terça-feira, outubro 31, 2006

Mais Novelas

Bem, para além dos maravilhosos desafios que a Vida me vai colocando, e do enorme prazer que tem sido enfrentá-los, juntemos para a mistura uma amigdalite e o facto de estar hoje de partida para Amsterdão (regresso no Domingo), e...

Sim, tenho estado ainda mais ausente daqui, o que não deixa de ser espantoso, pois pensei que fosse impossível estar mais ausente que aquilo que já estava... pelos vistos, não páro de me superar :)

Bem, pessoal... sorry. Tentarei rectificar isso. Se calhar, vou deixar de comentar tanto aqui pelos meus blogs, senão fico sem tempo para vos ler.

Enfim, hoje, deixo um texto que já tinha aqui preparado no forno. Fiquem bem, e até para a semana.

Data Original: 2006-03-08

A TVI está imparável.

Depois de "Dei-te Quase Tudo", "Ninguém Como Tu", e a novíssima "Fala-me De Amor", prepara-se já a próxima telenovela baseada numa música portuguesa de sucesso - "O Mestre da Culinária".

Aqui vai uma breve apresentação dos personagens desta secretíssima novela, com base em informação exclusiva para as revistas "Trombas" e "Lix", que se encontra publicada um pouco por toda a net.

Virgineia - É a heroína adolescente da novela, apesar de ser representada por uma actriz de 63 anos. Passa imenso tempo com Vicêncio, deixando a impressão inicial de que está apaixonada por ele. A realidade é bem diferente; Virgineia vive desde há meses um tórrido affair com Línguas, o cão de Vicêncio, que adora lamber manteiga, e... bem, é melhor não irmos por aí, porque a esta hora ainda há crianças acordadas.

Vicêncio - É o herói adolescente da novela. O actor que o represente, com 42 anos, foi considerado demasiado velho para fazer de adolescente no "Morangos com Adoçante", mas aqui, no meio de todas as outras múmias, passa perfeitamente por um chavalo radical (isto apesar de ter feito um rombo fenomenal no orçamento da novela só com a tinta para o cabelo). Tal como Virgineia, também Vicêncio guarda um segredo - a sua relação com Branca de Neve, uma das galinhas da capoeira da família. Tem imenso jeito para o futebol, e é conhecido como Vickie no clube onde joga, por ser um jogador que utiliza bem a cabeça. Os seus pais esperam ficar ricos à conta da sua carreira futebolística, tendo investido bastante para o sucesso da mesma - p. ex., fizeram-lhe uma lobotomia, o que não só lhe garante sucesso como jogador, mas também futuramente, como dirigente.

Línguas - O cão de Vicêncio vive angustiado com o receio de que o seu caso com Virgineia seja descoberto, e lhe retirem os seus privilégios, como a mantinha quente e fofa, as refeições de galinha com manteiga e os chinelos italianos, que ele tanto adora roer. Ou por outra, viveria angustiado, se ele se apercebesse disto (o seu comentário habitual sobre o assunto é quase sempre "wof"). Mas a verdade é que ele, como muitos outros cães, tem uma existência um pouco alheada da realidade, e limita-se a viver a sua vidinha.

Branca de Neve - Tem uma vida muito difícil. Os seus pais já se aperceberam que ela tem uma paixoneta por Vicêncio e que o rapaz lhe corresponde no sentimento. Defendem a virgindade da sua filha com unhas e dentes (tanto quanto é possível, para um casal de galináceos), pois sabem muito bem que quando uma galinha é comida, já não há nada a fazer.

Mestre Silva - É um ex-pescador, perito no manejo da rede, e é o personagem central da novela. Fez uma fortuna no mar alto, onde era especialista na operação de lançar a rede ao mar, designada como "Botar a rede abaixo". Anda há anos à procura de casa, mas ainda não se decidiu e, enquanto isso, tem vivido na traineira, onde passa dias inteiros ao fogão, a fazer bolos. O seu passado oculta um segredo sombrio, mas os argumentistas ainda não decidiram muito bem qual. Gosta de mulheres mais velhas, e sente uma enorme atracção por Virgineia, apesar de não saber porquê, uma vez que ela é apenas uma adolescente. Com o decorrer da novela chegaremos à conclusão que é porque se ela se sente atraída por um cão, talvez ainda haja uma hipótese para este velho lobo-do-mar encontrar a sua felicidade.

Dr. Ácula - É o vilão desta empolgante história. É um advogado que fez fortuna a chupar o sangue (em sentido figurado, claro) a tudo e todos. Dizem as más línguas que no início de carreira teve uma actividade chupista mais variada, mas há quem diga que isso é apenas inveja por parte dessas más línguas, que gostariam de ser como ele. Defende com unhas e dentes (que os tem bastante longos) que o bacalhau não quer alho, insiste sempre em tomar banho de imersão e não gosta de espelhos, alegando receio de partir um e ter sete anos de azar. É um frequentador da noite, e raramente se vê nas cenas filmadas de dia.

