13 Músicas - Parte I
Data original: 2006-03-05
Há uns tempos, participei na formação mais ou menos espontânea de um pequeno grupo de pessoal que fala de dois assuntos - futebol e música. Aqueles que me conhecem, sabem que a minha participação no primeiro assunto é bastante limitada. A não ser que o tema se adeque ao futebol do início dos anos 80, altura em que eu era um teenager bastante interessado em bola, como, aliás, éramos quase todos :) No que diz respeito à música, aí já participo um pouco mais.
Aliás, no que respeita à música, um dos aspectos interessantes deste grupo é a sua heterogeneidade. A intersecção dos nossos gostos musicais dá um conjunto extremamente limitado; nalguns casos, se pegarmos em elementos deste grupo dois a dois, essa intersecção dará um conjunto vazio :)
E essa acaba por ser uma das mais-valia deste grupo - o permitir-me ouvir opiniões e conhecimentos de pessoal que tem gostos musicais tão diferentes do meu. Graças a isto, já descobri mais algumas bandas que vale a pena ouvir com mais atenção.
A semana passada, decidimos aceitar um desafio - cada um de nós teria que apresentar uma lista com as 10 músicas de que mais gostasse, e tentar explicar porquê. O objectivo não era converter ninguém, mas apenas dizer "Estas são as músicas, e gosto delas porque...". É claro que ficou desde logo mencionado que 10 não era um limite obrigatório (e ainda bem, porque eu apresentei 13; tendo em conta que a lista inicial tinha +/- 150, acho que não me saí muito mal :) ).
Portanto, without further ado, aqui vão elas. A primeira tinha que aparecer em primeiro lugar. Todas as outras estão por ordem alfabética, uma vez que não existe nenhuma que goste mais que outra.
1. Queen - "The Show Must Go On"
2. Counting Crows - "All My Friends"
3. Thunder - "Castles In The Sand"
4. Dougie Maclean - "Feel So Near"
5. Def Leppard - "Love Bites"
6. Triumph - "Ordinary Man"
7. Yannick Noah - "Ose"
8. Tori Amos - "Playboy Mommy"
9. Queensryche - "Someone Else?"
10. Chris de Burgh - "Spanish Train"
11. Dokken - "Walk Away"
12. Iron Maiden - "Wasted Years"
13. Rita Coolidge - "We're All Alone"
1. Queen - "The Show Must Go On"
Rezam as lendas que foi escrita pelo Brian May (apesar de nos últimos álbuns todas as músicas aparecerem como sendo da autoria dos Queen), dedicada à forma como o Freddie Mercury estava a enfrentar a doença. De todas as músicas que conheço, é a que mais me toca. Pela música. Ainda mais pela letra. Muito mais pelo feeling com que é cantada (ainda por cima por aquele que foi, IMHO, o maior showman da música moderna). E, claro, pelo atrevimento de fazer algo tão autobiográfico, que acabam por ser as características mais tocantes dos álbuns "The Miracle", "Innuendo" e "Made In Heaven"
Acima de tudo, por retratar na perfeição um exemplo de como um ser humano deveria cair - nos seus próprios termos (já não me lembro onde li que muito do material do "Made In Heaven" foi supostamente gravado já nos últimos dias de vida do Freddie Mercury; no entanto, a sua voz não perdeu aquele toque de exuberância e desafio que lhe era característico). É verdade que ele tinha meios que o comum dos mortais não tem. Mas quantos é que vemos, com tantos meios ou mais, a fazerem tristes figuras por problemas muito mais mesquinhos? Ainda por cima, sendo supostos role-models, i.e., tendo inúmeros seguidores por esse mundo fora?
É daquelas atitudes que nos apresentam repetidamente no cinema, e eu até compreendo porquê - porque raramente as vemos na vida real. Um dos exemplos que sempre me toca é o seguinte diálogo, no Lord of the Rings:
Gamling: Too few have come. We cannot defeat the armies of Mordor.
Theoden: No we cannot. But we will meet them in battle nonetheless.
Num mundo que diariamente nos apresenta exemplos lastimáveis por parte de supostos role-models, para mim é importante haver alguém para quem possamos olhar e dizer "Fez aquilo que tinha a fazer, e fê-lo com coragem e dignidade, e lutou até ao fim", e esta música ilustra tudo isso na perfeição.
2. Counting Crows - "All My Friends"
Descobri os Counting Crows em meados dos anos 90, na altura em que já tinham lançado o seu segundo álbum.
Foi muito difícil escolher uma música deles para esta lista, uma vez que existem muitas dessas músicas com as quais me identifico, até certo ponto. No entanto, não tinha a mínima dúvida que eles tinham que estar aqui presentes.
Acabaram por ser os seguintes versos que me levaram a escolher esta música:
"But everyone needs a better day
And I'm trying to find me a better way
To get from the things I do to the things I should
All you want is a beauty queen
Not a superstar, but everybody's dream machine
All you want is a place to lay your head
You go to sleep dreaming how you would
Be a different kind if you thought you could
But you come awake the way you are instead"
Quando vemos alguém que consegue descrever na perfeição a forma como nos sentimos, apercebemo-nos que, afinal, não somos os únicos inadaptados, em busca não apenas de uma identidade que nos elude constantemente e que - enquanto alvo - está em constante mutação, mas também de um ideal de companheira, que, muitas vezes, sofre de igual metamorfose.
Já diversas vezes me interroguei de onde vem esta insatisfação constante (mas, felizmente, contornável), e se é algo intrínseco, ou apenas a forma que o espírito tem de se revoltar contra as grilhetas que que lhe são colocadas pelo estilo de vida que escolhemos.
