quinta-feira, maio 11, 2006

13 Músicas - parte II

Data original: 2006-05-08

Vamos, então, dar continuidade à lista...

3. Thunder - "Castles In The Sand"
Esta foi a mais difícil de escolher. Esteve vai/não vai com o "Wasted Time" dos Eagles, e ainda não vos sei dizer qual das duas me toca mais.

As razões foram, mais uma vez, alguns versos (hão-de reparar que este padrão se vai repetir mais algumas vezes):

"'Cause it terrifies me, ending up alone
And it walks beside me, the ghost of chances gone
Did I have it, did I let it go, or close the door too fast?
Is there an answer locked up in my past?
In my past

I'm sick of building castles in the sand
Seems like everybody else I know can hold it in their hands
So will it ever happen or am I doomed to walk this land
Just building castles in the sand ?

I've been crying, I've been living alone so long
I've been over and over the reasons
But I can't find the thing that's wrong
In my mind all the evidence seems to say
I wouldn't even know it if she walked right in today"

Por um lado, é um dos aspectos da eterna dúvida, quando nos vemos confrontados com uma decisão em que teremos que perder algo que é - ou que se tornou - parte de nós. É algo de que volto a falar numa outra música desta lista, uma vez que é uma daquelas coisas que me é particularmente difícil de fazer.

Depois de tomada a decisão, surge uma primeira fase de satisfação, por termos agido, por termos feito aquilo que tínhamos que fazer. Porém, invariavelmente, a dúvida lá arranja forma de se insinuar junto de nós, e de nos levar a questionar as lições que pensávamos ter aprendido.

E, para piorar, as nossas falhas no Presente levam-nos muitas vezes a tentar observar o Passado com uma minúcia exagerada, na esperança de encontrarmos algo que nos permita explicar a causa dessas mesmas falhas. Sem que nos apercebamos que, ao concentrarmo-nos no Passado (por muito relevante que este possa ser para a actual experiência), não estamos a prestar a devida atenção ao Presente. E, se a Sorte estiver distraída, isso pode ser fatal.

Por outro lado, quando olho à minha volta, vejo que existem, de facto, diversas pessoas que "can hold it in their hands" ("everybody else I know" é, por enquanto, um exagero :) ). Nos momentos de maior carência, é muito difícil fugir à pergunta "OK, afinal o que é que eu tenho de tão errado?".

Lembra-me uma cena do "Coupling", que é uma série que me conquistou por dizer, de forma brilhante, um grande conjunto de verdades a brincar - a Sally entra em pânico quando pensa que o Steve irá pedir a sua amiga Susan em casamento, porque a Susan era a sua "excuse person" - como ela disse "I'm not married, but that's OK because Susan isn't married either" :) Creio que todos nós temos as nossas "excuse persons" - pessoas que, de uma forma ou de outra, aparentam ser mais equilibradas que nós, mas que também não conseguem enfrentar os seus problemas reais (vs. enfrentarem os seus pretextos) e vencer a insatisfação que as persegue.

Por fim... por muito que eu ache que compreendo as experiências por que passei, por muito que eu ache que aprendi com essas experiências, não me consigo livrar da desconfiança que possivelmente os verdadeiros problemas estão bem à frente dos meus olhos e eu nem me consigo aperceber deles.

Uma coisa, pelo menos, aprendi - aceitar as falhas que consegui identificar como minhas (não são assim tão poucas como isso, infelizmente), e admiti-las perante a pessoa com quem falhei.


4. Dougie MacLean - "Feel So Near"
Também esta foi renhida, com o "Home Again" dos Blackmore's Night. Ambas as músicas me transmitem o mesmo feeling - paz, e a sensação de estar em casa. Qualquer uma destas músicas é a celebração perfeita do nostálgico que há em mim, e que gostaria de passar uns anos a viver numa qualquer "Casa na Pradaria". Bem, talvez mais numa "Casa Numa Aldeia Situada Numa Encosta Escarpada Daquelas Que Vemos Sempre Nos Anúncios Turísticos Da irlanda E Da Escócia" :)

Não sou grande fã de whisky, que ele afirma tornar tudo muito mais nítido. Mas posso garantir-vos que uma outra qualquer bebida igualmente desinibidora (na dose certa, claro) contribui para essa nitidez, para essa clareza de ideias, de uma forma muito simples - faz-nos esquecer um conjunto de questões que, por muito importantes que possam ser, não têm qualquer relevância para o momento que estamos a viver, o que nos permite perseguir raciocínios e tomar atitudes que, de outra forma, não nos atreveríamos a fazer.

É um pau de dois bicos, eu sei, mas não é por causa do álcool; é porque a vida é assim. Nós é que nos habituámos a culpar o álcool, porque é mais fácil do que procurar as verdadeiras causas dos problemas.

É claro que, felizmente, o álcool não é condição sine qua non para atingirmos essa clareza. Por experiência própria, posso garantir-vos que não há elação idêntica à causada pela junção de um boost de auto-confiança e optimismo.

Sim, já sei... "Então, e um orgasmo?" perguntam vocês. Hoje, vou ignorar o assunto, OK? :)

E tenho que admitir que, felizmente, por vezes também eu me sinto muito próximo do uivo do vento e do rebentamento das ondas. Principalmente, quando eles me enchem completamente os sentidos. Infelizmente, o Inverno já passou, e eu acabei por não ir muitas vezes ao Guincho. Fica para o Outono, se entretanto não tivermos todos que começar a andar de bicicleta por causa do preço da gasolina :)

Ah, um conselho. Se quiserem ver a letra, vejam aqui, pls: http://www.dougiemaclean.com/albums/lyrics.htm. A quantidade de letras erradas que eu apanhei por essa net fora é espantosa :)

Seria impossível falar de toda esta sensação de paz e estar em casa, e de álcool em moderação (pelo menos, nos últimos tempos, excepção feita ao o almoço regado com as garrafas de Cartuxa), sem deixar aqui um brinde àqueles que formam comigo o Quarteto Fantástico - o Davide (com Pepsi, claro :) ), o Jorge Santos e o Eric. A nossa, ppl! É pouco, mas c'est de bon coeur :D