segunda-feira, maio 15, 2006

13 Músicas - parte IV

Bem, siga a lista...

7. Yannick Noah - "Ose"
Já há alguns anos tinha ouvido dizer que este tenista dos 80s se tinha dedicado à música, mais especificamente ao reggae. Nunca tive curiosidade em ouvir o que fazia, até que um dia, por acaso, vi o video desta música no MCM.

Aproveito para fazer um pequeno excurso - a melhor coisa que a TV Cabo alguma vez fez foi ter os canais europeus de música - o canal alemão Viva (sinto muito a falta deste canal, que me deu a conhecer algumas bandas das quais, de outra forma, nunca teria ouvido falar, como, p.ex., Xavier Naidoo ou Die Totten Hosen), e o MCM, que - felizmente - ainda se mantém.

Esta música tocou-me por dois motivos - simplicidade e optimismo:

"Presque rien
Juste un pas
Et venir plus prés
D'autres liens
D'autres voies
Au moins essayer

L'étincelle
Qu'on reçoit
D'un premier regard
L'étincelle
Vient de toi
S'envole au hasard
Et peut tout changer"

O título da música, "Ose", significa "Atreve-te", ou, como diz acima, "Pelo menos, tentar". Acaba por ser a velha máxima de Alfred Lord Tennyson - "'Tis better to have loved and lost than never to have loved at all." E, para mim, esta música representa na perfeição não só a atitude de "tentar, sempre, sem nunca desistir" (e todo o optimismo que é necessário para manter essa atitude), como também de não dramatizar os reveses da vida, e aceitar que é o acaso que controla as nossas vidas; ou, voltando mais uma vez à referência incontornável da primeira música desta lista:

"Whatever happens, I'll leave it all to chance
Another heartache, another falied romance" (Queen - "The Show Must Go On")

Parece senso comum, não é? Pois, mas o problema é a facilidade com que nos deixamos dominar por questões que, na maioria das vezes, só têm a importância que nós próprios lhes damos. E todos nós nascemos equipados com um sistema hídrico verdadeiramente assombroso, capaz de gerar tempestades em copos de água. Aliás, é este mesmo sistema que é responsável por algo que fazemos com igual frequência - meter água :)


8. Tori Amos - "Playboy Mommy"
A primeira vez que vi a Tori Amos não foi num contexto musical. Foi em 97, num programa da MTV chamado Loveline. Era um programa que respondia a chamadas e cartas com questões sobre amor e sexo. Tinha o cromo residente (que dizia uns disparates), o psicólogo residente (que dava as respostas com nexo), e o artista convidado (que era assim a modos que o joker do baralho).

A atitude dela a ajudar a responder às perguntas e a desinibição com que falava deixaram-me positivamente curioso. No dia seguinte, fui à procura de álbuns dela. Encontrei um, "Boys For Pele"; talvez o mais esquisito dela, mas adorei.

"Esquisito" não só musicalmente, mas também no que respeita às letras. Salvo algumas excepções, as letras da Tori Amos são relativamente crípticas. Mas têm uma carasterística que já me surpreendeu diversas vezes - à medida que a minha experiência de vida se vai acumulando, há significados que se vão revelando, e outros que se vão alterando. Enfim, tal como a beleza está nos olhos de quem vê, também o significado está na mente de quem interpreta.

Depois, saiu o álbum "from the choirgirl's hotel", que tem esta faixa "Playboy Mommy". É uma música fabulosa. Desde a escolha do instrumento que faz o solo de introdução, até ao ritmo da bateria, passando por uma fabulosa linha de baixo, tudo a construir um padrão onde ela tece na perfeição o seu feeling - melancolia e uma tristeza profunda. Afinal, segundo a opinião dos entendidos (e eu admito que não sou um deles), o tema desta música foi um aborto espontâneo que lhe aconteceu em 97/98.

A letra, por si só, não me desperta uma reação por aí além. Mas juntamente com a música, e com aquela voz, aquele feeling... enfim, gets me every time.