Igor - Ajudante do Dr. Ácula, é quem lhe faz todos os recados durante o dia, enquanto o maléfico advogado analisa casos na Cripta da família (o pobre advogado alega não ter dinheiro para um escritório, e são frequentes as cenas em que ele e o Mestre Silva se lamentam da dificuldade de encontrar um cantinho a que possam chamar seu - bem, cada um com o seu cantinho, claro; não estou a sugerir que o Mestre Silva e o Dr. Ácula são cowboys). Tem um amor secreto por Virgineia, a quem costuma deixar poemas um pouco por toda a parte, assinados com "Iogurte". Os serviços camarários já ofereceram uma recompensa para quem consiga capturar o prevaricador de inspiração láctea, que está a começar a inundar a cidade de papéis, com poemas mais parolos que os argumentos desta e de outras novelas da TVI.

Pancrácia - É a boazinha da novela. É tapada que nem o portão da Quinta das Celebridades, e é enganada por tudo e todos. Tem a mania de falar sozinha, como é normal nos personagens das novelas. Pertence ao núcleo pobre da história, e vive num T0 em parte indeterminada.

Ludovaca - É a boazona da novela, e faz imensas cenas em biquini. Infelizmente, sendo isto uma novela da TVI, não existe nem uma cena onde ela exiba o magnífico par de mamas que a Natureza lhe ofereceu. Também tem a mania de falar sozinha, e tem um olhar um pouco psicótico, o que não a preocupa, uma vez que sabe que ninguém lhe olha para os olhos. Faz parte do núcleo rico da história, e vive nas lojas de marca, onde se farta de experimentar biquinis e roupas muito pouco cuscas, i.e., prometem muito mas não revelam nada.

Santónio - É o bonzinho da novela, e está apaixonado por Pancrácia. Tal como ela, é um perfeito otário, e tenta compensar a sua idiotice com uma confiança cega nos outros, principalmente em desconhecidos que lhe querem vender terrenos em Marte. Eventualmente, Santónio e Pancrácia juntarão os trapinhos, e terão uma daquelas relações equilibradas e duradouras que só existem nas novelas, mas para já ele passa a maior parte do seu tempo a organizar todos os seus terrenos em Marte, e a decidir quais os lotes que precisa de comprar a seguir, de forma a unir os terrenos que já possui. Pertence ao núcleo pobre da história, e vivia debaixo da ponte, até correrem com ele para construir um hotel.

Pleboi - É o galã pobre da novela. É o instrutor de Kama Sutra de Ludovaca. As suas cenas juntos foram, lamentavelmente, cortadas na versão exibida na TV. No entanto, consta que serão incluídas na edição especial da versão em DVD. É um completo tarado que só pensa em sexo, o que significa que as personagens femininas da novela andam sempre atrás dele. Ele lamenta-se disso, dizendo que não dá jeito nenhum para o sexo. Aliás, foi por isso que ele dedicou uma parte da sua vida a estudar o Kama Sutra, mas ficou algo frustrado com as limitações ao prazer que são colocadas pelo facto de ter sempre as mulheres atrás de si. A sua grande obsessão é arranjar uma forma de as tirar de trás de si, e colocá-las numa outra posição - à frente, de lado, por cima, por baixo... enfim, tudo menos atrás de si.

Jack Cemfundo - É o aldrabão de serviço. Nasceu no Canadá, filho de pais portugueses (ou pelo menos é o que diz uma das suas muitas certidões de nascimento). Especializou-se em fraude financeira, e mal chegou a Portugal transformou-se logo num empresário de sucesso. Tem pretensões a ser um grande senhor do crime, mas o facto de se inspirar no Lucifer, do "Duarte & Cia", tem feito com que não o levem muito a sério (uma ameça de processo por parte da RTP pode ainda alterar este pormenor antes do arranque da novela). Vai passar a novela toda à procura do crime perfeito, que servirá para lhe lançar a carreira, mas suspeita-se que tenha tanta sorte como o Marco à procura da sua mamã (sim, isto é uma boca para os cotas; os putos chavalos vão ver uns episódios de Pokéball ou Dragonmon, ou uma dessas coisas esquisitas).

Avó Geriácia - É a anciã da novela. Só aparece em cenas inconsequentes, daquelas em que toda a gente faz um conjunto de comentários óbvios e descerebrados sobre o assunto do momento, e a senhora, só por se manter calada, parece logo infinitamente mais sábia que todos os repolhos surpreendentemente dotados de mobilidade que a rodeiam, e que não se calam nem à lei da bala. Das poucas vezes que fala, tem a tendência em começar as frases com "Eu ainda sou do tempo...", o que levou ao rumor que a idosa senhora terá sido apresentadora metereológica na infância da televisão.

Fred Rico - É o galã milionário da novela. Anda sempre com carros grandes, iates grandes, jactos grandes... há quem diga que isto é sinal que algo que o atormenta, mas ninguém conhece a real dimensão do problema. No início da novela, anda desaparecido (é o assunto do momento, sobre o qual toda a gente faz os tais comentários óbvios e descerebrados). Andava sempre rodeado de mulheres, mas um dia foi com um amigo pastar umas ovelhas para o monte e nunca mais ninguém os viu - nem a eles, nem às ovelhas, o que deixou bastante transtornado o seu dono, o proprietário da casa de alterne local; desde que as ovelhas desapareceram, o negócio caiu a pique.

Snifas - É o tóxicodependente de serviço, e só aparece de 15 em 15 episódios, acompanhado de alguns comentários óbvios e descerebrados sobre os perigos da droga. Ao que parece, pediu aumento a meio das filmagens, pelo que o seu personagem morrerá de uma overdose de pistachios.

