quinta-feira, novembro 30, 2006

Amor... Parte II

Vou interromper o relato das aventuras holandesas por um bocadinho, para actualizar a minha definição de Amor.

Começo com uma canção de Yannick Noah, chamada "Si Tu Savais". A letra... essa, é fabulosa:

Si tu savais mon frère
Ce que je trouve là-bas chaque fois
Le rythme lent de la terre
Où les vies passent doucement pas à pas

Si tu savais mon frère
Ce qu'ensemble veut dire là-bas
Au coeur des monastères
Les dieux s'inclinent devant tant de foi

Ici nos âmes sont grises
Les gens ne se regardent pas
Nos sentiments s'enlisent
Et l'on ne voit pas ce que l'on n'a pas

Eux tu sais quand ils disent
Pas besoin de signer en bas
Chaque matin chaque brise
C'est ton coeur qui parle pour toi

Si tu savais mon frère
Comme je me retrouve quand je suis là-bas
Dans leurs chants leurs prières
Ou j'aime tant mêler ma voix

Si tu savais mon frère
Comme chaque jour est fort là-bas
Les bonheurs, les misères
Tout se partage même le moindre repas

Le pain et les chimères
La peur de l'au-delà
Juste offrir et se taire
Sans réfléchir juste comme ça

La crainte du tonnerre
La mort qui vient déjà
C'est tout leur univers
Qu'ils partagent simplement avec toi

Si tu savais
Il suffit de donner
Si tu savais
Aimer c'est partager

Si tu savais
Il suffit de donner
Si tu savais
Aimer c'est partager

Le bonheur c'est partager


A parte que sempre me fica a ecoar na cabeça é esta:

Si tu savais / Se soubesses
Il suffit de donner / Que basta dar
Si tu savais / Se soubesses
Aimer c'est partager / Amar é partilhar


Sim, amar é partilhar. Para além de confiança e cedência (ou sacrifício, ou whatever). É o partilhar de uma alma com outra pessoa, em quem depositamos a esperança de ser capaz de nos compreender, e de colocar essa compreensão acima de qualquer ensejo de nos julgar.

É partilhar o que temos de belo... e de vil... de inspirador... e de degradante... de normal... e de bizarro...

É abrir as janelas do nosso ser, aquelas que tínhamos fechadas há anos, que escondiam salas, nichos, recantos... e que já tínhamos perdido a esperança de alguma vez encontrar alguém a quem tivéssemos vontade de as mostrar.

É sermos nós próprios em todas as situações... quando estamos em dia não, admiti-lo abertamente, e não sentirmos receio por isso. É o enfrentar de problemas aparentemente insolúveis, a dois, sem saber muito bem como os vamos resolver, mas confiantes, porque alguém acompanha os nossos passos.

É dar a mesma importância a um abraço no Metro, a um toque de mãos na praia, a um orgasmo (ou à ausência de um orgasmo).

Enfim... é entregarmo-nos, sem reservas, sem segredos, pouco a pouco ou mergulhando de cabeça, pouco importa. Acima de tudo, é a entrega, a partilha total de nós próprios com a pessoa que achamos que o merece.

Continuando a falar em fancês, estive há dias a rever um filme fabuloso chamado "Jet Lag" (um grande obrigado ao Jorge, que me convidou para ver este filme, em 2003).

Fabuloso, porquê? É um hino ao "Porque não...?", um hino de uma beleza incomparável. É um filme americano feito por franceses, que decidem mostrar aos nossos vizinhos do outro lado do Atlântico como se faz um comédia romântica como deve ser.

Há muitos momentos marcantes no filme, mas o final, a sequência de cenas desde o pequeno-almoço no aeorporto, até à mensagem deixada no voice-mail... está genialmente tocante. Recomendo vivamente este filme, com interpretações fenomenais de Juliette Binoche e Jean Reno.

E o que é que uma coisa tem a ver com a outra? Bem, ocorreu-me apenas que são dois aspectos que, de repente, me entraram vida adentro, e me arrastaram num turbilhão de felicidade, no qual ainda ando meio atordoado.

