domingo, maio 21, 2006

Com a mania...

"Lá estás tu com a mania que percebes de gajas".

Admito que fiquei surpreendido. Não estava à espera de uma destas, e não soube muito bem o que havia de dizer. Fiz o habitual - disse o primeiro disparate que me veio à cabeça, e segui em frente. Nesse dia (na sexta-feira), aquilo não me chateou muito (sem dúvida, em virtude da maravilhosa Grimbergen que regou a refeição), mas entretanto, no Sábado, começou a moer-me a cabeça, apesar da Salitos (cerveja ginger ale) que bebi enquanto via um DVD dos Within Temptation (excelente banda, by the way).

Antes de mais, qual seria a definição de "perceber de gajas"? Parece-me que "percebe de gajas" aquela pessoa para quem as suas atitudes fazem sentido, em vez de serem um emaranhado inexplicável de... algo igualmente inexplicável :)

Já agora, antes que perguntem - não, não sei onde vive "aquela pessoa"; não sei sequer se existe, mas é muito provável que não. Afinal, tendo em conta que nem as gajas percebem de si próprias, não seria plausível existir uma criatura que as entendesse.

Segundo o Lemmy (o vocalista dos Motorhead), cuja biografia comecei a ler (obrigado, Daniel :) ), o cavalo poderia ser essa criatura; ele tem uma teoria de que as mulheres adoram cavalos porque lhes sabe bem ver uma criatura assim tão forte entregar-se a elas sem resistir (e, imagino, sem dizer que a sua mamã lhe dava feno de melhor qualidade :) ). É uma teoria tão boa como qualquer outra. Portanto, se apenas o cavalo consegue perceber de gajas, a nós, meros humanos, o que nos resta?

- O Garanhão
O tipo que as come. Não me refiro ao tipo que elas consideram "tão bom" que lhe basta dizer "olá" para elas começarem a tirar a roupa. Esse não tem que perceber absolutamente nada, a não ser que não envelheça como o Sean Connery. Refiro-me ao tipo que, não sendo "tão bom", percebe de gajas o suficiente para lhes dizer o que elas querem ouvir, levando-as, assim, a tirar a roupa.

E, perguntam vocês, o que é que ele diz? Beats me! Tenho um amigo que diz que não custa nada, é só pedir, portanto talvez o gajo diga "Podes tirar a roupa, por favor?" ou "Olha lá, tira lá essa merda, tá bem?" (para os momentos mais românticos) :)

- O Confessor
O tipo que as ouve. Este é o tipo com quem elas falam quando se sentem "não-sei-muito-bem-como". Por vezes, é confundido com o Confidente, mas há uma diferença subtil (ou não estivéssemos a falar de gajas :) ) - o Confidente não tem que perceber nada, uma vez que o seu papel é apenas ouvir, sem dar um feedback por aí além (a não ser acenar com a cabeça de vez em quando, para demonstrar que ainda está acordado); já o Confessor tem que ouvir e, no fim, dar o seu parecer - p. ex., "Deves rezar 100 Avé-Marias e 200 Padre-Nossos". Além disso, o Confidente é utilizado com mais frequência que o Confessor, uma vez que é o destinatário de assuntos mais corriqueiros.

Portanto, é suposto o Confessor perceber de gajas, de forma a poder dizer-lhes o que elas querem ouvir.

- O Party-man
O tipo com quem se divertem. O gajo gosta de discotecas, gosta de jantar fora (Atenção! Apenas em restaurantes da moda ou num qualquer sítio "muito querido", ao qual a gaja atribui um grande valor sentimental), gosta de dançar, dança tudo, desde ritmos latinos a martelinhos, passando por danças de salão (mas não dá muita importância a isso, dança para se divertir, não para competir), adora praia, adora viajar (principalmente para paraísos tropicais), está sempre alegre... enfim, o nome diz tudo.

É suposto perceber de gajas porque acaba por ser praticamente uma :)

Não me ocorreu mais nenhum perfil de tipo que perceba de gajas. Se por acaso se lembrarem de mais algum, digam-me, pls.