Avôzinho - É um velhote de barbas brancas que vive numa casa abandonada. Não trabalha, não mexe uma palha, não faz ponta, mas tem sempre um aspecto impecável, uma roupita bem arraiada, e tem sempre comida e bebida. Toda a gente acha que ele é muito esquisito, mas as crianças adoram-no, e estão sempre na sua companhia, o que já suscitou o interesse da PJ. Logo nos primeiros episódios, será revelado o seu segredo - é o chefe de uma rede de putos que andam a roubar os putos que andam a pedir nos semáforos.

E pronto. Mal posso esperar que comece mais uma novela fabulosa, com um enredo original e inovador.

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

quinta-feira, outubro 26, 2006

General Idades

Durante alguns meses, fui um fiel espectador do "Elas Sobre Eles". Até cheguei a escrever para lá, e o meu mail até foi mencionado, e parcialmente lido. Foi em meados de Janeiro (14 e 15) que fui um sucesso, na SIC Mulher :)

Entretanto, deixei de ver. Aquilo começou a ficar demasiado repetitivo. Excepção feita à Ana Marques, era basicamente um programa a desancar nos homens, e pouco mais. Aliás, nesse aspecto sempre achei o "Eles Sobre Elas" mais equilibrado.

Anyway...

Num dos últimos programas que vi, apercebi-me que elas, de cada vez que diziam "Os homens isto, os homens aquilo", apressavam-se a acrescentar "Mas há excepções, claro". Até que, eventualmente, alguém disse "Não podemos estar constantemente a dizer que há excepções. Não deveria estar implícito?".

Não sei... deveria?

O cérebro humano está construído para a generalização. É assim que aprendemos. Observamos, abstraímos, classificamos. Atentem bem no segundo passo... abstrair...

O Wikipedia diz:

"Abstraction is the process of reducing the information content of a concept, typically in order to retain only information which is relevant for a particular purpose"

Ou seja, de forma a melhor apreendermos algo, removemos um conjunto de informação que consideramos irrelevante; isso permite-nos concentrar a nossa atenção apenas nas características que consideramos essenciais para a nossa análise, e eventual posterior classificação/conclusão.

Mas isto tem um efeito secundário algo aborrecido, que é quando começamos a falar de pessoas. Aqui, a coisa fia mais fino. As pessoas tendem a ficar algo agastadas quando são abstraídas. É o tipo de atitude que faz com nos lancem olhares pouco amistosos, eventual prelúdio para que nos lancem palavras pitorescas e coloridas, eventual prelúdio para que nos lancem objectos contundentes e eventualmente coloridos (apesar de este último requisito ser algo flexível).

Bem, temos um problema... se queremos falar sobre um determinado comportamento que é prevalecente num determinado universo, i.e., numa determinada classe de pessoas, vamos ter que efectuar uma abstração sobre cada elemento dessa classe, i.e., reduzir cada elemento a um conjunto de características base. No entanto, ao fazer isso, estamos a retirar a essas pessoas aquilo que as torna únicas. Pior, podemos estar a incluir num determinado conjunto pessoas que nem sequer possuem todas as ceracterísticas para fazer parte do mesmo...

Então, o que fazer?

Bem, temos a alternativa referida acima, utilizada pelas nossas amigas. P.ex.,

"Enfim, mantenho o que disse na segunda parte do post anterior - as mulheres (há excepções, claro) andam um pouco à toa (excepto as excepções, claro), a tentar perceber como deverão evoluir para o papel de destaque (há excepções, claro) que reclamam para si próprias (há excepções, claro). Contrariamente aos comentários que recebi (há excepções, claro), não acho que isto seja algo de depreciativo (há excepções, claro); é apenas humano (há excepções, claro). Este papel é tradicionalmente masculino (há excepções, claro), e tem associado um determinado comportamento (há excepções, claro), o tal "comportamento masculino" (há excepções, claro) que a mulher (há excepções, claro) parece exibir cada vez mais (há excepções, claro)"

Não é por nada, mas parece-me um tudo-nada secante. i.e., corta completamente a linha do texto. Mas poderá haver excepções, claro.

Poderemos fazer outra coisa, que seria dar uma indicação inicial de que haveriam excepções à generalização que estávamos a fazer, deixando que o leitor aplicasse o seu bom-senso para as determinar... aplicando este bom-senso geral, arrisco a afirmação de que a leitura média seria algo do género:

"Enfim (há excepções, claro), mantenho (há excepções, claro) o que disse na segunda (há excepções, claro) parte do post anterior - as mulheres andam um pouco (há excepções, claro) à toa, a tentar (há excepções, claro) perceber como deverão evoluir para o papel (há excepções, claro) de destaque que reclamam (há excepções, claro) para si próprias (há excepções, claro). Contrariamente (há excepções, claro) aos comentários (há excepções, claro) que recebi, não acho que isto seja algo (há excepções, claro) de depreciativo (há excepções, claro); é apenas (há excepções, claro) humano. Este papel (há excepções, claro) é tradicionalmente (há excepções, claro) masculino (há excepções, claro), e tem associado um (há excepções, claro) determinado comportamento (há excepções, claro), o tal "comportamento masculino" (há excepções, claro) que a mulher parece (há excepções, claro) exibir cada vez mais (há excepções, claro)"

Não perceberam? Será que têm alguma falta de bom senso? :) Bem, OK, não me parece que tenha ficado assim muito mais claro, não acham?