Há uns tempos, participei na formação mais ou menos espontânea de um pequeno grupo de pessoal que fala de dois assuntos - futebol e música. Aqueles que me conhecem, sabem que a minha participação no primeiro assunto é bastante limitada. A não ser que o tema se adeque ao futebol do início dos anos 80, altura em que eu era um teenager bastante interessado em bola, como, aliás, éramos quase todos :) No que diz respeito à música, aí já participo um pouco mais.
Aliás, no que respeita à música, um dos aspectos interessantes deste grupo é a sua heterogeneidade. A intersecção dos nossos gostos musicais dá um conjunto extremamente limitado; nalguns casos, se pegarmos em elementos deste grupo dois a dois, essa intersecção dará um conjunto vazio :)
E essa acaba por ser uma das mais-valia deste grupo - o permitir-me ouvir opiniões e conhecimentos de pessoal que tem gostos musicais tão diferentes do meu. Graças a isto, já descobri mais algumas bandas que vale a pena ouvir com mais atenção.
A semana passada, decidimos aceitar um desafio - cada um de nós teria que apresentar uma lista com as 10 músicas de que mais gostasse, e tentar explicar porquê. O objectivo não era converter ninguém, mas apenas dizer "Estas são as músicas, e gosto delas porque...". É claro que ficou desde logo mencionado que 10 não era um limite obrigatório (e ainda bem, porque eu apresentei 13; tendo em conta que a lista inicial tinha +/- 150, acho que não me saí muito mal :) ).
Portanto, without further ado, aqui vão elas. A primeira tinha que aparecer em primeiro lugar. Todas as outras estão por ordem alfabética, uma vez que não existe nenhuma que goste mais que outra.
1. Queen - "The Show Must Go On"
2. Counting Crows - "All My Friends"
3. Thunder - "Castles In The Sand"
4. Dougie Maclean - "Feel So Near"
5. Def Leppard - "Love Bites"
6. Triumph - "Ordinary Man"
7. Yannick Noah - "Ose"
8. Tori Amos - "Playboy Mommy"
9. Queensryche - "Someone Else?"
10. Chris de Burgh - "Spanish Train"
11. Dokken - "Walk Away"
12. Iron Maiden - "Wasted Years"
13. Rita Coolidge - "We're All Alone"
1. Queen - "The Show Must Go On"
Rezam as lendas que foi escrita pelo Brian May (apesar de nos últimos álbuns todas as músicas aparecerem como sendo da autoria dos Queen), dedicada à forma como o Freddie Mercury estava a enfrentar a doença. De todas as músicas que conheço, é a que mais me toca. Pela música. Ainda mais pela letra. Muito mais pelo feeling com que é cantada (ainda por cima por aquele que foi, IMHO, o maior showman da música moderna). E, claro, pelo atrevimento de fazer algo tão autobiográfico, que acabam por ser as características mais tocantes dos álbuns "The Miracle", "Innuendo" e "Made In Heaven"
Acima de tudo, por retratar na perfeição um exemplo de como um ser humano deveria cair - nos seus próprios termos (já não me lembro onde li que muito do material do "Made In Heaven" foi supostamente gravado já nos últimos dias de vida do Freddie Mercury; no entanto, a sua voz não perdeu aquele toque de exuberância e desafio que lhe era característico). É verdade que ele tinha meios que o comum dos mortais não tem. Mas quantos é que vemos, com tantos meios ou mais, a fazerem tristes figuras por problemas muito mais mesquinhos? Ainda por cima, sendo supostos role-models, i.e., tendo inúmeros seguidores por esse mundo fora?
É daquelas atitudes que nos apresentam repetidamente no cinema, e eu até compreendo porquê - porque raramente as vemos na vida real. Um dos exemplos que sempre me toca é o seguinte diálogo, no Lord of the Rings:
Gamling: Too few have come. We cannot defeat the armies of Mordor.
Theoden: No we cannot. But we will meet them in battle nonetheless.
Num mundo que diariamente nos apresenta exemplos lastimáveis por parte de supostos role-models, para mim é importante haver alguém para quem possamos olhar e dizer "Fez aquilo que tinha a fazer, e fê-lo com coragem e dignidade, e lutou até ao fim", e esta música ilustra tudo isso na perfeição.
2. Counting Crows - "All My Friends"
Descobri os Counting Crows em meados dos anos 90, na altura em que já tinham lançado o seu segundo álbum.
Foi muito difícil escolher uma música deles para esta lista, uma vez que existem muitas dessas músicas com as quais me identifico, até certo ponto. No entanto, não tinha a mínima dúvida que eles tinham que estar aqui presentes.
Acabaram por ser os seguintes versos que me levaram a escolher esta música:
"But everyone needs a better day
And I'm trying to find me a better way
To get from the things I do to the things I should
All you want is a beauty queen
Not a superstar, but everybody's dream machine
All you want is a place to lay your head
You go to sleep dreaming how you would
Be a different kind if you thought you could
But you come awake the way you are instead"
Quando vemos alguém que consegue descrever na perfeição a forma como nos sentimos, apercebemo-nos que, afinal, não somos os únicos inadaptados, em busca não apenas de uma identidade que nos elude constantemente e que - enquanto alvo - está em constante mutação, mas também de um ideal de companheira, que, muitas vezes, sofre de igual metamorfose.
Já diversas vezes me interroguei de onde vem esta insatisfação constante (mas, felizmente, contornável), e se é algo intrínseco, ou apenas a forma que o espírito tem de se revoltar contra as grilhetas que que lhe são colocadas pelo estilo de vida que escolhemos.
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