Partilha e oportunidade. Aliás, oportunidades... se calhar, pela primeira vez em toda a minha vida, a esmagadora maioria das janelas está aberta, e a luz ilumina-me completamente, e expõe aquilo que sou, e é isso que entrego...

A ti, princesa. Sempre esperei por alguém como tu, e o Destino decidiu, finalmente, que já tinha esperado tempo suficiente. Amo-te! Talvez algum dia encontre as palavras que digam quanto...

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)

domingo, novembro 26, 2006

Dia 3 - I Am Sterdam (Parte II)

Após a saída do BK, metemo-nos outra vez no eléctrico, para ir ao mercado das flores, uma vez que ainda ninguém tinha visto grande coisa de tulipas. Lá fomos, com atenção à paragem onde deveríamos sair, mas - mais uma vez - as tais senhoras com vozes simpáticas deram-nos uma ajuda.

Era um mercado, idêntico ao da Ribeira, mas ao ar livre. A maioria dos stands eram perfeitamente normais, apenas um sobressaía, pela forma como estava disposto, mesmo para chamar o turista. E funcionava, porque haviam vários turistas a tirar fotografias nesse stand, apesar dos papelinhos que diziam "No photo, please". Não percebi porquê, mas tudo bem.

Foi nessa altura que vi algo que me supreendeu - uma loja chinesa. Mas uma loja genuinamente chinesa, e não uma loja dos 300 com um nome chinês, como temos cá. Ou seja, era uma loja onde se vendiam artigos tipicamente chineses, e não refugo produzido a preço da chuva. Infelizmente, acabei por não entrar, mas foi uma surpresa agradável.

Nessa altura, separámo-nos. Havia um grupo que queria ir ao Madame Tussaud. Nós (os do outro grupo) queríamos ir ao Museu da Tortura (or so we thought). Antes disso, fomos à Praça Rembrandt, onde têm um jardim com uma estátua de Rembrandt, sobranceiro a um conjunto de estátuas que representam o seu quadro "Night Watch". Recomendo. Aproveitei o caminho para espereitar mais uma ou outra sex-shop, que as havia em grande quantidade.

Para comprovar que o português está em toda a parte, fomos abordados por um turista brasileiro, e estivémos um pouco na conversa.

Seguimos daí para o Museu da Tortura. Chegados à porta... bem, queremos entrar, ou não queremos...? Quem é que quer ir ver...? Epa, é igual à exposição que houve em Lisboa. Bem, eu não vi a exposição, e a entrada até era barata, mas o tempo era pouco, e eu não estava com muita pachorra para o gastar a ver instrumentos de tortura. Já me bastam as especificações/procedimentos/documentos de projecto que tenho que ver no dia-a-dia.

Assim sendo, decidimos seguir em direcção à Igreja Nova, na esperança de a visitar. Subimos, mas a Igreja já tinha fechado. Entretanto, o nosso casal de Coimbra estava novamente reunido, e decidimos assumir os nossos papéis - nós, os homens, ficámos num cafézito super-acolhedor a beber uma imperial, e as gajas foram ver montras.

Passado algum tempo, o resto do grupo chegou ao café. Nessa altura, surgiu a questão - now what? A malta queria ir ver a casa de Anne Frank. Eu ainda tinha uma compra muito importante para fazer, para uma menina que adora cavalos... estava difícil, porque na Holanda é mais vacas.

Decidi deixar a casa de Anne Frank para outra ocasião... fui o único, e lá me lancei sozinho pelas ruas de Amsterdão. Já era noite, mas as ruas continuavam cheias. Algumas já tinham iluminações de Natal, pelo que fui andando e curtindo o espectáculo.

Fui entrando em várias lojas de souvenirs, na minha Missão Impossível. Numa delas, na avenida que vai da Igreja Nova para a Central Station, um dos empregados perguntou-me, em inglês, se precisava de alguma coisa.

Eu respondi "No, I'm just browsing", mas depois decidi aceitar a oferta, e disse "I'm sorry, you seem to have lots of stuff with cows... but I'm looking for something with horses", ao que ele respondeu que isso seria muito difícil, pois o recuerdo típico era com vacas, e depois pergunta-me "You're from Portugal, right?"... ao que eu respondi um "Yes" muito surpreendido, o que o levou a dizer "Pois... nós, os portugueses, falamos inglês todos com o mesmo sotaque".