Bem, ocorrem-me outras alternativas idiotas... que surpresa, não é? :) Mas não me ocorre nada que consiga substituir a generalização. É um mecanismo com o qual estamos habituados a funcionar. É algo que nos é natural. É algo que não me parece saudável - ou sequer útil - contrariar. Mesmo correndo o risco de ser fulminado :)

Enfim, toda a regra tem excepção. É um facto. Mas será que convém não generalizar?

Ou podemos cagar no assunto, dizer "que se lixe" e pegar nas palavras do Imortal Freddie: "I really do feel like being evil tonight".

Your call, my darlings :)

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quinta-feira, outubro 19, 2006

Rabiscos

O post anterior, intitulado "Estudos", tem duas partes.

A primeira é um disparate pegado que me ocorreu ao ler a frase "As mulheres do século XXI estão determinadas em mostrar que são tão boas, ou melhores, do que os homens nas profissões tradicionalmente masculinas"

Comecei logo a imaginar as camionistas, as estivadoras, as trolhas... daí até às gajas a trabalhar nas obras e a lançar bocas porcas para os gajos que passam foi um pulinho. Uma vez lançado o disparate, não houve nada que o parasse.

Na segunda parte, cometi o erro de tentar falar sério, depois de uma entrada destas.

Eu cresci com o conceito da mulher enquanto arauto da mudança, enquanto elemento potenciador da evolução. Cresci com a consciencialização do papel que a mulher poderia ter no moldar de uma sociedade mais positiva. Foi um slogan que ouvi vezes sem conta, até se transformar no cliché do "Quando as mulheres mandarem em tudo, teremos um Mundo Melhor(TM), pois elas têm uma maneira de estar diferente". Muitos dos fundamentos deste "slogan" assentavam justamente nas diferenças dessa maneira de estar.

E hoje, passados quase vinte anos, estamos onde, exactamente? Como se manifestam essas diferenças? Bem,vejamos...

"A mulher do século XXI tem um comportamento cada vez mais masculino"

Reparem que não sou eu que o afirmo.

IMHO, isto não é uma coisa boa, mas maybe it's just me. Não considero que seja uma coisa boa justamente porque seria suposto a mulher trazer algo de diferente, ao assumir o seu papel de liderança. Mas se vão apenas ser c'mós gajos, então teremos apenas... mais gajos, só que "estes" serão visualmente mais estéticos.


"é sexualmente agressiva e quer satisfazer os seus desejos sem a «obrigação» da paixão ou do relacionamento"

Bem, está no seu direito, claro. Curiosamente, não deixa de ser reveladora a quantidade de pessoas - homens e mulheres - que procuram, a certa altura das suas vidas, "a «obrigação» do relacionamento", sem grande sucesso; mas longe de mim pensar que isso poderá ter alguma coisa o facto de colhermos o que semeamos.

Enfim, confesso que a libertação sexual da mulher, exemplificada no artigo pela frequência de sex-shops e shows de strip, apesar de importante e saudável, não deveria ter, IMHO, todo este papel de destaque. Mas a verdade é que o sexo acaba por ter o papel que lhe damos - neste caso, o principal... enfim, temos o Mundo que criámos, no fundo.


"A mudança de atitude em relação ao sexo levou a que a mulher se tornasse quase tão infiel como o homem"

Palavras para quê? Fiquei surpreendido quando descobri que há quem considere a menção da unhaca como algo chocante. A mim choca-me muito mais a infidelidade (seja ela masculina ou feminina), que é aqui apresentada de forma tão casual.

Esta pérola é seguida por uma das frases mais sem sentido que li até hoje. Não tenho conhecimento prático sobre infidelidade, mas isto "É infiel para melhorar a sua auto-estima, sentir-se mais bonita, mais poderosa e mais capaz de seduzir" soa-me a bullshit no mais alto grau. É um mundo muito estranho aquele que estabelece uma relação causal entre auto-estima, beleza e capacidade de sedução, e traição.

Chamem-me idiota (sim, eu sei que não precisam de convite para isso :) ), mas se alguém (homem ou mulher) quer explorar o seu lado sedutor, então que tal... não ter nenhuma relação fixa? Deve ser um conceito inovador, este que permite a alguém "melhorar a sua auto-estima, sentir-se mais bonita, mais poderosa e mais capaz de seduzir" sem ter que trair.

A parte da gestão do tempo já apresenta pontos bem mais interessantes, nomeadamente na contabilidade relativa às tarefas domésticas. Pensava que a coisa já estava mais equilibrada, mas deu para ver que estou enganado.

Enfim, mantenho o que disse na segunda parte do post anterior - as mulheres andam um pouco à toa, a tentar perceber como deverão evoluir para o papel de destaque que reclamam para si próprias. Contrariamente aos comentários que recebi, não acho que isto seja algo de depreciativo; é apenas humano. Este papel é tradicionalmente masculino, e tem associado um determinado comportamento, o tal "comportamento masculino" que a mulher parece exibir cada vez mais.

No problem with that, e more power to them. É só que eu estava à espera de algo diferente, por parte da Mulher... e não more of the same. Daí dizer que... é pena.

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quarta-feira, outubro 18, 2006

Estudos

Bem, bute então fugir à política por um bocadinho...