Reparem que nenhum destes papéis é exclusivo. O Confessor não costuma combinar muito bem com o Garanhão, mas este tem imensas sinergias com o Party-man.

Ora bem, vejamos...

Serei Garanhão? (pausa... longa... um pouco mais longa... é capaz de começar a tornar-se demasiado longa... já parece um filme do Manoel...). Bem, agora que já parei de rir (e espero que vocês também já tenham parado), passemos à próxima hipótese.

Serei Confessor? Muito raramente. Sou mais frequentemente Confidente, portanto não tenho realmente que perceber de gajas.

Serei Party-man? Bom, não vamos começar a rir outra vez, pois não?

Não, também não sou Party-man. Fiquei exausto só de escrever tudo aquilo que o cromo faz, quanto mais fazê-lo. Quando muito, poderei ser a antítese do Party-man.

Bem, como nasceu então a lenda que eu tenho a mania que percebo de gajas? Foi, basicamente, a interpretação errada de um facto muito simples - eu tenho um monte de opiniões/teorias sobre o comportamento típico das gajas, e não tenho grandes problemas em falar sobre o assunto.

E, perguntam vocês mais uma vez, porque é que isto não é ter a mania que percebo de gajas? Porque, felizmente, tenho consciência que essas minhas opiniões/teorias podem estar erradas; ou seja, quando as lanço para o Mundo não estou a espalhar conhecimento, como um Sábio, mas sim a a atirar esparguete à parede para ver se já está cozido, como um... Atirador de Esparguete...? (Experimentem, que vão ver que não querem outra coisa; ah, evitem atirar para a parede por cima do fogão, a não ser que queiram uma aventura caseira a pescar o supra-citado de detrás do referido).

Ou seja, eu não considero que percebo de gajas; em certas alturas, o que tenho é mais frontalidade a falar dos assuntos relacionados com elas. Mais frontalidade que alguns dos gajos que conheço. E, seguramente, mais frontalidade que a maioria das gajas que conheço. É só.

Mudando de assunto (ou talvez não), há uns tempos falei de uns sites interessantes que havia encontrado, para pessoas com mentalidade de adolescente, mas com idade de adulto :) Um deles permitiu-me confirmar uma das coisas que sempre digo - o aspecto físico de uma mulher não é o mais importante para ela ser sexy. Há mulheres que não têm um aspecto físico por aí além, e que ficam, IMHO, terrivelmente sexys quando começam a falar. Sim, mesmo estando vestidas :D

É apenas mais uma das minhas opiniões.

Ah, só mais uma coisa - Paulo, tinhas razão. Uma gaja boa, que sabe que é boa, e que curte esse facto com a maior das desinibições é, realmente, um espectáculo. Mas olha que uma gaja menos boa, mas igualmente desinibida, não lhe fica nada atrás.

19 Comments:

Blogger Isabel said...

De vez em quando tens um pé entre o confidente e o confessor. Mas tipicamente o confessor está quase sempre com um pé no “és como um irmão”.
Já o party-man, a julgar pela tua definição tem que manter um bom contacto com o seu lado feminino!:D
O comentário feito nesse dia em particular acho que o foi feito à laia de “coisa que as gajas habitualmente dizem quando ouvem um disparate que gajos dizem sobre elas, generalizando e com o qual elas não se identificam minimamente”.
Não era motivo para uma dissertação sobre o assunto!:) Mas qualquer coisa que sirva de combustível é bem vinda, certo? ;)

12:03  
Blogger Llyrnion said...

> "És como um irmão"
Eek! Prémio de consolação! I'm kidding :)

Raramente nos identificamos com aquilo que ouvimos, principalmente quando o que ouvimos até nem é assim tão positivo como isso.

Sei perfeitamente que por cada defeito meu que consigo identificar e tento corrigir (geralmente, sem sucesso), devem existir muitos mais que me passam completamente despercebidos; ninguém é bom Sherlock Holmes de si próprio, e assim...