Estivémos um pouco na conversa. Da sua ida para Amsterdão; da resistência inicial dos pais, que achavam que o seu filho ia viver para um antro de droga e prostituição; da sua mudança de opinião, quando o foram visitar pela primeira vez; de como as coisas funcionavam por lá (por oposição a não funcionarem por cá); da diferença de mentalidades.

A certa altura, falei-lhe na minha desilusão com o Red Light, e foi aí que ele me me fez ver o meu erro - eu só tinha visto uma pequena parte. Havia muito mais ruas cheias de montras para ver, e ele explicou-me por onde seguir. Além disso, disse-me também que a melhor hora para passear por lá sem grandes problemas era ao início da noite, saíndo de lá por volta das 21:30. Por essa altura, a malta começava a sair das coffee-shops, alguns já sem saber muito bem o que andavam a fazer, portanto havia potencial para mais confusão.

Bem, após a conversa, continuei a minha cruzada... basicamente, um cavalo, um cavalo, o meu reino por um cavalo... mas lá tive que me contentar com umas vaquinhas.

Depois disso, enquanto ia ter com o pessoal, ainda vi mais umas sex-shops, e uma loja de lingerie com peças muito giras. Entrei, mas deparei-me de imediato com o problema do tamanho, como devem compreender. Acabei por sair, um pouco triste por nunca conseguir encontrar lingerie que me servisse...

Sim, estava a brincar, claro! O problema do tamanho é porque a pessoa para quem a queria comprar estava em Portugal.

Entretanto, fiquei à espera do resto do grupo na Praça da Igreja Nova (não, não memorizei o nome das ruas). Quando eles chegaram, lá fomos numa nova excursão ao Red Light. Se bem me recordo, deviam ser para aí umas 19:30 - 20:00.

Servimos de guias ao resto do pessoal, e fomos até à Igreja Velha, a igreja mais antiga de Amsterdão. As montras estavam mais ou menos na mesma. Depois, seguimos na direcção que o nosso amigo português havia indicado. A primeira montra que vimos... epa, foi passar do 8 para o 80.

Foi, sem sombra de dúvida, a mulher mais fabulosa que vimos ali, naquela noite. Parecia saída de um filme da Private (para quem não sabe o que é - lamento... a sério). Fisicamente, a mulher era deslumbrante, e ofuscava toda a gente que passava por ali... até as mulheres do nosso grupo concordaram.

And yet...

Voltamos à velha história de, para mim, o físico não ser suficiente. Na condição de comprometido em que me encontro actualmente, assumi claramente que a minha visita às montras seria puramente visual. No entanto, mesmo que assim não fosse, não seria esta mulher a conquistar-me. Porquê? Nariz demasiado empinado. "Ah, e tal, mas tu és cliente, portanto ela tinha que se aguentar", disseram-me algumas pessoas com quem comentei isto, mais tarde.

Não interessa. A verdade é esta, e pude confirmá-lo, "live" - uma tipa daquelas, apesar de deslumbrante, não me desperta o desejo. Tal como escrevi uma vez, atrai-me o olhar, mas não o prende por muito tempo. Quanto a dar-me vontade de entrar, para ir ter com ela... epa, esqueçam lá isso. Como se dizia nos meus tempos de juventude, "preferia uma hora bem passada com a irmã da canhota"... não, não estou a brincar, meninos e meninas.

Bem, filosofias à parte, eram umas 5 ou 6 ruas apenas com montras. Duas delas eram tão estreitas que duas pessoas passavam com alguma dificuldade. Nalgumas das montras, viam-se mulheres cuja idade já lhes deveria recomendar outra profissão. Achei giro que numa das montras estavam 3 mulheres... ficámos a pensar se seria apenas para grupos.

Houve uma outra mulher que encheu os olhos a toda a gente... mas essa já não a vi, porque tinha acabado de arranjar negócio e sair da montra.