A notícia sobre o estudo... e o post que me inspirou...

Para começar, já me permitiu compreender melhor o estudo que referi aqui, que dizia "Metade das portuguesas estão insatisfeitas com o número de investidas dos parceiros, afirmando sofrer com a falta de libido deles, segundo dados de um estudo nacional". Então, estão à espera de quê, minhas caras? Vocês estão cada vez mais parecidas com homens, e nós não gostamos de homens... mais um mistério resolvido.

Depois, comecei a raciocinar, e pensei "Epa, mas isto é um oportunidade de ouro para os cromos". Vejam bem... passam a vida a inventar esquemas para conhecer mulheres, e agora estão na situação ideal para isso. Afinal, se a mulher deseja emular o comportamento masculino, deverá - para o efeito - escolher os melhores espécimes, i.e., a Cromada.

Portanto, a Cromada só tem é que construir Centros de Formação, e é ver as gajas a aterrarem lá que nem aviões (boas) e helicópteros (giras e boas) em dia de alerta de ataque terrorista. Mais... elas vão lá sedentas de conhecimento, abertas a novas experiências.

Já estou a imaginar os temas...

- O Escarro com Arte.
- A técnica do Arroto I - Encontrar o tom perfeito.
- A técnica do Arroto II - Melodias & Harmonias.
- A técnica do Arroto III - Orquestrações Complexas da música Pimba.
- Arroto & Traque - Sinergias e técnicas avançadas de composição.
- Infidelidade I - A desculpa esfarrapada.
- Infidelidade II - Redireccionar a culpa.
- Infidelidade III - Técnicas avançadas - Como explorar a culpa redireccionada.
- Unhaca I - Ferramenta imprescindível.
- Unhaca II - Especialização em otorrinolaringologia.
- Unhaca III - Técnicas avançadas - Limpeza oftálmica, aplicações aos três olhos.

Inicialmente, poderíamos pensar num bacharelato, mas teríamos rapidamente que caminhar para uma licenciatura.

Enfim...

Depois de todos os disparates, uma trágica realidade se me afigurou...

Coitadas. Elas bem querem mudar, e assumir um papel mais principal, sair do supporting cast... mas, que role-model é que têm? Nós!

Elas estão a comportar-se como nós, porque não sabem realmente o que fazer. Sabem, toda aquela conversa de como o Mundo seria diferente se fossem as mulheres a mandar? Guess again, sister!

Enfim, isto não é uma grande crítica. Afinal, nós fazemos (fizémos?) um trabalho miserável. Mas, pelo menos até ver, elas não parecem capazes de fazer nada diferente, quanto mais melhor.

E é pena... é realmente uma pena que assim seja.

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terça-feira, outubro 17, 2006

Como a maioria do pessoal...

... não visita os outros blogs, decidi colocar isto aqui também.

Para que toda a gente possa ter uma ideia mais exacta desta idiotice.

Achei particularmente estúpida a cena do pescoço.

Enfim, fazer o quê? Se é isto que o mundo quer, sirvam-se à vontade. Eu continuo a achar que a beleza não precisa da perfeição para nada.

Não, desta vez também não há mais nada para ver :)

Bem, aproveito isto para dizer... Hallo, princesa :)

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sábado, outubro 14, 2006

Ah, se eu mandasse nisto...

Sabia muito bem como iria equilibrar as Finanças do país. Toda a gente sabe que um país precisa de levar a cabo uma gestão racional dos seus recursos, e nós temos um recurso com um vasto potencial, mas - infelizmente - sub-aproveitado. Refiro-me aos cromos da estrada.

Bem, e como racionalizaria eu a gestão desses recursos? Aqui vai a minha receita...

1. A Brigada da Câmara
Contrariamente ao que possam pensar, não tem nada a ver com a Polícia Municipal. Seria, isso sim, um corpo especial de Polícia, equipado com câmaras de filmar, cujos elementos seriam colocados em pontos chave da cidade.

Teriam ordens para ignorar tudo o que fosse alheio à sua função de registo de infracções ao Código da Estrada, incluíndo assaltos. Bem, isto significa que teriam que ter um outro polícia para os proteger, para não serem assaltados.

Assim, a Brigada da Cãmara registaria as infracções em vídeo, que seria transmitido para uma estação central... o que nos leva ao próximo ingrediente, designado...

2. Estação Central (quem é que é imaginativo, hã, quem é???)
A Estação Central desempenharia o papel de elemento centralizador (apanhei-vos de surpresa, certo?). Todas as infracções registadas em video seriam visualizadas por uma vasta equipa especializada, composta por adolescentes, sendo que esta seria a sua principal - leia-se "única" - ATL.

Nota: Sim, estamos a falar de uma acção estruturante, multi-discplinar, envolvendo vários ministérios e inúmeras instituições. Mas tudo por uma boa causa, claro.

"Uma seca", dizem vocês? Sim, sem dúvida. "Esta vasta equipa ficaria reduzida a zero mesmo antes de isto começar", afirmam? Certamente. Se não fosse por um pequeno pormenor.

Para incentivar a excelência de desempenho, cada infracção processada daria ao adolescente um crédito num conjunto de sites à sua escolha - sites de música, jogos, porno, etc... enfim, tudo o que é necessário para um crescimento equilibrado, pois que este tem necessidade de um pouco de tudo.