A generalização é perigosa, mas quando detectas um padrão, é inevitável. Posso estar completamente errado acerca dos motivos de determinado comportamento, mas não acerca do facto de esse comportamento ser consistentemente exibido por uma maioria considerável.

Anyway, tens razão - qualquer coisa que inflame a Inspiração "'s wonderful" :)

18:10  
Anonymous Anónimo said...

A diferença entre o "Confidente" e o "Confessor" é que um pensa que sabe mais de gajas que o outro. Acredita, nenhum percebe nada de gajas, só que um deles perde mais tempo a pensar no assunto.

20:20  
Blogger Llyrnion said...

Não sei, pessoal...

Eu ainda fico na dúvida se o Confessor não precisará realmente de perceber um pouco mais do assunto.

É que, tal como o horóscopo, se o tipo começar a acertar sempre ao lado, deixa de ser levado a sério, e é "despromovido".

Aliás, uma das formas mais seguras de sair do papel de Confessor (para o qual nem sempre temos disposição) é justamente não ter a preocupação de lhes dizer o que elas gostariam de ouvir (ou não ter a preocupação de lhes dizer da "melhor forma" o que elas precisam de ouvir). É quanto basta para que elas partam em busca de alguém mais "compreensivo".

08:15  
Anonymous Anónimo said...

Com a volatilidade das mulheres, acertas uns dias, erras noutros e por isso nunca cais em desgraça. A não ser que avances com umas teorias tão descabeladas que seja impossível acertar mesmo.
Agora se souberes baralhar e voltara dar, de preferência metendo umas tiradas enigmáticas que não querem dizer nada mas que as deixam a pensar, és promovido a Oráculo.

10:35  
Blogger Llyrnion said...

Bem, sou obrigado a admitir que é uma teoria bastante válida... mas, não sei porquê, lembra-me os vendedores da banha da cobra... ou de time-sharing :)

23:21  
Blogger Patrícia said...

Pronto, este texto conquistou-me!

És um gajo que percebe de pessoas e, como tal, vai acertando em alguns pontos no que diz respeito às gajas e aos gajos. :)

Concordo com a Isabel, o confessor é o amigo tratado como irmão, o que dá imenso jeito às mulheres ter por perto, mas, a não ser que ele seja homossexual, é péssimo para o homem em questão.

Keep up the good work! Homens de todo o mundo, procurem entender APENAS as mulheres que vos interessam (pelos mais variados motivos). Tentar compreender todas seria uma valente perda de tempo! :) E há mulheres (e homens) que não têm nada para ser compreendido... Eheheh... (que má que sou!)

12:28  
Blogger Llyrnion said...

Epa, agora vou ficar todo inchado :D

01:27  
Blogger L'enfant Terrible said...

Fonix, sou um cruzamento entre um garanhão e um party-man!

Huum, estou a pensar se renovo a tua subscrição no meu blog, LOL.

Vê a resposta no meu blog... comecei a escrever e ficou tão longa que decidi fazer um post sobre o assunto :).

19:12  
Blogger Patrícia said...

Eu conheço um gajo que se encaixa perfeitamente no perfil do garanhão. Se ele ler isto, vai ficar fulo da vida! :D

Conheceu-me no mês passado, topou logo a minha insegurança e carência afectiva (pois, eu sei que não é preciso ser-se perspicaz por aí além...) e tratou logo de me rodear de carinho e atenção, telefonemas de horas a fio, declarações de amor e afins. Esforçou-se durante uns dias, até que lá acabou por se cansar quando percebeu que não iria conseguir ir comigo para a cama... Os garanhões são gajos com uma auto-estima estrondosa, mesmo que a sua aparência, personalidade (ou atitude!!) o justifique.

22:05  
Blogger Llyrnion said...

Atenção a uma coisa... a auto-estima é essencial; falando por mim, é algo que eu tenho vindo a desenvolver.

