Ser portuga
O post é simples... a notícia leva-nos para a incredulidade.
Para começar, uma sugestão para economizar alguns eurekos em Portugal - colocar todos os juízes no desemprego. "Será o caos!", dizem vocês "Quem tratará de julgar os processos, dar as sentenças?"
Pelo belo exemplo que aqui é dado (e por outros que vou ouvindo falar de vez em quando), creio que podemos contratar o pessoal que anda para aí a arrumar carros. Sai-nos mais barato, e o resultado não será muito diferente.
"Ah", dirão vocês, "mas será necessário dar-lhes formação de Direito". Nah!!! Para quê? Basta que lhes demos uma moeda, e temos o problema resolvido.
Não, não é dar-lhes uma moeda para arrumar o carro. É dar-lhes uma moeda para que eles a atirem ao ar, e possam dar a sua sentença.
É que casos como este levam-me a concluir que deve ser assim que muitos destes nobres e iluminados juízes tomam as suas decisões. Se é para ser arbitrário, então mais vale admitir que é "cara ou coroa", and get on with it.
Eu sou dos primeiros a defender o controlo da imigração. Não no ponto de vista de "manter os bandidos lá fora", mas com a convicção que não serve de nada fingirmos que somos muito socialistas (na verdadeira ascenção da palavra, e não naquela coisa indescritível que é o partido do mesmo nome), deixando entrar toda a gente sem termos condições para isso. Talvez uma vida de miséria cá seja melhor que uma vida de miséria lá, mas não deixa de ser uma vida de miséria.
Quanto a esta notícia... por mim, estou pronto para entregar o BI. Sei o hino, é certo (e por acaso), mas estou-me nas tintas para tudo o resto.
As figuras importantes da área da política?
Deixo aqui um e-mail que troquei com uma figura pública (traduzido para português; a nossa correspondência foi em inglês)...
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From: Lysanthir_youmustremovethisakissisjustakiss@gmail.com
To: bin_laden@cavemail.org
Sent: 2005-04-15 10:43
Subject: Aproveite agora a oportunidade
Caro Bin Laden,
Venho desta forma trazer ao seu conhecimento uma oportunidade única nos dias que se avizinham. Talvez não saiba, mas aproxima-se o 25 de Abril, que, além de ser um feriado aqui em Portugal, é o único dia em que todas as figuras públicas do nosso mundo político se encontram no Parlamento, inclusivé aqueles que lá "trabalham".
Assim sendo, seria uma boa ocasião de fazer uma afirmação política explosiva, aplicando o carácter da mesma ao supra-citado Parlamento, e, consequentemente, às referidas figuras públicas.
Deixo a ideia à sua consideração, oferecendo, desde já, os meus préstimos na elaboração de eventuais PowerPoints que sejam necessários para convencer membros menos radicais da sua organização.
Ass: Llyrnion.
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From: bin_laden@cavemail.org
To: (undisclosed-recipients)
Sent: 2005-04-17 03:32
Subject: RE: Aproveite agora a oportunidade
Caro Llyrnion/Lysanthir,
Já tinha conhecimento do vosso feriado. Aliás, gosto muito do vosso país. Sou grande apreciador da vossa gastronomia, (daquilo que me é permitido consumir, claro), e também da vossa desorganização e das vossas falhas de segurança.
Quanto ao seu pedido, sim, já me ocorreu, e confesso que o ano passado, pensei nisso, fazer uma dobradinha em Madrid e Lisboa, sendo o ataque em Lisboa justamente como o descreve. Mas depois, mudei de ideias.
Por um lado, se fizesse um atentado em Lisboa, vocês podiam começar, finalmente, a tomar medidas efectivas para apertar a segurança. Apesar de isso ser pouco provável, decidi não arriscar.
Mas, mais importante que isso, eliminar os vossos políticos seria o equivalente a ajudar-vos a resolver os vossos problemas. Ora, meu caro Llyrnion/Lysanthir, o meu objectivo é diametralmente oposto - complicar-vos a vida, e não simplificá-la.
Assim sendo, agradeço a sugestão, mas declino graciosamente.
Ah, e não me parece que você seja um "Ass" (n.t.: "asno" em inglês). Até foi uma boa tentativa :)
Despeço-me com a benção do Profeta, e rumo à vitória final, Incha'Allah,
Bin Laden
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Portanto, fica aqui a minha opinião sobre as destacadas figuras políticas do nosso burgo. E podem crer que é uma das mais suaves que tenho emitido.
Quanto ao resto - cultura, desporto, História?
Se é esta a definição que as nossas instituições têm de "ser português", então assumo-me mais rapidamente com norte-americano, inglês, francês, alemão, austríaco... do que como português.