Hah! Quero ver que adolescente é que seria capaz de resistir a isto!

3. Os Vampiros (um nome muito bem escolhido, digo-vos já)
Seria esta a peça central de toda a minha orquestração. Todos os dias a Estação Central emitiria uma lista com matrículas e respectivas moradas. À meia-noite, saíriam para a rua os Vampiros, uma frota de veículos cheios de bloqueadores. Visitariam cada uma das moradas da lista, bloqueando o veículo do infractor. Teriam que ter formação especializada, claro - poderia ser necessário, p. ex., abrir portas/portões de garagem.

Obviamente que seria necessária legislação a tornar num crime grave a não actualização dos dados do veículo, com penas de prisão e multas pesadas, proporcionais ao movimento dos últimos seis meses em todas as contas bancárias do infractor e familiares directos.

4. O pagamento da multa
Na manhã seguinte, o infractor, ao chegar à viatura, deparar-se-ia com a acção dos Vampiros. Após fazer um curativo ao pé, e pedir desculpa à vizinha que passeava o cão pelos palavrões que disse, não só por ver o seu carro bloqueado, mas também pelo pontapé que deu com toda a força no bloqueador de aço, o infractor ligaria para o nº de telefone indicado no bloqueador, para lhe darem o código Multibanco para o pagamento da multa.

E aqui entra mais um pormenor fabuloso deste meu plano - seria uma linha de valor acrescentado... atendida com a habitual eficiência de uma repartição de Finanças. Com uma Central de Atendimento, claro, para começar a contar desde o minuto 0 até ao minuto 25, quando o infractor seria finalmente atendido. Se contarmos com os 5 minutos que seriam necessários para limpar a boca (ele já teria começado a espumar a partir dos 15 minutos), teremos uma bela meia-hora com a caixa registadora sempre a contar.

O quê? Danos psicológicos para o pessoal do call-center? Qual call-center? A única coisa que o infractor iria ouvir seria uma gravação que lhe repetiria o código durante 10 minutos antes de desligar. O nº chamador seria cruzado com a lista de infractores, para determinar qual a multa em questão. Caso não fosse encontrada a multa, seria assumido que o infractor não tinha actualizado os dados, e isso iria significar que ele teria agora não uma multa para pagar, mas sim duas (para além da pena de prisão). Para estes, haveria uma brigada especial, cujos contornos ainda não comecei a especificar.

Bem, armado com o código, o infractor dirigir-se-ia ao Multibanco e pagaria a Multa. Nessa altura, ser-lhe-ia exibido um outro código, o Código de Confirmação.

5. Confirmação do pagamento
Nova chamada para a nossa Linha da Meia-Hora (acabou de me ocorrer este nome, e gostei), na qual teria que digitar o Código de Confirmação. Os pormenores da chamada seriam idênticos aos do passo anterior.

6. Desbloqueio da viatura
Um dos Técnicos de Desbloqueio dirigir-se-ia à morada do infractor, para proceder ao desbloquieo da viatura, mediante o pagamento do referido serviço de desbloqueio e respectiva deslocação, claro.

7. A Roleta
Para incentivar ao comportamento cuidado e cívico na estrada, no momento do desbloqueio, o infractor seria submetido a um processo electrónico de natureza aleatória, que indicaria se haveria ou não apreensão de carta. A haver, esta duraria apenas um dia, uma vez que seria contra-producente privarmos estes indivíduos de continuarem a contribuir para o Orçamento por um período prolongado.

Caso houvesse lugar à apreensão de carta, o infractor ficaria um dia sem carta, que lhe seria entregue no dia seguinte, mediante pagamento do serviço de entrega e da respectiva deslocação.

Antes que pensem que eu sou um tipo cruel, obviamente que daria ao infractor uma oportunidade de escapar a esta apreensão de carta, mediante o pagamento de um valor equivalente ao triplo do que pagaria pelo serviço de entrega (e respectiva deslocação).

E pronto, fica aqui o meu plano, que permitirá o equilíbrio das Finanças em Portugal. Aliás, mais que isso... permitirá o desequilíbrio, ao gerar um superavit sem precedentes no mundo inteiro.

Depois, com os bolsos carregados, poderia dar início ao meu plano para limpar o País. Primeiro passo - acabar com o futebol profissional, o que exportaria logo 70% dos mafiosos para o estrangeiro.

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terça-feira, outubro 10, 2006

Tapar o Sol com a peneira

Ah, o glorioso relatório do F.E.M. ...

Não posso dizer que tenha ficado surpreendido com o resultado. Fiquei surpreendido, isso sim, por alguém - finalmente - concordar comigo, no que respeita ao tradicional embate Público-Privado. Ao contrário de algumas opiniões que ouvi, não vejo este resultado como a confirmação que o sector Público é superior ao Privado. Apenas como um balde de água fria para os papagaios que durante anos andaram a repetir o mantra "O Privado é que é bom e o Público não vale nada".

Para mim, a grande virtude deste relatório é, efectivamente, ser um nivelador, demonstrar a falácia daqueles que apontam as privatizações como panaceias para todos os males, cuja aplicação irá, por si só, resolver todos os nossos problemas. Não, meus caros, a privatização significa apenas que passarão a ser outros os bolsos que se enchem, nada mais. A gestão incompetente, essa faz parte de nós, por um motivo muito simples - é o caminho mais fácil, e não tem consequências (é este segundo ponto que nos lixa e nos impede de alguma vez nos conseguirmos tornar num país a sério).