E a mim? Bem, há sempre uma eleita, claro, e aqui não foi excepção. E o que é que me fez decidir? A simpatia... o sorriso, o brilho nos olhos... fisicamente, não era tão deslumbrante como a primeira mulher de que falei acima, mas também era bastante atraente... também ficaria muito bem num filme da Private. Mas tinha um sorriso que originava nos lábios e reflectia no olhar... fascinante!

"Ah, aquilo é só para atrair os gajos"... sim, sem dúvida. E - surprise, surprise - funcionou. De todas as mulheres que vimos ali, seria a única que me levaria a entrar, a única que conseguiu atrair-me o olhar, convencê-lo a descansar mais um pouco nos seus olhos, para depois o algemar com tanta simpatia... e depois, para o meu olhar sair dos olhos dela? Acho que tenho um olhar com espírito de Houdini... podem não acreditar, mas só depois disto tudo é que lhe consegui olhar para o corpo.

Enfim, fabulosa! Sem desprimor para as outras, mas a vida é assim.

Bem, de resto... dado o adiantado da hora, o ambiente estava mais animado que no dia anterior, sem dúvida. Até se viam miúdos a correr de um lado para o outro, a ver as montras... das sex-shops, que são um pouco mais explícitas que as de cá. Aqui e ali, polícias de bicicleta... não havia ali sinal de insegurança, pelo menos à hora a que lá andámos.

Ainda entrámos numa sex-shop, que foi a melhor que vi lá. Espaço amplo, bem iluminado, com as coisas bem organizadas... quase parecia um pequeno super-mercado.

Foi lá que vi, pela primeira vez, uma ovelha insuflável, que estava em exposição. Tinham também um preservativo de corpo inteiro. Aliás, o bom gosto desta loja estava patente no facto de terem uma secção só com filmes da Private.

Em termos de compras, os tipos tiveram algum azar. Eu fiz uma compra, mas uma amiga minha que queria levar um fatinho, não teve a mesma sorte. Novamente o tamanho. Pelos vistos, ela é demasiado... compactazinha...

Bem, estava a chegar a hora recomendada para sair, já tínhamos - finalmente - visto um pouco do que tornava o Red Light famoso (e, sim, vale a pena visitar), e estávamos a ficar com alguma fome. Estava na altura de nos pormos a caminho.

E este post já vai comprido como tudo... mas se eu deixasse o Red Light para a parte III, acho que alguém me enforcava.

O resto fica para depois, incluíndo a visita ao Sex Museum.

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quinta-feira, novembro 23, 2006

Dia 3 - I Am Sterdam (Parte I)

Finalmente, um dia todo dedicado a Amsterdão...

O pequeno-almoço foi feito com os restos das sandochas do dia anterior. Sim, eu sei, restos não são uma alimentação saudável, mas é assim a vida. Aliás, haveria restos para o resto da viagem.

De seguida, a caminho do ferry. Deixámos os carros na tal zona residencial e lançámo-nos numa caminhada de uns 15 minutos, durante a qual ainda travámos conhecimento com um gato extremamente amigável... alguém avançou que talvez fosse uma gata com o cio, o que explicaria tanta confiança com um conjunto de estranhos... ainda por cima, turistas, a falar numa língua imperceptível, o que muito deve ter confundido o pobre animal.

Enfim, ferry connosco, e eis-nos chegados a Amsterdão. O nosso casal de Coimbra separou-se (salvo seja, meus caros, salvo seja :) ), pois nós íamos ver museus e o nosso amigo não estava com pachorra para isso, e tinha outros interesses mais virados para a tecnologia e ciência.

O dia ia ser a andar de um lado para o outro, e era preciso comprar bilhetes. Já não me lembro porquê, mas fui a caminho de uma loja de apoio ao turista, na Central Station.

Após esclarecer dúvidas, sair da loja e voltar novamente, lá comprámos uns I am sterdam cards. Durante 24 horas, tínhamos transporte à borla, bem como outras borlas e descontos. Sendo portugas, claro, tínhamos - igualmente - sorrisos de orelha a orelha. Senti-me num anúncio da Colgate.

