosso desejo, têm uma outra alternativa - escrevem o seu nome 743 vezes a vermelho num lençol branco, e enrolem o lençol no corpo, tendo por baixo apenas a vossa roupa íntima nova. Depois, sigam para a festa de Ano Novo onde está o vosso amado. Não, não se devem preocupar por entrarem em casa dele apenas com um lençol e lingerie. De certeza que nem a sua mulher, nem os seus filhos, se irão incomodar. Além disso, o amor exige certos sacrifícios. É bom que mantenham este pensamento presente quando a cara-metade do vosso amado vos começar a perseguir pela casa fora com um facalhão, disposta a levar a cabo um sacrifício humano.

3. Sorte
Uma forma certeira de atrair a sorte é varrer a casa de uma ponta à outra, no dia 31. De preferência, enquanto estiverem lá os vossos convidados para a passagem de ano. Ah, e para garantir que terão realmente boa sorte o ano inteiro, não se esqueçam de disparar imprecações por tudo e por nada sobre "este pessoal que vem para casa dos outros comer à borla e nem sequer tem a decência de não sujar a casa". Um "Porcos!" ou um "Javardões!" de vez em quando também é particularmente sortudo.

4. Para ganhar bastante dinheiro
Possivelmente, estarão com alguma dificuldade em distinguir este ponto do ponto 1, certo? Aconteceu-me o mesmo, mas os peritos explicaram-me tudo. Nós temos essa dificuldade porque não somos peritos. Eles, que são peritos, não têm essa dificuldade. De facto, quando as coisas são bem explicadas, fazem logo sentido, não é?

Bem, mas para ganhar mesmo muito dinheiro, os peritos recomendam um ritual praticado pelos romanos, que deve ser feito no primeiro dia do ano. Devem cumprimentar todos os presentes na festa com um aperto de mão forte. Enquanto fizerem isso, deverão aproveitar para surrupiar algo com a outra mão - p.ex., uma carteira, uns brincos, uma pulseira, um colar, etc.

Dizem também os peritos que convém estar com atenção a presenças espirituais cósmicas na festa, de forma a escolher o melhor momento. O momento ideal é quando toda a gente está perdida de bêbeda, e vocês não.

Ah, se por acaso durante o ritual do cumprimento sentirem a pressão da mão da outra pessoa no vosso bolso, devem mentalizar-se que toda a gente tem direito a praticar o seu ritual de Ano Novo, e lembrem-se que ladrão que rouba ladrão não precisa de indultos presidenciais.

5. Vida nova
Os peritos afirmam que, se pretendem dar um colorido novo ao ano que vai começar, ao bater a meia-noite devem entornar champanhe (ou a zurrapa que for utilizada na festa para substituir o champanhe, que será reservado para ocasiões em que estejam presentes menos chupistas) em cima da pessoa que estiver ao vosso lado. Isto atrai a sorte - ou o azar, se escolherem um tipo que tenha o dobro do vosso tamanho - e anima a festa, porque afinal não há nada mais emocionante que uma boa cena de pancadaria, tipo saloon de western.

6. Felizes para sempre
Para que sejam felizes com a vossa cara-metade, os peritos recomendam mais uma receita infalível: à meia-noite do dia 31 de Dezembro troquem um presente que cada um de vocês comprou para o outro numa sex-shop. Na sala já deve estar instalado um equipamento da vossa escolha (p.ex. um colchão de água, ou um colchão de pregos). Um de vocês deve expressar um desejo em voz alta, de preferência de forma a que toda a vizinhança ouça. O outro deverá satisfazer esse desejo, igualmente da forma mais ruidosa possível, para assinalarem com entusiasmo a entrada no novo ano. Depois, será o outro a pedir um desejo. Repitam este ritual até que cada um tenha feito seis pedidos, ou até que os vizinhos vos batam à porta para se juntarem à vossa festa de fim de ano, que está muito mais divertida que a deles.

7. As cores
Por fim, as cores e os seus significados.

7.1. Branco
Vistam-se de branco para terem um Reveillon cheio de nódoas. A roupa branca tem a capacidade de atrair os acepipes que os vossos amigos tiverem na mão, sendo essa força de atracção directamente proporcional ao índice da cagada dos supra-citados acepipes. Além disso, também tem efeitos na memória, pois vocês vão querer esquecer rapidamente quanto vos custou a roupa ex-branca que têm vestida.

7.2. Amarelo
Utilizem esta cor para adquirirem sabedoria. Ficarão logo a saber que nunca mais vão querer estar vestidos como uns canários ao pé de um monte de pessoal perdido de bêbedo. Pode não parecer importante, mas este tipo de sabedoria não tem preço, portanto, de certa forma, também estão a ter um benefício financeiro.

7.3. Rosa
O rosa é o resultado da mistura do vermelho e do branco. Se repetirem isto até à exaustão, pode ser que os outros convivas deixem de vos achar efeminados. No momento actual, pode igualmente ser vantajoso ao nível da carreira (ver ponto 7.7, abaixo).

7.4. Vermelho
Para terem 12 meses de muita paixão, força e energia, pintem as unhas com esta cor, que isso garantirá óptimos resultados. Principalmente para os homens; neste caso, o resultado será realmente garantido, mas deixo ao critério de cada um se será ou não óptimo.

7.5. Azul
Poderá proporcionar-vos um ano cheio de dinheiro, principalmente se usarem um saco desta cor na passagem de ano. Por via das dúvidas, andem sempre com o vosso passaporte na carteira; e não faz mal nenhum terem à mão um bilhete para um qualquer país sul-americano.

7.6. Verde
O verde é uma cor óptima para a passagem de ano, pois simboliza a esperança... de conseguir sair da festa de passagem de ano sem ter que aturar os devaneios sentimentais do pessoal que já bebeu mais que a sua conta (e, muitas vezes, a dos outros).

Além disso, se utilizado em degradês (que mania que estes peritos espirituais têm de utilizar palavras esquisitas que ninguém sabe como se escrevem), disfarça muito bem as nódoas.

7.7. Laranja
É uma cor que habitualmente atrai sucesso monetário, e ajuda muito nas conquistas profissionais, sendo a cor certa para promoções ou para arranjar empregos, principalmente no Estado. No entanto, actualmente o rosa está mais vocacionado para este efeito, sendo que o laranja está em período de retiro espiritual.

7.8. Violeta
É uma óptima cor. Se, por acaso, na festa de ano novo os vossos amigos beberem imenso vinho tinto, uma toilette violeta garantirá que não terão nada a temer quando a festa se transformar numa orgia de regurgitação vinícola.

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No início, era...

Em Julho do ano passado, comecei a enviar uns mails a um grupo de pessoal (chamemos-lhe a "Minha Newsletter"). A malta curtiu, e teve início o período "Porque é que não crias um blog?"

Andei a brincar com a ideia, apesar de inicialmente não sentir uma grande inclinação para isso. Mas depois lá comecei a dizer "Sim, parece-me uma boa ideia", o que me fez evoluir para o período "Então, quando é que temos blog?"

Este novo período distinguiu-se do anterior pela pressão implícita, e pelo facto de a minha inacção me fazer parecer um adepto da gloriosa Arte de Procrastinar.

Com o tempo (que não foi assim tão pouco como isso), comecei a habituar-me à ideia (e, confesso, fartei-me de responder "Estou a trabalhar nisso" :) ), e - finalmente - o resultado aqui está.

Hão-de reparar que alguns dos posts têm uma indicação da data original. Trata-se da data em que o texto foi enviado na "Minha Newsletter"

Enfim, without further ado, ...

Bem vindos.

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