Quando vejo decisões de juízes como os nossos, medidas tomadas por políticos como os nossos, opiniões emitidas por pseudo-empresários como os nossos, pessoal que vai para a praia porque o aborto não tem nada a ver consigo... sinto-me orgulhoso de não o ser.
Mas depois...
...quando vejo o Prof. José Hermano Saraiva a falar de História;
...quando penso na visão que teve o Marquês de Pombal;
...quando penso num político cujo nome nunca consegui voltar a encontrar (vi-o num dos programas do Prof.), um político da altura da Monarquia, que teve a temeridade de querer formar governo com pessoas de vários quadrantes políticos, porque estava mais interessado nas suas capacidades que na sua cor política (é claro que, à boa maneira lusa, não teve o apoio de ninguém);
...quando penso nos atletas portugueses que se fartam de nos trazer alegrias (muitas vezes, à sua própria custa) mas para os quais ninguém pede bandeiras à janela (sim, estou a excluir a selecção de futebol);
...quando penso nos empresários (estes, sim, merecedores de tal nome) que conseguem ter sucesso sem andar à caça do país mais miserável do momento para mudarem para lá a sua produção;
...quando vejo pessoas que investem o seu tempo em dedicação aos outros, muitas vezes sabendo que é um esforço inglório;
...quando vejo pessoas capazes de raciocinar para além daquilo que o seu partido lhes impinge
Enfim, nestes momentos, sinto uma certa pena de não ser mais português.
Infelizmente, são mais os momentos em que sinto orgulho do que pena. E noticias destas só vêm contribuir para isso.
Para começar, uma sugestão para economizar alguns eurekos em Portugal - colocar todos os juízes no desemprego. "Será o caos!", dizem vocês "Quem tratará de julgar os processos, dar as sentenças?"
Pelo belo exemplo que aqui é dado (e por outros que vou ouvindo falar de vez em quando), creio que podemos contratar o pessoal que anda para aí a arrumar carros. Sai-nos mais barato, e o resultado não será muito diferente.
"Ah", dirão vocês, "mas será necessário dar-lhes formação de Direito". Nah!!! Para quê? Basta que lhes demos uma moeda, e temos o problema resolvido.
Não, não é dar-lhes uma moeda para arrumar o carro. É dar-lhes uma moeda para que eles a atirem ao ar, e possam dar a sua sentença.
É que casos como este levam-me a concluir que deve ser assim que muitos destes nobres e iluminados juízes tomam as suas decisões. Se é para ser arbitrário, então mais vale admitir que é "cara ou coroa", and get on with it.
Eu sou dos primeiros a defender o controlo da imigração. Não no ponto de vista de "manter os bandidos lá fora", mas com a convicção que não serve de nada fingirmos que somos muito socialistas (na verdadeira ascenção da palavra, e não naquela coisa indescritível que é o partido do mesmo nome), deixando entrar toda a gente sem termos condições para isso. Talvez uma vida de miséria cá seja melhor que uma vida de miséria lá, mas não deixa de ser uma vida de miséria.
Quanto a esta notícia... por mim, estou pronto para entregar o BI. Sei o hino, é certo (e por acaso), mas estou-me nas tintas para tudo o resto.
As figuras importantes da área da política?
Deixo aqui um e-mail que troquei com uma figura pública (traduzido para português; a nossa correspondência foi em inglês)...
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From: Lysanthir_youmustremovethisakissisjustakiss@gmail.com
To: bin_laden@cavemail.org
Sent: 2005-04-15 10:43
Subject: Aproveite agora a oportunidade
Caro Bin Laden,
Venho desta forma trazer ao seu conhecimento uma oportunidade única nos dias que se avizinham. Talvez não saiba, mas aproxima-se o 25 de Abril, que, além de ser um feriado aqui em Portugal, é o único dia em que todas as figuras públicas do nosso mundo político se encontram no Parlamento, inclusivé aqueles que lá "trabalham".
Assim sendo, seria uma boa ocasião de fazer uma afirmação política explosiva, aplicando o carácter da mesma ao supra-citado Parlamento, e, consequentemente, às referidas figuras públicas.
Deixo a ideia à sua consideração, oferecendo, desde já, os meus préstimos na elaboração de eventuais PowerPoints que sejam necessários para convencer membros menos radicais da sua organização.
Ass: Llyrnion.
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From: bin_laden@cavemail.org
To: (undisclosed-recipients)
Sent: 2005-04-17 03:32
Subject: RE: Aproveite agora a oportunidade
Caro Llyrnion/Lysanthir,
Já tinha conhecimento do vosso feriado. Aliás, gosto muito do vosso país. Sou grande apreciador da vossa gastronomia, (daquilo que me é permitido consumir, claro), e também da vossa desorganização e das vossas falhas de segurança.