Embarcámos num eléctrico, muito parecido com os nossos novos, and away we go. Lá perguntámos a uma passageira onde haveríamos de sair, para ir para o Museu Van Gogh. Curiosamente, ela também ficou um pouco à toa, mas afinal foi fácil.

Porquê? Os eléctricos deles têm umas senhoras, com vozes muito simpáticas, que anunciam cada paragem. Deve ser um emprego um pouco monótono, but it's a living. No entanto, para além disso, as supra-citadas senhoras têm a ajuda do motorista, que vai anunciando os pontos de interesse de cada paragem. Portanto, assim que ouvimos Van Gogh Museum, levantámo-nos e corremos para a saída... tão depressa que até parecia que estavam a oferecer mais borlas.

À entrada do museu, o primeiro choque - uma fila brutal! O museu tinha 3 entradas, sendo que duas delas iam dar às bilheteiras. A terceira era para quem já tinha comprado bilhete com antecedência... sei lá... olha, p. ex., na loja de apoio ao turista, na Central Station.

Portanto, uma pequena seca para entrar. Depois, não se podia entrar com mochilas, nem com comida, nem com garrafas de água. Felizmente, somos portugas, e lá conseguimos contrabandear um pacotito de bolachas, que muito bem souberam dali a um bocadinho.

E o museu em si? Epa, Impressionismo não é my cup of tea. Ainda por cima, o raio do museu estava cheio... quem diria, não é? Pelas filas lá fora, quem adivinharia a enchente de pessoal no museu?

O Impressionismo tem uma característica engraçada - impressiona mais à distância. Vistos de perto, parecem - basicamente - um amontoado de pinceladas. Mas, no caso do museu Van Gogh, algo de grave se passava, pois todos os quadros, quando vistos à distância, pareciam... um amontoado de nucas.

Ou seja, era impossível apreciar os quadros como deve ser, com dezenas de pessoas a tapar a vista. Enfim, fazendo o trocadilho pela última vez... não fiquei impressionado.

Saímos dali e fomos direitos ao Rijksmuseum. Também tinha uma fila considerável, mas mais maneirinha. Só havia um problema - chovia a potes. Mas, mais uma vez, vi como se fazem as coisas num país a sério. O pessoal do museu que estava a controlar a entrada tinha guarda-chuvas, que dava aos visitantes que estavam à espera para entrar e não tinham com que se abrigar da chuva.

Bem, adorei o Rijksmuseum. Sempre me senti mais virado para obras mais clássicas, e o museu tem uma colecção impressionante da época áurea holandesa - Rembrandt, Vermeer, Borch... a casa de bonecas de Petronella Oortman, do tamanho de um roupeiro... uma réplica de um navio de guerra (que me deu alguma saudade do nosso Museu da Marinha, que já não visito há anos)... enfim, fiquei fã, e recomendo vivamente.

Saídos dali, fomos almoçar. Pelo que me lembro, já estávamos perto das 16:00. Onde almoçar?

Bem, a Holanda é um país avançado. Confirmei isso pela quantidade de Burger Kings que tinham por lá. Portanto, nada melhor do que experimentar a prata da casa.

Fiquei desiludido. Para começar, o menu deles pareceu-me mais limitado que o nosso. O serviço era ainda mais caótico, o que me surpreendeu, pois sempre pensei que fosse impossível.

Por fim, a ignomínia final - não tinham cerveja!!!! Como é possível????? Mesmo ao lado da Bélgica, onde se faz da melhor cerveja que já provei (ah, six-packs de Grimbergen), e o BK não tem cerveja! Imperdoável!

Enfim, foi um almoço algo decepcionante. Os nossos BKs são melhores.

Bem, pessoal, para já, fico-me por aqui. Isto hoje saíu mais longo que o habitual (é favor evitar a piadinha fácil, pls). Depois continuo o relato deste dia 3.

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quinta-feira, novembro 16, 2006

Dia 2 - O Choque

O segundo dia começou bem. No dia anterior, enquanto procurávamos lojas de roupa, conseguimos dar com a tal zona do cais de Volendam, e decidimos visitá-la.