A realidade é simples, e só não vê quem não quer - Público e Privado são igualmente maus, e merecem-se um ao outro. O Público precisa do Privado para o financiar, através dos Impostos. E o Privado precisa do Público, para garantir o seu lucro. Lucro este que não é conseguido tanto à custa de trabalho, mas sim à custa de negócios espertalhões, onde "toda a gente sai a ganhar". É claro que existe um senão nesta equação - os tipos que financiam não são os mesmos que são beneficiados nestes negócios; antes pelo contrário.

Nota: Sim, eu sei, caríssimos leitores. Cada um de vós é uma excepção a esta regra. Sois todos pessoas extremamente honestas, incapazes de vos aproveitardes de qualquer vantagem indevida. Congratulo-me por esse grau de civismo e cidadania, e agora peço as vossas mais sinceras desculpas, mas tenho que me subtrair à vossa companhia, para levar a cabo a aquisição de alguns terrenos em Marte.

Enfim, isto não vai mudar nada. Iremos continuar as nossas vidinhas todos contentes, a ouvir (e a ignorar, claro) as opiniões de um conjunto de pseudo-gestores iluminados que apontam soluções para o país, quando nem sequer conseguem gerir de forma eficiente as suas empresas e institutos.

As suas soluções são sempre as mesmas - contenção/corte salarial e redução/eliminação de benefícios (selectivas, claro, o que é óptimo porque, convém não esquecer, o exemplo vem de cima). Enfim, se isto é o melhor que eles conseguem fazer, então sugiro que os substituam por arrumadores de carros. Não se perderá nada na performance, que continuará muito má e falha de imaginação, mas poderemos poupar uns valentes trocos em salários...

Bem, depois de ter passado uns diazitos em Espanha (recomendo vivamente a Galiza, sem reservas; faço tenções de lá voltar, para ver as coisas com mais calma), e ter visto como é bom estar num país onde as coisas são relativamente bem feitas e funcionam, nada melhor do que um banho de realidade, para regressar ao Planeta Terra... ou, neste caso, ao Planeta Nossa-Terra.

Sim, posts curtinhos... o tempo não abunda, infelizmente

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quarta-feira, outubro 04, 2006

Rapidinha

Hallo, ppl.

Vou partir de weekend prolongado, para terras da Galiza.

Só devo regressar à blogos-fera na próxima segunda ou terça. Desejo-vos a todos um óptimo feriado e um excelente weekend.

Deixo-vos com uma ideia fabulosa, e cuja implementação recomendo por cá. Basicamente, é feita uma verificação no aeoroporto - quem tiver multas por pagar, ou paga-as ou não embarca.

O argumento é simples, a lógica impermeável - quem tem dinheiro para viagens de avião, também o tem para pagar as suas multas.

Digo mais - apliquem a mesma coisa aos devedores ao Fisco. E de certeza que esta ideia tem mais aplicações, que me escapam de momento.

Enfim... gotta run, Divirtam-se.

Sim, há uma parte de mim que fica, para fazer companhia a quem faz greve :)

Parabéns a nós, amor.

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domingo, outubro 01, 2006

Imigração - Parte I

Data original: 2005-11-08

Um país que recebe imigrantes tem responsabilidades para com eles. Tal como um casal que decide ter filhos deve ter a responsabilidade de não ter mais do que os que consegue sustentar, também um país tem recursos finitos, e não pode pura e simplesmente escancarar a porta a todos os que quiserem entrar.

Numa primeira análise superficial, os aspectos mais importantes relacionados com esta "recepção" parecem-me ser os seguintes:

1. Económico
Diga-se o que se disser, é o aspecto mais importante de todos. O país que recebe o imigrante deve fazê-lo de forma a não só poder absorver a sua capacidade produtiva, mas também a não causar distúrbios no tecido produtivo já existente no interior das suas fronteiras.

2. Social
Apesar de todas as "poesias" que se declamam sobre a milagrosa "integração social", a verdade é que, se tudo correr bem no que respeita ao aspecto económico, não será por aqui que as coisas irão desabar. Problemas ao nível social não são, geralmente, problemas, mas apenas sintomas de problemas reais ao nível económico; aliás, isto aplica-se a toda a gente, e não apenas aos imigrantes.

3. Dar o exemplo (não soa bem, mas não me ocorre uma palavra... sugestões, anyone?)
Para além de proporcionar as condições para que o imigrante consiga subsistir condignamente, o país que o recebe deve também dar-lhe o exemplo do que deveria ser uma conduta digna de um país civilizado. E aqui começa o cancro que vai minar tudo...

O imigrante vem, p. ex., de África, de uma região onde está habituado a ver aldeias destruídas por rebeldes anti-governamentais, aldeias destruídas por forças governamentais em combates com os referidos rebeldes, aldeias destruídas por rebeldes anti-rebeldes anti-governamentais... enfim, creio que já se deram conta de qual o elemento comum nestes exemplos.