Quanto ao seu pedido, sim, já me ocorreu, e confesso que o ano passado, pensei nisso, fazer uma dobradinha em Madrid e Lisboa, sendo o ataque em Lisboa justamente como o descreve. Mas depois, mudei de ideias.
Por um lado, se fizesse um atentado em Lisboa, vocês podiam começar, finalmente, a tomar medidas efectivas para apertar a segurança. Apesar de isso ser pouco provável, decidi não arriscar.
Mas, mais importante que isso, eliminar os vossos políticos seria o equivalente a ajudar-vos a resolver os vossos problemas. Ora, meu caro Llyrnion/Lysanthir, o meu objectivo é diametralmente oposto - complicar-vos a vida, e não simplificá-la.
Assim sendo, agradeço a sugestão, mas declino graciosamente.
Ah, e não me parece que você seja um "Ass" (n.t.: "asno" em inglês). Até foi uma boa tentativa :)
Despeço-me com a benção do Profeta, e rumo à vitória final, Incha'Allah,
Bin Laden
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Portanto, fica aqui a minha opinião sobre as destacadas figuras políticas do nosso burgo. E podem crer que é uma das mais suaves que tenho emitido.
Quanto ao resto - cultura, desporto, História?
Se é esta a definição que as nossas instituições têm de "ser português", então assumo-me mais rapidamente com norte-americano, inglês, francês, alemão, austríaco... do que como português.
Quando vejo decisões de juízes como os nossos, medidas tomadas por políticos como os nossos, opiniões emitidas por pseudo-empresários como os nossos, pessoal que vai para a praia porque o aborto não tem nada a ver consigo... sinto-me orgulhoso de não o ser.
Mas depois...
...quando vejo o Prof. José Hermano Saraiva a falar de História;
...quando penso na visão que teve o Marquês de Pombal;
...quando penso num político cujo nome nunca consegui voltar a encontrar (vi-o num dos programas do Prof.), um político da altura da Monarquia, que teve a temeridade de querer formar governo com pessoas de vários quadrantes políticos, porque estava mais interessado nas suas capacidades que na sua cor política (é claro que, à boa maneira lusa, não teve o apoio de ninguém);
...quando penso nos atletas portugueses que se fartam de nos trazer alegrias (muitas vezes, à sua própria custa) mas para os quais ninguém pede bandeiras à janela (sim, estou a excluir a selecção de futebol);
...quando penso nos empresários (estes, sim, merecedores de tal nome) que conseguem ter sucesso sem andar à caça do país mais miserável do momento para mudarem para lá a sua produção;
...quando vejo pessoas que investem o seu tempo em dedicação aos outros, muitas vezes sabendo que é um esforço inglório;
...quando vejo pessoas capazes de raciocinar para além daquilo que o seu partido lhes impinge
Enfim, nestes momentos, sinto uma certa pena de não ser mais português.
Infelizmente, são mais os momentos em que sinto orgulho do que pena. E noticias destas só vêm contribuir para isso.
6 Comments:
Caro Paulo, eu não o diria melhor. Confesso que começa a ser cansativo ser português (e não tuga, que é o que a maioria dos "portugueses" são) e aturar as idiossincracias gritantes e absurdas deste povo no dia a dia. E eu que trabalho com advogados sei do que estou a falar.
Abraço
Vamos fazer ao Joãozinho uma simples pergunta com resposta em 3 segundos: em que ano morreu Camões?
Como bom português que ele é, a resposta deve estar na ponta da língua!
Bem, eu me confesso...
As minha atitudes são mais de portuga q de português. Não por ter uma atitude activamente portuga, mas por ter uma atitude demasiado passiva em relação ao meu civismo.
Tal como disse, "sinto uma certa pena de não ser mais português."
Mas a questão aqui nem é tanto essa. É ver indivíduos que se arvoram em guardiães da "portuguesice", definido-a com parâmetros q são, no mínimo, absurdos.
Eu não quero q os imigrantes saibam o hino, ou quem foi Camões. Não quero restringi-los com critérios arbitrários e sem significado.
Desejo que eles trabalhem, se integrem (dentro do possível), e que sejam membros activos da sociedade. E só por fazerem isso, já estão a ser mais portugueses q mt gente q para aí anda.
Tudo o resto são delírios de quem tem demasiado poder para o bom-senso que possui.
Hallo, grhiba.
Volta sempre. Apesar da insegurança dos tempos q correm, a porta está quase sempre encostada.
Nos raros dias em que está fechada, a chave está debaixo do tapete :)
Excelente.
Concordo em absolutamente tudo o que dizes.
Palavras para quê?
É que concordo a 100% e é raro nos dias que correm concordar a este grau com alguém...
Beijos
"É que concordo a 100% e é raro nos dias que correm concordar a este grau com alguém..."
Os Astros estão alinhados (para a foto, como nos Óscares)... jogaste no EuroMilhões? :)
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