Lojas e restaurantes. Alguns barcos atracados, um dos quais chamou logo à atenção, um veleiro em madeira, muito bem conservado, e com imensos pormenores (p.ex., uma estatueta de um urso na proa), que nos permitiram estar a apreciá-lo por uns bons minutos, descobrindo sempre mais qualquer coisa de interesse.

Começou logo a compra dos recuerdos, claro. E, finalmente, também a compra da roupa. Aliás, a loja de roupa foi um sucesso - tinha lá um cachorrinho que era um encanto.

Tal como é habitual nestes casos, as lojas tinham todas mais ou menos as mesmas coisas. O verdadeiro truque é sempre procurar o que poderá cada loja ter de diferente. Nesse sentido, houve uma loja que me fascinou particularmente. Tinha caixas de música e pequenos brinquedos animados - carrocéis, um ringue de patinagem, um ringue de carrinhos de choque. Muito bem feitos (caros, também, com preços que oscilavam entre os 300 e os 450 euros), e muito bonitos. Tinham luzinhas idênticas às de Natal, e encaixariam perfeitamente numa decoração da época. Tinham bastantes pormenores - p.ex., uma caixa de música em forma de piano ia ao pormenor de mexer as teclas quando a música tocava.

Após a sessão de compras, que durou o resto da manhã, fomos ao supermercado comprar mantimentos e seguimos para Amsterdão, com as indicações dadas no dia anterior pelo pessoal da pizzaria. A ideia seria apanhar o ferry para a Central Station, uma travessia gratuita de 5 minutos, deixando os carros estacionados num parque perto do ferry.

Bem, chegámos ao ferry e... onde está o parque??? À nossa volta, apenas bicicletas. Carros, nem sinal. Voltámos para trás, e vimos o parque, mas era minúsculo. Decidimos seguir até uma zona residencial, onde almoçámos umas sandochas, e depois lá fomos explorar parque. Apesar de minúsculo, havia lugares... Boa!

"Então, e o choque?" perguntam vocês... veio logo de seguida.

Havia lugares porque o parque é aquilo a que se chama uma Zona Azul. "E o que é uma Zona Azul?" perguntam vocês, Haverá adeptos do Belém na Holanda? Se calhar, até há. Mas neste caso, Zona Azul significa que tempo máximo de estacionamento era de duas horas e meia.

Fica aqui o primeiro conselho - se andarem na Holanda de carro, aluguem umas bicicletas. Ou preparem-se para largar uns bons trocos nos parques de estacionamento.

Bem, o que é que fazemos, o que é que não fazemos, vamos, não vamos, deixamos os carros, não deixamos... lá decidimos tentar aproveitar ao máximo as nossas duas horas e meia. Deixámos os carros no parque, seguimos para o ferry, saímos da Central Station e...

Caos! Gente que não acabava mais! Foi aí que descobri mais uma coisa sobre mim próprio - não sou cosmopolita. A gente e a confusão não me atraem. Nesse dia, nem sequer consegui curtir muito bem os pormenores do que me rodeava, apenas as coisas que saltavam à vista - cm, p.ex., o silo de estacionamento para bicicletas.

Percorremos a avenida defronte da Central Station, até chegarmos à Praça ao pé da Igreja Nova. Pelo caminho, deu para ver que a nossa forma de passear, à portuga, em que cada qual arranca para ir ver algo sem dar cavaco a ninguém, não era uma boa ideia. Passados cinco minutos, já andávamos todos à procura uns dos outros.

Montes de lojas e restaurantes pelo caminho... o Museu do Sexo... a fronteira do Red Light, à esquerda. Um edifício enorme, que vim depois a saber que era uma loja com vários pisos, do tipo El Corte Inglês. Finalmente, a praça. Mais uma vez... o que fazemos? Para onde seguimos? Vamos ver museus?

Metemos por uma rua sem trânsito (mas com o mesmo nível de caos), com a intenção de ir ver o museu Van Gogh. Mas, depois de falarmos, achámos melhor deixar isso para o dia seguinte (com a esperança de que haveríamos de encontrar uma solução para o limite de estacionamento), e aproveitar o tempo para ver lojas.