O imigrante chega, p. ex., a Portugal e pensa "OK, estou num país civilizado. Vamos lá ver como é isto". E pronto, está tudo estragado - aldrabões na política, criminosos nas autarquias, empresários que passam a vida a dizer que os outros têm que se adaptar às dificuldades dos tempos modernos enquanto vão pedindo facilidades para si próprios, tachos e empregos para amigos, e para amigos dos amigos, e para amigos dos amigos dos amigos. E um povo a condizer com todos estes belos exemplos que vêm de cima, claro. Não é de estranhar que o imigrante se adapte rapidamente.

Mas essa adaptação evidencia uma diferença importante; o portuga (aliás, o Ocidental) está habituado a entrar nestes joguinhos por causa de coisas idiotas e, em útima análise, inúteis - O plasma de 3.5 m, o iate de 100m, o carro da empresa, o lugar de garagem, a gaja de 5,000 euros à hora, etc; já o imigrante, vem habituado a fazer o mesmo ou pior por algo muito mais importante - o pão para comer (e, se for só isso, já pode dar-se por muito contente). Portanto, o imigrante vai seguir os exemplos que vê à sua volta, mas mantendo o mesmo relativismo moral que trouxe da sua terra. Não vai evoluir, não vai tentar ser uma pessoa melhor, porque olha à sua volta e não tem qualquer exemplo para o efeito.

Este aspecto, por si só, deveria servir-nos para criar vergonha. Mas preferimos utilizar a nossa criatividade para outros fins.

Pela minha parte, defendo a entrada controlada, de acordo com a capacidade de absorção do país; sou completamente contra a entrada de imigrantes como mão-de-obra temporária baratucha, para projectos faraónicos e inúteis; acho que somos demasiado generosos na atribuição da nacionalidade portuguesa; e concordo com a expulsão de quem não veio para cá para trabalhar - aliás, se pudesse corria até com os portugueses que não andam cá a fazer nada a não ser atrapalhar... mas aí teríamos um problema, porque ficava o país vazio...

No que diz respeito aos "projectos faraónicos e inúteis", sim, estou a referir-me à Santíssima Trindade da Inutilidade - o CCB, a Expo 98, e o Euro 2004. Admito que a recuperação da zona oriental da cidade foi um aspecto positivo da Expo 98 (apesar de estar agora a ser completamente destruído pelos nossos caros empreiteiros), mas continuo a dizer que não era preciso uma exposição mundial para isso.

Portanto, o país que recebe imigrantes tem a responsabilidade de gerir as entradas dos mesmos, tendo em conta os 3 aspectos acima. De uma maneira geral, todos os países da Europa têm sido umas nódoas neste domínio; entre as excepções, contam-se os países nórdicos, dos quais faz parte a Dinamarca. Sabem, a mesma Dinamarca que toda a gente acusou de xenofobia e racismo, quando declarou que entrava para a UE mas queria manter a sua política de imigração e restringir a movimentação de pessoas?

Parvalhões dos dinamarqueses! É muito melhor fazer como o resto da Europa, e receber toda a malta que nos aparecer à porta, mesmo que não tenhamos sequer um vislumbre de solução para um problema básico - uma vez cá dentro, o que vamos fazer com eles?

Bem, vivemos em capitalismo, em economias de mercado. Um dos lemas mais antigos, e mais respeitados, é "laissez faire, laissez passer", que nós (membros da Civilização Ocidental) implementámos de forma brilhante, como o "deixa andar". Portanto, pá, a malta recebe os imigrantes e... prontos! Os gajos chegam, abancam-se, e está tudo fixe.

Se bem se recordam, há algumas semanas vimos imagens dramáticas de africanos que viajaram milhares de Km para serem impedidos de entrar na Europa pelos espanhóis. O caso foi denunciado como desumano, pelas mesmas TVs que agora se apressam a denunciar a incapacidade do governo de Paris. Pois, mas então, no que ficamos? Deixamos entrar toda a gente, ou esforçamo-nos por dar condições decentes a quem entra? É que as duas é assim a modos que impossível.

Tenho um alinhamento algo esquerdista em muitos temas, mas este não é um deles. Rejeito completamente a ideia do Louçã & Cª de que temos mais é que deixar entrar quem quiser. Aliás, é curioso que, p. ex., no que toca a questões ecológicas, a expressão "crescimento sustentado" seja utilizada com tanta frequência, e depois essas mesmas pessoas não se lembrem desse conceito quando falam de imigração.

Bem, hei-de continuar, que o tema não é fácil, e eu não sou perito, sou apenas um observador, como a ONU.

Entretanto, e falando especificamente de França, ou muito me engano ou ainda um dia poderemos ouvir um discurso de agradecimento de Le Pen a estes jovens entusiastas que andam por essa Gália fora (e agora já pela Bélgica e Alemanha, também) a afastar o nocturno frio invernal incendiando a propriedade dos outros; discurso esse onde o nosso JM irá agradecer, de forma igualmente calorosa, a estes imigrantes por todos os votos que conseguiu, graças a estas suas acções ponderadas e eficazes (sim, porque vai ser assim que eles irão, certamente, resolver os seus problemas); muito possivelmente, será no mesmo discurso em que irá demonstrar a sua gratidão, anunciando as medidas para correr com todos esses imigrantes de França. Sim, vou seguir com muita curiosidade os resultados da extrema-direita nas eleições vindouras.

Portanto, pá, para todos esses jovens injustiçados, a minha saudação: Allez, les mecs! Bravo, hein? Connards!

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