Não pensei muito no assunto, mas à primeira vista, diria que é a única coisa de garanhão que tenho. Tornei-me um pro a "sacudir" as tampas de cima dos ombros, a aterrar de pé e seguir em frente sem criar grandes dramas por ter sido rejeitado.

Como diz uma das minha frases preferidas "Play the game like you've already won".

A única diferença é que eu não "vou a jogo" com todo o rabo de saias que vejo pela frente. Sim, sou um tipo estranho, eu sei :)

23:32  
Blogger Patrícia said...

Thank god for small mercies (outra vez, viste? :D)!!! Pela tua auto-estima (preserva-a!) e por seres selectivo. Sê feliz! :)

00:48  
Blogger homempasmado said...

Lyrnion:

A Patrícia tem razão, dá gosto ler-te!

--

Malduarte:
Se não percebes grande coisa de gajas, como sabes que a natureza delas não mudou passados 2000 anos?

Parece-me que esse é um conhecimento reservado aos “sabedores de gajas”!

--//--

Confidente
Parece-me que deve ter pelo menos duas características:
1.Saber estar calado sobre o que ouve.
2.Saber estar calado quando ouve.

Geralmente, os gajos têm dificuldade em ficar calados se uma gaja lhes vem contar os problemas. Julgam logo que é para emitir opinião, afinal, é ao que estão habituados.

Confessor
Parece-me que deve ter pelo menos três características:
1.Saber estar calado sobre o que ouve.
2.Saber quando falar.
3.Saber o que dizer.


Ora, conjugar estas três características não é fácil. Talvez o tipo não perceba de gajas, mas tem arte!
:-)

17:32  
Blogger Llyrnion said...

"Geralmente, os gajos têm dificuldade em ficar calados se uma gaja lhes vem contar os problemas. Julgam logo que é para emitir opinião, afinal, é ao que estão habituados."

Pois, infelizmente eu sofro um bocado disto. Sabes qd estás a ouvir uma história, e vem-te lg uma teoria à cabeça, e até faz td o sentido? E depois, ela diz-te q sim, já pensou nisso, mas não concorda; ou q a tua teoria não faz sentido; ou whatever :)

"Talvez o tipo não perceba de gajas, mas tem arte!"

Isso é inegável :)

22:56  
Blogger Llyrnion said...

"A Patrícia tem razão, dá gosto ler-te!"

Obrigado HP :)

No meio de tanto comentário, ia-me esquecendo disto :(

23:01  
Blogger homempasmado said...

- Olha, por vezes o que as pessoas querem é alguém que as oiça, demonstre compreensão e algum carinho! Nada de opiniões, nada de recriminações.

Sempre que consigo controlar o meu mau hábito de emitir pareceres, lembro-me de perguntar se a pessoa em questão quer a minha opinião!
:-)

22:30  
Blogger Llyrnion said...

"Olha, por vezes o que as pessoas querem é alguém que as oiça, demonstre compreensão e algum carinho! Nada de opiniões, nada de recriminações"

Tens td a razão. Mas às vezes é difícil. P.ex., se eu vir uma amiga a passar por algo q já passei, e que sei q é um processo doloroso, tenho logo tendência a dar-lhe imeeeeeeeeeeeensos conselhos sobre como lidar com a situação, esquecendo-me de duas coisas:
- Ela pode não querer lidar com a situação da mesma forma q eu;
- Tal cm eu, o mais certo é q ela tenha q percorrer td esse caminho para recuperar.

Mas não há nd a fazer. É um daquelas coisas em q um gajo entra em auto-pilot :)

11:20  
Blogger homempasmado said...

L:
Tens razão. É difícil…
:-(

--

E tb concordo contigo quanto à questão de atalhar o sofrimento. Por vezes, temos de passar pela experiência prática para poder aprender. A teoria não serve!

11:29  
Blogger Patrícia said...

Continuem a ser bons amigos dos vossos amigos (amigas incluídas) e tudo ficará bem! :)

23:14  

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