Fiquei com os nossos amigos de Coimbra. Ainda fomos ver umas lojas de CDs/DVDs, mas não havia nada que não houvesse cá. Depois de mais umas voltas, decidimos atacar o Red Light.

A primeira coisa que vimos foram as sex-shops. Não achei nada de especial. Algumas eram bem mais pequenas que o que temos por cá. Tudo muito atravancado, muito pouco espaço para nos movimentarmos. Enfim, tirando uma ou outra excepção, não vi nada que não tivéssemos por cá. Uma pequena desilusão. Principalmente, depois da fabulosa sex-shop que tinha visto em Viena, com dois pisos, um autêntico supermercado.

Bem, e as montras? Começámos à procura, mas não estávamos com sorte. A certa altura, metemo-nos por uma e fomos dar à Igreja Velha. E foi aí que vimos as primeiras montras. E foi novamente uma desilusão.

Eu tenho consciência que sou um tipo bastante flexível no que toca à beleza feminina. Não ligo apenas à cara ou ao corpo, mas ligo a muitos outros pormenores, alguns até comportamentais, que contribuem para compor a mulher... e a tudo isso eu chamo Beleza, e tudo isso é determinante para uma mulher me atrair.

Bem, mesmo assim, vou dizê-lo - aquelas mulheres que vimos nas montras não tinham qualquer tipo de beleza. Nada. Não tinham sequer formas femininas. Eu não me importo que uma mulher seja cheia, não me importo nada com um pneuzinho, antes pelo contrário, até gosto. Mas aquilo que ali estava era um exagero. Enfim, alguém há-de gostar, ou elas não estariam ali.

Bem, começámos a olhar para o relógio, e estava a chegar a hora. Toca a sair do Red Light. Ainda corremos um risco, sem saber, quando o nosso amigo começou a tirar fotografias. Vim a saber mais tarde que é algo que no Red Light não é nada bem visto. E a nossa amiga ainda foi convidada para um show de sexo ao vivo... ficámos sem saber se era para ver ou para participar ;D

A caminho do ferry, mais umas paragens numas lojas de recuerdos... e embarque no ferry... errado.

Segundo conselho - se fizerem a travessia de ferry para a Central Station, vejam bem em que plataforma pára o vosso ferry (são três ou quatro); no regresso, apanhem o ferry na mesma plataforma. Não façam como nós, que fomos parar sabe-se lá onde, para depois voltarmos para trás, para depois apanharmos o ferry certo. Chegamos já depois da hora, mas felizmente o pessoal da EMEL lá do burgo não nos multou.

Entretanto, havia jogo do Ajax nesse dia, e estavam umas carrinhas da polícia num dos extremos do parque. Fomos lá perguntar como resolver o Problema da Zona Azul, e eles informaram-nos que se nos afastássemos daquela zona, após passar uma ponte, teríamos uma zona residencial que não era Zona Azul, ou seja, poderíamos estacionar sem limites.

Bem, armados com esta pepita de conhecimento, decidimos meter-nos a caminho. Pelo que percebi, era suposto irmos jantar a uma terra que havia sido indicada pelo tipo da pizzaria. Infelizmente, ao que parece, há uma rua em Amsterdão com o mesmo nome... adivinhem lá para onde é que o GPS nos mandou? :)

Acabámos por voltar a Volendam, onde jantámos uns deliciosos pratos de peixe e camarão... congelados :)

De seguida, hotel e caminha, que o dia seguinte iria revelar-me, entre outras coisas, que o Red Light tinha mais para oferecer do que aquilo que eu havia visto.

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terça-feira, novembro 07, 2006

O Primeiro Dia e a Idade

Bem, apenas um passagem rápida para não pensarem que morri... ou que fiquei por lá. Noutros tempos, não faltaria vontade... hoje em dia, nem pensar.

Os próximos posts vão ser um reflexo da idade. Estou habituado a fazer viagens/weekends/etc, regressar e escrever um texto sobre o assunto, de memória (havendo sempre algo que falha, claro). Nas últimas três viagens, a memória falhou-me... havia demasiadas brancas.

Bem, decidi aceitar a marcha do tempo, e desta vez fui tirando notas durante a viagem. Assim, não é que as viagens anteriores tenham sido menos interessantes ou divertidas que esta; simplesmente, a idade não perdoa, e estas cabeças já não são o que eram ;)

Bem, vamos então aos highlights da Holanda...

Dia 1 - A Chegada
Mal chegámos, deparámo-nos logo com um contratempo - uma das malas estava em parte incerta; ou não tinha saído de Lisboa, ou tinha ido parar, p.ex., a Abu Dabi.

Dirigimo-nos para o escritório da Aviapartner, a empresa que representa a TAP nestes assuntos no Aeroporto de Schiphol, e depressa verificámos que tinha havido um pequeno motim entre as malas dos portugas. Felizmente, a minha estava satisfeita com as suas condições de vida, e não seguiu as malas amotinadas no seu protesto, para a tal parte incerta.

Feita a reclamação, fomos ao balcão da Avis para levantar os carros, e arrancámos em direcção ao hotel. Apanhámos algum trânsito - o 1 de Novembro não é feriado na Holanda e passámos por um acidente. Os condutores, na sua maioria, eram mais calmos e cívicos do que por cá, mas isso não é propriamente uma novidade. Mesmo quando andávamos a dançar de faixa em faixa, sem estarmos 100% seguros do caminho a tomar, nunca ouvimos buzinadelas de protesto.

Contornámos Amsterdão, e seguimos em direcção a Volendam (imagino que deveria chamar-lhe Volendão, mas isso soa horrível), onde ficava o nosso hotel. Nessa altura, com o atraso que tínhamos sofrido por causa da mala, a fome já apertava. Fizémos o check-in, e perguntámos onde poderíamos almoçar ali por perto ("almoçar", no seu sentido mais lato, uma vez que estávamos muito próximos das 16:00). A melhor opção era Volendam, que ficava mesmo ali ao lado, com a sua zona do cais cheia de restaurantes.

Bem, não conseguimos dar com a zona do cais. Assim, após aquele famoso ritual do Epa-estou-com-tanta-fome-que-vou-entrar-no-primeiro-restaurante-que-vir, seguido daquele outro fabuloso ritual do Bem-o-que-acham-deste-não-tenho-bem-a-certeza, com a subsequente evolução para o Já-estou-farto-disto-entro-no-próximo-que-aparecer-e-mai-nada... enfim, após todas estas fabulosas celebrações herdadas dos nossos antepassados, lá nos decidimos por uma pizzaria com bom aspecto. Ficámos na dúvida se estariam a servir refeições, uma vez que estava vazia, mas tivémos sorte.

Tivémos sorte, sim... as pizzas eram óptimas e o pessoal era simpático. Até nos deram umas dicas sobre a melhor forma de ir para Amsterdão, sendo que a recomendação principal foi "Não levem os carros". Essa recomendação foi reforçada por um casal que entrou entretanto; foi um reforço especial, pois ele era português. Enfim, estamos em todo o lado, não é? :)

Após o "almoço", havia que tratar de um outro problema - o pessoal que tinha ficado sem mala precisava de roupa. Lá andámos na caça à roupa, mas deparámo-nos com um pequeno contratempo. Já estava tudo fechado. Tal como na Áustria, o pessoal ali fecha cedo, e quando fecha, fecha tudo.

Ainda deu para irmos ver o supermercado, onde tive mais uma visão das vantagens de um país civilizado - six-packs de Grimbergen :)

Um aspecto curioso - aparentemente, eles não se metem muito nas vidas uns dos outros. O pessoal jantava com as cortinas abertas. Era tudo janelas térreas, e estava tudo à mostra. Em todas as casas se via o pessoal à mesa... digo "via" da forma mais literal possível. Era rara a janela que se encontrava coberta. Outra coisa engraçada era o facto de os sacos do supermercado serem transparentes.

Acabámos por regressar ao hotel. Eu fui logo dormir (tinha dormido muito pouco na noite anterior), mas o resto do pessoal ainda aproveitou o resto da noite.

Link para ver todo o post, Sim, claro que há mais para ler :)